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sexta-feira, julho 07, 2006

Martinho Patrício na Bienal


Martinho Patrício é único paraibano convidado a participar da 27a edição da Bienal de Artes Plásticas de São Paulo


O artista plástico Martinho Patrício foi o único paraibano a ser convidado para a 27a edição da Bienal de São Paulo. O evento, considerado um dos mais concorridos do país, está previsto para acontecer no período de 7 de outubro a 17 de dezembro no parque Ibirapuera. A edição, tem como tema “Como viver junto”, este ano contou com um total de 119 artistas.

Um dos projetos que provavelmente estará na Bienal é “Brincar com Lygia, com Hélio, com Volpi e com Rubem”. Brincar com Lygia, que foi exposto pela primeira vez na torre Malakof em Recife (PE), teve como curadora Cristiana Tejo. O trabalho consiste numa instalação em que o artista expõe cinco mesas com cerca de 18 mil peças confeccionadas em papel laminado onde as pessoas podem brincar com elas.

Uma das instalações que chama atenção são os expositores com três mil múltiplos que são vendidos ao preço de R$ 1,00 cada. Fazendo com que o público pense sobre o valor que pode ter a obra de arte e se ela tem realmente valor. São trabalhos representativos de pouco mais de dez anos de atividade, nos quais o artista criou uma obra singular na arte brasileira contemporânea.

A utilização do tecido como suporte dos trabalhos se ancora em referências fortes do cotidiano do artista, desde cedo cercado por um repertório variado de formas litúrgicas e lúdicas feitas de engenho e pano. Embora esteja próximas as formas construtivas cultas, essas outras formas dos trabalhos de Martinho não são fixas ou rijas, cedendo ao sopro do vento e à proximidade do corpo humano.

Os trabalhos Martinho Patrício estabelecem diálogos com artistas reconhecidos no cenário da arte contemporânea brasileira, a exemplo da artista construtivista mineira Lygia Clark que iniciou nas artes plásticas sob orientação de Burle Marx e criou, em 1960, “Os Bichos” - estruturas móveis de placas de metal que convidam à manipulação e a obra-mole, pedaços de borracha laminada entrelaçados.

O projeto selecionado, segundo Patrício, ainda está sendo desenvolvido, pois o evento acontecerá em outubro. Os trabalhos de Martinho são o que de mais “vanguardista” existe no cenário “contemporâneo” das artes plásticas da Paraíba, termos que por sinal, o artista não gosta muito de utilizar, como também é cauteloso e detalhista nas suas explicações. “É importante que as pessoas entendam o que o artista está querendo dizer e muitas vezes quem escreve não consegue transmitir”, criticou o artista.

Na opinião da Curadora Cristiana Tejo, o procedimento proposto pelo artista alia seu interesse pela forma (até então conseguida por tecidos, fitas, fuxicos, rendas e suas cerziduras) à espontaneidade de configuração de um jogo como o de búzios. Para quem quiser dar uma conferida no trabalho do artista pode acessar o seu web site através do endereço eletrônico www.martinhopatricio.com.br.

Sobre o artista

Martinho Patrício é natural de João Pessoa, onde ainda vive e trabalha. Graduado em Educação Artística na Universidade Federal da Paraíba, em1999. Entre as exposições individuais constam: Solo exhibitions (2005), Brincar com Lygia (2002). Expôs no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife, que teve como curador Moacir dos Anjos, no Espaço Cultural Casa da Ribeira, Natal (2002), Espaço Cultural Sérgio Porto, Rio de Janeiro, Centro Cultural de São Francisco, João Pessoa, que teve como curadora Valquíria Farias, (1999), Centro Cultural de São Francisco, João Pessoa, Galeria Vicente do Rego Monteiro. Fundação Joaquim Nabuco, Recife (1997), Núcleo de Arte Contemporânea (UFPB), Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, Olinda (1991), Pinacoteca da UFPB, João Pessoa.

Entre as exposições coletivas constam sua participação no Group exhibitions (2005), Homo Ludens: do faz de conta à vertigem. Instituto Itaú Cultural, São Paulo, que teve como curadora Denise Mattar, Nordeste: fronteiras, fluxos e personas. Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza (2004), Narrativas: desenho contemporâneo brasileiro. Centro Cultural de São Francisco, João Pessoa, Coleção Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães: doações 2001-2004. Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife, Galeria Mariana Moura, Recife. Para ver de(s)perto. Galeria da Faculdade de Artes Visuais, Goiânia. Heterodoxia. Galeria Archidy Picado. Fundação Espaço Cultural, João Pessoa (2003). Ordenação e vertigem. Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo.

Coletiva. Dumaresq Galeria de Arte, Recife (2002), Pupilas Dilatadas. Galeria Massangana. Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Rumos da Nova Arte Contemporânea Brasileira. Paço das Artes. Belo Horizonte, que teve como curador Fernando Cocchiarale.

Participou ainda da II Bienal Internacional de Buenos Aires. Museu de Bellas Artes, Argentina. Faxinal das Artes . Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba. Caminhos do Contemporâneo: 1952-2002. Paço Imperial, Rio de Janeiro. O Presente e a Presença: coleções. Museu de Arte Contemporânea de Goiás. Onde o Tempo se Bifurca. Centro Cultural de São Francisco, João Pessoa. Entre o Eu e o Mundo... Centro Cultural de São Francisco, João Pessoa. Fez parte do Projeto Nordestes. SESC Pompéia, São Paulo. Entre o Eu e o Mundo... Museu de Arte Contemporânea, Goiás.

Arte Contemporânea da Paraíba. Museu de Arte Assis Chateaubriand, Campina Grande. Quatro vezes. Galeria Archidy Picado. Fundação Espaço Cultural, João Pessoa. Galeria Funjope. Fundação Cultural de João Pessoa, João Pessoa. No ano de 1998 expôs seus trabalhos na Geração 90. Galeria Casa Triângulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo. V Salão MAM. Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador. Arte Contemporânea da Gravura. Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, Curitiba. Antarctica Artes com a Folha. Pavilhão Pe. Manoel da Nóbrega, São Paulo.

A Bienal

A 27ª Bienal de São Paulo iniciou suas atividades em janeiro. Pela primeira vez, foram abolidas as representações nacionais. O título da mostra, “Como Viver Junto”, inspirado em seminários de Roland Barthes no Collège de France realizados em 1976-77 propõe uma reflexão acerca da construção de espaços partilhados. Coexistência e convivência, ritmos de produção e práticas cooperativas são questões que integram a tentativa de chegar a um sentido ético do Viver-Junto. A 27ª Bienal está conceitualmente situada na interseção de duas linhas de pensamento que Hélio Oiticica (1937-1980) desenvolveu: o sentido de "construção", que está na base da experimentação neoconcreta, e o "adeus à estética". Na mostra, essas duas linhas se traduzem em "Projetos Construtivos" e "Programas para a Vida".

Adriana Crisanto