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sábado, julho 26, 2008

Vaqueiro Voador

Será nesta quinta-feira (31), às 20h30, na sala 4 do Cine Multiplex do Shopping, em Manaíra, a pré-estréia do filme Romance do Vaqueiro Voador do cineasta paraibano Manfredo Caldas.

O documentário é baseado no poema de cordel homônimo de João Bosco Bezerra Bonfim. No papel principal está o ator Luiz Carlos Vasconcelos que recita os poemas de João Bosco em que é construída a história do filme. O Romance do Vaqueiro Voador, assim como no cordel, narra história de um nordestino que vai para Brasília na época da construção da cidade e despenca de despenca do alto de um andaime de um prédio em construção.

O filme constrói uma teia narrativa em que todos os interlocutores do documentário são ao mesmo tempo indivíduos singulares e coletivos, vaqueiros voadores. O documentário ao mesmo tempo em que é lúdico é trágico e picaresco como na literatura de cordel. A crítica cinematográfica tem falado bem da obra de Manfredo Caldas. O filme teve como cenário a barbearia do cabeleireiro de periferia, localizado nas cidades-satélites, justamente para recompor e atualizar a saga do migrante nordestino seduzido pela nova Capital.

Na opinião do cineasta também paraibano Wladimir de Carvalho nunca Manfredo foi tão obsessivo no encalço de sua expressão. “Diferente do seu primeiro filme de longa duração, Uma Questão de Terra, como de seus curtas (Feira, Boi de Reis e Cinema Paraibano – Vinte Anos ), O Vaqueiro Voador está longe de ser um registro puramente documental, radicalmente fiel à tradição do gênero que procurava no real a sua razão de ser e quando, mais do que tudo, era ao chamado conteúdo que se dava mais atenção. No caso em tela, não. É a busca obstinada de um modo particular de “dizer”, de expressar-se na língua do cinema que importa”, comentou.

O filme recebeu logo de cara o Prêmio Signis de melhor documentário no 20º Rencontres Cinemas D’Amerique Latine de Toulouse na França este ano. Assumem o roteiro Manfredo Caldas e Sergio Moricone, fotografia de Waldir de Pina, montagem de Ricardo Miranda, música de Marcus Vinicius, direção de Manfredo Caldas e direção executiva de Márcio Curi.

O Romance do Vaqueiro Voador será exibido em sessão especial também em Campina Grande no dia 2 de agosto, às 10h00, no Cine Multiplex Shopping Iguatemi. Nas duas sessões estão previstos a presença da equipe e elenco. Maiores detalhes sobre o filme pode ser encontrado também no site www.vaqueirovoador.com.br

Serviço:
Romance do Vaqueiro Voador
Quinta-feira (31)
Hora: 20h30
Local: Sala 4 do Cine Multiplex do Shopping, em Manaíra

Ficha técnica:

Roteiro: Manfredo Caldas e Sergio Moricone
Fotografia: Waldir de Pina
Montagem: Ricardo Miranda
Som Direto: Chico Borôro
Música: Marcus Vinícius
Produção Executiva: Marcio Curi
Direção: Manfredo Caldas
Produção: Folkino Produções Audiovisuais Ltda.


Adriana Crisanto
Repórter
adriana@jornalonorte.com.br
adrianacrisanto@gmail.com
Fotos: Divulgação.

Museu Oi Futuro - A história do mundo contada através do telefone


Quem considera o museu como um lugar coisas velhas ou um local qualquer criado para conservar, estudar, valorizar pelos mais diversos modos, e, sobretudo expor para deleite e educação do público, coleções de interesse artístico, histórico e técnico não pode deixa de visitar novo Museu das Telecomunicações para mudar sua forma de ver o mundo.

O museu foi recriado pela empresa de telefonia Oi e está localizado no coração da praia do Flamengo, em um prédio construído em 1918 para sediar a Estação Beira-Mar da antiga Companhia Telefônica Brasileira, que, em 1981, passou abrigar o Museu do Telephone - um centro de preservação e resgate da história da telefonia no Brasil.

Com serviços convergentes e integrados com as novas tecnologias da Comunicação o local passou a ser chamado Museu Oi Futuro e foi concebido como espaço de células que se dirigem ao mesmo ponto. Tudo isso aliado à arte, tecnologia, conhecimento e cidadania. Visitar o local é programa turístico para quem vai visitar a cidade do Rio do Janeiro. O espaço é aberto para shows, peças de teatro e exposição de arte.

O Museu Oi Futuro foi projetado pela Oficina de Arquitetos e está sintonizado com o que há de mais contemporâneo. Foi inaugurado no dia 30 de janeiro de 2007, com lançamento de um conceito revolucionário de exposição: o do hipertexto. Ao mesmo tempo em que o visitante fica por dentro da história das comunicações interage e tem experiências sensoriais. No espaço pode-se encontrar biblioteca, galerias de arte, teatro, cyber restaurante. A arte contemporânea se funde com novas linguagens tecnológicas.

São objetos históricos e cerca de 120 vídeos produzidos em parceria com instituições nacionais e internacionais. A história de como começou a funcionar o telefone, cabines com cenários de confidências, história das moedas, fichas, cartões telefônicos, biotecnologia, história da televisão e do rádio.

Logo na entrada o visitante recebe um aparelhinho portátil, parecido com uma pick up (de fabricação sueca) que lhe permite interagir com as instalações acionar vídeos e ouvir os textos narrados por atores conhecidos, a exemplo de Miguel Falabella, Marisa Orth, Zezé Polessa e Renata Sorrah. Ao entrar é Maria Bethânia quem dá as boas-vindas cantando "Oração ao Tempo", de Caetano Veloso.

Um dos espaços do museu que chama atenção são os Profetas do Futuro, ou seja, aqueles homens do passado que foram os visionários nas artes, na ciência do pensamento e nas atitudes. Outro espaço marcante do museu Oi Futuro são as Vozes da História, com vídeos falando sobre os heróis que mobilizaram a humanidade com seus pensamentos e suas palavras, a exemplo de Thomas Edison, Freud, Nietzsche, Proust, Paulo Freire, Simone de Beauvoir, Sartre, Jesus Cristo e outros.

Em outra parte do Museu uma gigantesca Linha do Tempo, onde o visitante pode selecionar uma época movendo um grande dial, e ouvir sobre cada etapa da história das telecomunicações ou sobre os fatos que marcaram aquele ano.

Há muito que se vê no espaço e você é capaz de ficar horas sem sentir que o tempo está contado sua história também fora dele. A lista telefônica é outra atração multimídia que chama atenção de quem visita o museu. Com apenas um toque na tela o visitante pode ter acesso ao endereço e telefone onde residiu Rui Barbosa, Machado de Assis, Clarice Lispector, Tom Jobim, Elis Regina e outros.

Ives Machado

Entre os vários pontos de tangência o que se vê não são objetos de arte valiosos, o valor é histórico e tudo sem perder autenticidade e ao alcance do povo. A obra de arte neste caso é não é feita apenas de matéria e, do mesmo modo que o artista não cria para si mesmo, como é o caso da exposição de Ives Machado um pioneiro do vídeo arte no Brasil.

A mostra reúne, além de material inédito do artista, vídeos produzidos por ele na década de 1970 e restaurados nos Estados Unidos especialmente para exposição. Os vídeos são instalações desenvolvidas especialmente para o Oi Futuro.

“De 74 a 76, eu produzi muito material. Mas comecei a me assustar com os rumos que os vídeos estavam tomando e com as possibilidades tecnológicas que fugiam de o que eu pretendia com os filmes. Eu também já tinha um trabalho como escultor e acabei indo para esse lado. Comecei a expor no exterior e minha carreira de videoartista parou por aí”, diz o artista no encarte da mostra.

“Apertando Silvana” é uma das vídeo-instalações de Ives Machado, uma espécie de protesto contra a violência e tortura de mulheres. Silvana é uma mulher aparentemente sofrida que está sendo submetida a apertões de alicate, de tijolos e todas as ferramentas de pedreiro que se possa imaginar. A todo o momento escutam-se gritos de Silvana que ecoam no espaço do museu.

A loucura é também objeto de arte para Ives Machado, a exemplo das imagens da obra “Paranóia” são projetadas no banheiro do Oi Futuro. Nela, o artista “observa” as pessoas enquanto utilizam o banheiro.

Uma das obras que chama atenção na Mostra Encontro/Desencontros é ”Perseguição”. No exterior do elevador, um projetor exibe imagens de uma perseguição realizada por quatro homens atrás de uma mulher, representada pela atriz Karla Dalvi. O filme exibido de forma vertical em preto e branco foi gravado no Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro. A obra se apresenta em flashes e o ritmo lento do início vai aumentando até demonstrar a agressividade e velocidade características de uma perseguição.

Sobre o artista - Ivens Machado é um artista consagrado na história da arte brasileira. É autor de uma obra singular, possui vasto currículo nacional e internacional. Participou de várias versões da Bienal de Paris, da Bienal de São Paulo, e mais recentemente da Bienal do Mercosul, além de mostras individuais e coletivas em diversos países do mundo.

Sua obra desperta grande interesse de galerias, museus, curadores e estudiosos desde seu surgimento, constituindo material permanente de reflexão. Exímio desenhista e escultor, Ivens se destaca no cenário artístico pela imaginação altamente fantasiosa com que depura e transforma o mundo orgânico da natureza e as construções da cultura.

Adriana Crisanto
Repórter
adriana@jornalonorte.com.br
adrianacrisanto@gmail.com
Fotos: Divulgação - Assessoria de Impresa - Márcio Batista
**Obs: A repórter viajou a convite da empresa "Oi"

Homenagem a Vanildo Brito

A poesia e filosofia paraibana estão de luto. Faleceu em João Pessoa no dia 22 de julho o escritor Vanildo Brito. Ele tinha 71 anos de idade e teve falência múltipla dos órgãos. O escritor deixou cinco filhos e sua fiel companheira de todos os tempos, Inalda. O corpo do poeta foi sepultado por volta das 16h00 no Cemitério Senhor do Boa Sentença.

Quando ainda trabalhava no suplemento Estante do antigo Jornal A União tive a oportunidade de entrevistar Vanildo e conhecer os poetas da sua geração. A entrevista aconteceu no seu apartamento em Tambaú. Foram horas de bate papo sobre todas as questões. Publico aqui novamente a entrevista na integra que para mim foi uma das mais marcantes da minha carreira enquanto repórter de cultura.

Abertura
O poeta Vanildo Brito saiu do município de Monteiro, nos Cariris Velhos, com apenas dois anos de idade. A cidade fica a poucos quilômetros da Capital, João Pessoa. Mas, sempre levou consigo as lembranças do clima fino e puro da Serra da Borborema. Ele começou a escrever poesias em 1955. Publicou os primeiros poemas em 1956 nos jornais literários de João Pessoa e Recife. Vanildo Brito é criador do primeiro movimento literário, intitulado de Geração 59, que resultou na publicação de uma antologia com a participação de vários poetas brasileiros.

Professor de Filosofia aposentado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) ele passa os dias lendo e traduzindo, com muita dificuldade devido a sua saúde, a obra De Rerum Natura, uma interpretação do poeta latino Lucrécio, com várias notas elucidativas. No período áureo da literatura paraibana se tornou amigo do escritor pernambucano Mauro Motta, Carlos Pena Filho, Ascendino Leite, dentre outros. Ele é casado com Inalda Brito, sua musa inspiradora, com quem vive a 34 anos uma linda história de amor, que resultou no nascimento de cinco filhos e uma neta, sendo uma do seu primeiro casamento de apenas um ano.

Vanildo Brito dirigiu o suplemento literário A União nas Letras e nas Artes, no período de agosto de 1959 a maio de 1960. Na vida literária organizou e publicou a obra A Construção dos Mitos, republicado em 1982 com alguns acréscimos. Editou em 1985 o livro Memorial Poético, no ano seguinte publicou um livro duplo Sinal das Horas e Cantigas de Amor para Inalda. Passou cerca de 11 anos para lançar o livro A Sagração do Emblema e o Livro das Paisagens (1998).

Com uma grandeza de espírito e os olhos ainda apaixonados pela poesia ele escreveu Memorial Poético 1958/1985 (Secretaria da Cultura, Esportes e Turismo de João Pessoa, 1985), em que metrifica perfeitamente sua visão sobre o exílio e metamorfoseia, no poema Metamorfhoseon, uma fábula que se desfaz e volta sobre o mar ensangüentado e embriagado entre as luzes das estrelas. “A fábula desfeita se refaz no encontro das memórias redivivas; volta o verde das chuvas, volta o aroma vegetal das espigas. Por sobre o mar a lua ensangüentada aderna lenta como nave bêbeda” (...) diz um trecho do poema.

Nos poemas Canção dos Astronautas, Geocosmos e Soneto Lunar, neste mesmo memorial de poesias, ele fala da ida do homem a lua, do universo e suas cavidades formadas por faces de múltiplas verdades. Na Canção dos Astronautas ele divide o poema em duas partes, em que ele fala de um mar antigo, infinito, profundo e ao mesmo tempo familiar que navegamos.

A Construção dos Mitos foi uma de suas maiores obras. Nela Vanildo Brito compõe versos clássicos na sua composição e no seu ritmo, sem se desligar do modernismo que disciplina sua formação lírica. “O meu eterno amor aos labirintos fez mim um noctâmbulo perdido, onde foi que eu deixei as minhas mãos e em que estrelas ficaram meus ouvidos?”, pergunta ele em um dos trechos. O amor a terra é também explicito pelo autor no Canto de Terra e em Ode ao Cabo Branco, este último poema dividido em três partes, em fala do mistério e magia natural que envolve o lugar feito de areias mansas, os corpos, o mistério do sexo, pedaços de mar e da solidão que se mistura ao lugar.

No livro duplo Sinal das Horas e Cantigas de Amor para Inalda (Edições 200 Livraria, João Pessoa, 1987), Vanildo Brito mergulha de corpo e alma nas profundezas de seu amor lírico. A obra contém ilustrações de Hermano José, prefaciado por sua grande amiga Ângela Bezerra de Castro, com considerações na contra-capa do professor e literato Hildeberto Barbosa Filho.

Trilhando os caminhos difíceis dos grandes poetas ele reflete toda a sua maturidade poética e estética no livro A Sagração do Emblema/O Livro das Paisagens (Editora Universitária, UFPB, João Pessoa, 1998). Nesta obra ele edita em seus 51 poemas, sendo 36 deles roteiros filosóficos mostrados por uma visão caracteristicamente Nietzschiana, na Sagração do Emblema. O livro é prefaciado pelo professor de literatura e comunicação social Hildeberto Barbosa que comenta sobre O Convalescente, do Assim Falava Zaratrusta, em que Nietzsche propõe a teoria do eterno retorno, em que assinalava: “Tudo vai, tudo torna, a roda da existência gira eternamente. Tudo morre, tudo torna a florescer, correm eternamente as estações da existência”.

Ainda na Sagração do Emblema Vanildo Brito fala visão distorcida com que o herói das histórias em quadrinhos Super-Homem foi criado. Na concepção do poeta a idéia do Super-Homem foi mal compreendida e interpretada, por vezes o homem munido de todos os poderes e protetor dos fracos deveria ter sido definido como Além-Homem e não Super-Homem. “Em torno do seu Zênite, o Além-Homem, envolto no seu nome, ei-lo que vem. Todos os símbolos refletem sua presença anunciada (...). E sua solidão é tão fecunda, que dadivoso sagra o seu emblema e nele se transnuda” (...), diz o poema 31.

Na parte que se destina ao Livro das Paisagens ele fala do sol, do rio, vento, campo, flora, brisa e tudo que envolve o cenário dos Cariris Velhos, sua terra natal. Na opinião de Hildeberto Babosa na parte das paisagens ele mostra uma configuração mais nítida de uma lírica mais plástica, musical e mais variada nos seus componentes retóricos. Ainda neste livro Vanildo Brito resgata suas memórias e as reinventa. O sol escaldante do nordeste é um dos astros do livro, um ícone de beleza e ao mesmo de castigo que ele o caracteriza como “o astro rei”, “monstruoso sagitário”, “besta-fera”, “tumor de fogo” e “sagitário cruel”.

Sem nunca ter concorrido, ganhado prêmios e honras literárias por suas obras, se locomovendo e escrevendo com alguma dificuldade ele abriu a porta de seu apartamento na praia de Tambaú, em João Pessoa, para falar sobre poesia e de sua vida para os leitores do caderno Estante. Nesta entrevista ele comentou como começou a se dedicar à poesia, das férias que passava na cidade de Areia e Guarabira, brejo paraibano, poesia paraibana, Nietzsche, mercado literário, filosofia oriental e o ensino universitário, além conversar sobre suas influências, música e os poetas paraibanos da nova geração. E como não poderia deixar de ser ele falou do movimento Geração 59 e da indignação que sentia quando observava que na época apenas os escritores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais eram destaques na literatura brasileira.

A Entrevista

O Início - Infância

Como o senhor começou a se dedicar à poesia? Eu comecei a escrever, me dedicar a poesia em 1956/1957. Antes eu tinha feito uns poemas isolados. Desde menino sempre tive interesse pela poesia. Eu lia na biblioteca do meu pai Guedes Monteiro e Antero de Quental. Sempre gostei muito de poesias portuguesas. Curiosamente eu fui ler Augusto dos Anjos muito tempo depois, como meus 22 para 23 anos de idade. Os poetas do meu início eram chamados de mestres. Eu gosto de dizer que eram mestres e hoje são meus irmãos.

Que lembranças mais agradáveis o senhor traz de sua infância poética?
Eu nasci na cidade de Monteiro, nos Cariris Velhos. Meu pai foi promotor público em Guarabira. Eu me lembro de uma parte da minha infância em Guarabira. Mas, eu sempre passava minhas férias, em Areia ou em São João do Cariri. Daí veio a minha fixação pela Borborema, minha paisagem de coração. É lindo o lugar. Você quando chega lá e respira sente um ar fino que vem da serra. Eu guardo poucas lembranças de Monteiro. Eu sai de lá com dois anos de idade. Eu fiz uma revisita a cidade para ver a casa onde nasci, mas, eu já estava grande. Porque para dizer uma coisa engraçada. Dizem que a pessoa só tem três idades: quando a gente é pequeno, quando é maior e quando é grande.

Geração de 1959

Professor do que consistiu o movimento Geração de 1959?
Quem inventou essa coisa toda fui eu mesmo. Na época eu era diretor do suplemento literário do jornal A União, reuni poetas e jovens escritores da minha geração em torno do suplemento literário. Agora o objetivo da geração de 59 era fazer aquilo que o João Lelis predicava no ensaio que ele publicou em 1950, chamado Maiores e Menores, que dizia que a literatura brasileira, por causa da multiplicidade e heterogeneidade cultural do Brasil, deveria se escrever a partir das literaturas regionais localizadas das províncias dos estados. Eu tinha horror quando via na época que a literatura brasileira só registrava poesias de autores do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. O resto do Brasil era ignorado, então o movimento da geração de 59 era uma espécie de Novo Nego. Um nego literário. Um nego aquela homogeneização. Só eram conhecidos os escritores do Rio de Janeiro ou quem fosse para lá. Foi o caso de Augusto dos Anjos, em que o Eu foi publicado no Rio de Janeiro, de José Lins do Rego e José Américo, que antes de ingressar na vida literária já era um homem político. E com a revolução de 1930, quando ele exerceu o cargo de ministro do governo de Getúlio Vargas, porque estava no Rio de Janeiro, estava no centro do poder. Eu discutia muito isso com o Mauro Motta e com Carlos Pena Filho, que eram de Pernambuco. E eles achavam que eu tinha razão. Tanto assim que hoje eu me sinto feliz. Porque eu observo que se publica em Pernambuco História da Literatura Pernambucana. O Hildeberto publicou há pouco tempo a História da Poesia Paraibana, quer dizer, no Rio Grande do Norte se faz igual coisa. Cada estado cuida de sua própria literatura. Futuramente essa história vai se agregar numa real história da literatura brasileira e não apenas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais como estava sendo.O movimento foi bastante criticado. Alguns diziam até que era muito parnasiano. Tinha bastante critica. Na verdade, a gente não se preocupava muito com a forma ou fórmula. O que a gente queria fazer era um movimento de autonomia literária. Agora realmente a forma predominou. Embora os sonetos fossem escritos sem rima havia uma certa literização, como também existiam autores que escreviam poesias, dita hoje moderna, sem métrica, sem rima.

Como foi reunir todos os poetas numa Antologia de Poetas Paraibanos?
Aquilo foi o primeiro suspiro do que se chamava de Geração de 59, é tanto que a obra ficou com este nome. Na época era moda chamar os grupos literários de gerações. A partir da Geração de 45, houve a geração de 48 e tantas outras. Então essa antologia foi o começo da história. Depois quando eu assumi a direção do suplemento Correio das Artes da União, que na época se chamava A União nas Letras e nas Artes, que tive um instrumento para veicular o movimento com este fito, com esta diretiva. Tanto assim que a gente provocava, dizia que a literatura do Rio de Janeiro era formalista, era falsa e a nossa era real. A gente provocava. Foi uma polêmica que se fez e que até hoje repercute. A geração de 59 foi para a Paraíba o que semana de 22 foi para o movimento modernista em São Paulo.

Professor do que consistiu o Clube do Silêncio?
O Clube do Silêncio na realidade foi um movimento de adolescência que queria chocar, chamar a atenção. Fizemos uma exposição surrealista, fazíamos rappinings, movimentos literários, fazíamos muito barulho. Então de vez em quando surgia o boato de que o Clube do Silêncio iria fazer uma exposição de arte, poesia, de objetos surrealistas. De silêncio não tinha nada, era mesmo para contrapor a idéia de barulho. Quem pôs esse nome me parece que foi o João Freitas, um pintor antigo, surrealista que tinha uma verdadeira obsessão pelo silêncio. Ele dizia que a poesia era palavra e por ser palavra era limitada. Todo mundo não podia entender uma língua, que a verdadeira arte era a pintura, porque a pintura era silenciosa e que era no silêncio que a pessoa atravessava as dimensões. Não foi nada de formal, foi uma brincadeira, uma marca de um movimento que não tinha de formal. Era o entusiasmo de adolescentes. O Clube do Silêncio foi anterior a Geração de 59 e tínhamos todos em torno de 20 anos de idade. Éramos muito jovens.

Após o movimento da geração de 59 que outro movimento literário o senhor destacaria?
O movimento da Geração Sanhauá, de Sérgio Castro Pinto, depois os poetas se cansaram dos movimentos ou então a moda dos movimentos passou e todo mundo faz o seu movimento pessoal. As coisas se individualizaram muito. Não existe mais um grupo. Esse modismo de movimento passou. Os poetas trabalham sozinhos.

Poesia Paraibana

Como o senhor definiria a poesia paraibana hoje?
É muito difícil encontrar uma definição. O que acho é que a poesia paraibana é muito rica, não só em quantidade, como também em qualidade. A idéia que eu tenho de poesia hoje é que ela não pode ser apenas palavra, não pode ser apenas beleza verbal. Ela tem que ter um sentido humano tem que ter uma sabedoria, perenidade e conteúdo humano. Os antigos falavam que deveria haver beleza, bondade, sabedoria e equilíbrio formal. Por que a música dos grandes mestres não morre? Porque tem isso tudo. O poema sobre o destino, sobre a morte, o sofrimento, os poemas da alegria são sentimentos humanos. Agora o que eu não gosto e nunca fiz meias palavras sobre isso é quanto à poesia somente pela formalidade. A poesia hermética para se brincar de palavras não leva nada. Pode ser uma experiência formal, mas, que é estérea, não fica. O grande crítico é o povo.

Quais os poetas paraibanos que lhe agradam?
Olha, existem muitos. E eu temo que o meu esquecimento seja injusto. Mas, os que mais me agradam são o Sérgio Castro Pinto, Otávio Sitônio, Rejane Sobreira, Luis Correia que está quase esquecido e que nada publicou na Paraíba. Tem muita gente. Eu prefiro não citar para não ser injusto. Além dos maiores como Augusto dos Anjos, que o nosso poeta de fundo, o Raul Machado e outros. Dessa nova geração tem o Hildeberto Barbosa Filho, Lúcio Lins, que são poetas de primeira água. Tem o Políbio Alves que é um poeta muito urbano e parece que foi o único que foi traduziu sua obra para o Espanhol e que teve sua obra publicada em Cuba. Eu tenho o livro que ele me dedicou.

Professor o senhor falou de Rejane Sobreira. Onde estão as poetisas de nosso Estado?
Realmente esta é uma boa pergunta. As poucas que escrevem não moram aqui. A Rejane Sobreira mora no Rio de Janeiro. A Eliana Mesquita em Pernambuco vivia aqui em João Pessoa, mas, vinha apenas no final dos meses, quando a gente fazia as reuniões. Ela fez parte da Antologia Geração de 59. A Rejane veio depois quanto à antologia havia sido publicada. Ultimamente ela publicou um livro que escreveu aqui na Paraíba, mas, lançou no Rio de Janeiro, chamado Aranha de Breu, que o professor Hildeberto Barbosa registrou um artigo sobre o livro dela. A obra dela está registrada na história da poesia paraibana.

Na sua opinião qual é o grande problema da poesia paraibana?
O problema da poesia paraibana é o silêncio. A gente não tem mais como publicar. Os espaços são poucos. Tem A União e só. E para publicar é caríssimo.

Sua obra, sua poesia

O que o senhor publicou depois da Antologia?

Depois eu publiquei o Memorial Poético, uma reunião de poesias que escrevi em 1985, onde consta Methamorfhoseon, O Espaço e a Palavra, em que se reflete exatamente uma poetização da conquista da lua, dos astronautas, que eram heróis daquele tempo e da Construção dos Mitos que eu selecionei alguns poemas. O curioso é que eu seleciono e reescrevo. Eu não guardo um poema meu depois que eu me abuso dele. Eu não acho que seja certo a gente registrar uma coisa só porque a gente escreveu. Eu não tenho essa vaidade de que tudo que eu escrevo possa ser registrado. Eu sou critico de mim próprio. Os amigos de literatura dizem que eu sou muito rigoroso com o que faço. É tanto que eu estou reescrevendo tudo, uma espécie de Memorial Poético de tudo que eu fiz. Depois veio O Sinal das Horas, onde eu reuni minhas elegias e As Cantigas de Amor para Inalda, que é minha mulher, meu amor antigo, minha inspiração lírica, todas as minhas poesias de amor foram para ela. O amor é uma coisa rara, é um milagre.

Em uma de suas obras o senhor traz uma certa concepção Nietzscheana. Como foi trazer Friedrich Nietzsche para dentro da poesia?
Eu quando era mais jovem tive um encontro, com todo mundo que escreve teve, com a obra de um grande autor. Engraçado é que Ariano Sussuana, em Assim falavam as Zaratrusta, falava também desse seu encontro. Zaratrusta é um poema filosófico, é uma fábula filosófica. Nele são defendidas três teses. A primeira é a tese da morte de Deus cristão, na realidade não se trata da morte de Deus, mas, da morte de uma noção de Deus, que era o Deus cristão. Depois fala do Super-Homem, que eu prefiro chamar de Além-Homem, porque a palavra ficou comprometida por causa daquele boneco americano que figurou nas histórias em quadrinhos. No meu caso eu tive a tentação de usar a própria palavra em alemão, mas, como pouca gente sabe alemão eu evitei usa-la. Então eu preferi criar outra. Eu a traduzi para Além-Homem. Porque nós temos diversas palavras feitas em português com “além-alguma coisa”, então eu preferi traduzir para Além-Homem. O que eu aproveito de Nietzsche é a poeticidade de certas teses dele que são realmente belas e poéticas. Eu prefiro o Nietzsche poético ao Nietzsche filosofo. O Nietzsche filósofo me parece muito inorgânico, muito desorganizado, porque existem inúmeras fases do pensamento nietzscheano, então ninguém sabe o que é o que não é Nietzsche. Depois ele levou uma carga muito grande, porque foi aproveitado pelo Nazismo de Ritler, como filosofo do nazismo, embora ele nunca o fosse. Ele ficou como nome comprometido, como se o Super-Homem tivesse alguma coisa haver com raça. Quando realmente não tem nada haver. O Super-Homem é o homem que se desgruda da massa, que vai além da massa, além do povo. É uma elite mais espiritual do que racial. Isso realmente não cabe dizer.

Quais são ou quais foram suas maiores influências?
Além de Guerra Junqueiro, Raul de Leoni, Antero de Quental também leio muito a Cecília Meireles, Jorge de Lima, da invenção de Orfeu, do livro de sonetos. Eu acho essa coisa de influências um tanto quanto equivocada, porque o que existe é uma certa continuidade. Virgílio quando escreveu a Eneida foi influenciado por Homero, que era um verdadeiro clone adaptado à história romana. As grandes obras, na realidade, são reescritas de outras, com raras exceções. Por exemplo, dizem que o Dom Quixote é absolutamente original o que não é. Aqueles lances anedóticos de Dom Quixote faziam parte do folclore e do humorismo que se criou ao redor dele.
Os da poesia mundial que mais me agradam são os clássicos, como Dante Alighieri com a Divina Comédia, Bodeller, entre outros franceses que li no original. Lendo no original a gente realmente ler. Tradução é tradução é recriação.

O senhor domina quantos idiomas?
Português, Inglês, Francês, Italiano, um pouco de Alemão, Esperanto, Interlíngua e estudo, porque ninguém domina, o Latim, porque se não eu não estaria fazendo a tradução de Lucrécio, que inclusive publiquei um trecho no Correio das Artes no ano passado. O curioso é que os romanos escreviam no Latim coloquial e todo mundo os entendia. O povo os recitava porque era latim normal, não era latim artificial. Eu acho muito difícil traduzir, porque no momento de publicar a tradução sempre acontecem problemas de digitação. Porque digitar em Latim é difícil e eu não tenho computador. Eu escrevo numa máquina elétrica.

O que o senhor está produzindo no momento?
No momento eu estou organizando a tradução do Lucrécio, fazendo a parte do Latim, porque eu quero ver se eu publico bilíngüe. Tem gente que acha que isso fica muito pedante. Mas, eu acho que não, porque o mesmo número de versos de Latim é o mesmo número de versos de minha tradução. Então quem duvidar da fidedignidade da tradução que vá para o latim e traduza. Eu estou fazendo com uma dificuldade imensa devido a minha saúde.

E quanto à poesia concreta?
Querer transformar a poesia em arte visual me parece pouco convincente. Parece-me um modismo que surgiu no final dos anos 60, começo dos anos 70. Apareceram miríades de movimentos concretos, neoconcretos, poesia pop e outros mais.

O senhor tem algum poema que foi musicado?
Não. Inclusive é fácil de musicar, porque muitos são metrificados e facilita muito a musicalidade. Os poemas das músicas de Chico Buarque são metrificados, porque ele é poeta também. Ele metrifica muito bem. As letras dele são perfeitas. É por isso que ele ainda está ai. A poesia dele é harmoniosa.

O que é senhor está lendo hoje e recomendaria para as pessoas?
Eu na verdade estou relendo. Porque a gente depois de certa idade a gente reler. Então eu estou relendo o que sempre gostei na minha vida que é a Filosofia Oriental, Indiana, ou seja, Xainismo, Budismo, Filosofia Sampia. Essas coisas me fascinam e que me parece que foi a primeira filosofia da humanidade e vai ser a derradeira. A Índia nunca teve interregnos na sua cultura. Veja bem, a Europa teve a idade média que destruiu a filosofia grego-latina e criou outra cultura. A Índia não. Nunca teve solução de continuidade. Eu tenho vaidade de dizer que implantei o estudo de filosofia oriental no curso de Filosofia da Universidade Federal da Paraíba. Quando eu me aposentei retiraram a disciplina. Um aluno meu foi fazer o doutorado na universidade de Nova Deli, na Índia, e quando voltou tinham tirado a disciplina filosofia oriental da grade curricular.

Mesmo de longe como o senhor observa o estudo da filosofia na universidade?
De longe não me parece convincente. O ensino universitário em geral tende para uma coisa chamada para a pré-especialização. Antes que o aluno termine o básico eles começam a se pré-especializar. Por exemplo, no campo da filosofia em vez de estudarem a filosofia antiga toda, inclusive a indiana e a chinesa eles escolhem Platão e Aristóteles e acabou-se.


Adriana Crisanto
Repórter
adriana@jornalonorte.com.br
adrianacrisanto@gmail.com
Fotos: Marcos Russo e Olenildo Nascimento.

sexta-feira, julho 11, 2008

Cinco mais um e meio = Projeto Seis e Meia

O projeto Seis e Meia é um excelente iniciativa que foi ressuscitada pelo agora vereador Flávio Eduardo Maroja (Fuba) em João Pessoa e um empresário de Natal (RN) chamado William Collier que leva o mesmo show para as cidades de Campina Grande, Natal e Fortaleza (CE). Com o passar dos anos passou a ser apoiado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, através da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). Há cerca de 12 anos é apresentado no Teatro Alberto Maranhão, sempre as terças-feiras da semana e na Capital às quartas-feiras num shopping center da orla marítima.

Desde que surgiu o projeto Seis e Meia teve como proposta trazer novamente a cena cantores e compositores que fizeram sucesso nas décadas de 1970, 1980, 1990 e outras décadas, bem como revelar novos talentos musicais locais e nacionais, e ainda fazer com que o público paraibano tenha acesso à música de qualidade a um preço menor sendo cobrado na bilheteria, o que não tem acontecido.

É importante que se diga até mesmo para que o projeto melhore é que têm sido recorrentes os comentários no circulo cultural da cidade sobre o projeto Seis e Meia. A primeira observação, vinda daqueles que entendem de música e engenharia de som, é referente ao local onde os shows acontecem. De acordo com alguns músicos, a acústica é péssima e prejudica em quase 70% a proposta do show. Quem sobe no palco do Seis e Meia tem que ser realmente bom, pois vencer as barreiras acústicas do local não é para qualquer artista. E o que tem se visto e assistido nas últimas apresentações são artistas tocando e cantando um dobrado, principalmente os artistas locais.

Outra questão, que citei anteriormente, é quanto ao preço do ingresso. Fui estudante e convivo com estudantes que dizem ter enorme vontade de freqüentar os shows do Seis e Meia, mas que não tem condições de ir porque o local é longe e se tornou elitizado. Uma latinha de cerveja custa à bagatela de R$ 2,00 a água mineral o mesmo preço e o refrigerante em torno de R$ 3,00. Quando se vai a um show é comum que se consuma alguma coisa, nem que seja uma água mineral. O preço do ingresso para estudante custa R$ 8,00. O transporte de um estudante que mora em Mangabeira, por exemplo, é de R$ 4,00 (ida e volta), ou seja, de R$ 8,00 o show passa a custar R$ 12,00.

Uma das dificuldades em se comentar sobre estas questões na mídia impressa é que tudo que é escrito e falado pela crítica e não-critica é visto com maus olhos e apenas com o intuito de prejudicar o trabalho de quem faz cultura musical da cidade, quando na verdade não é. Acrescente-se a isso o fato de que a música e os eventos musicais não deveriam ser suportes de administrações públicas e nem políticas.

Lamente-se ou não a este fato, mas a repetição dos artistas é outra observação dos mais antenados. O cantor e compositor Tunai já veio ao Seis e Meia mais de três vezes, com também Osvaldo Montenegro, Belchior, Guilherme Arantes e agora mais recentemente Benito Di Paula. O show de Tunai é sempre o mesmo, não muda, não trás coisas novas. O público, mesmo os mais jovens, gosta de novidade, de escutar músicas e artistas que seus pais e amigos de seus pais falavam. É certo que a música no Brasil nunca foi o estético-contemplativo ou uma “música desinteressada” como dizia Mário de Andrade, mas o uso ritual mágico dos eventos é o que falta.

Que tipo de consumo se produz com estes shows (?) é outra pergunta que temos que fazer diante da massa sonora que é vinculada nas rádios brasileiras que transborda por todos os lados com o avanço da indústria cultural nos últimos anos e com a evolução tecnológica.

O projeto Seis e Meia talvez precise ser “alto-sustentável” para usar uma palavra da moda. Precisa fazer um “up-grade”, usando outro termo da informática e isso tem que ser rápido antes que caia no esquecimento e na mesmice. Pouco se luta por uma inclusão social da música para os jovens e adolescentes no Estado. Faltam às oficinas de música do Seis Meia, faltam os cantores e compositores dar palestra para estudantes e músico. Falta os artistas do Seis e Meia falarem com a imprensa sobre seus novos trabalhos, sobre música socialmente responsável. Ninguém agüenta mais escutar o vozeirão de Lobão sozinho numa multidão que não está nem ai para seus discursos.

“Todo dia ela faz tudo sempre igual” já dizia a canção transbordada pelo cotidiano. Não dá para viver mais de forma conservadora e nem muito menos com uma força protetora. Infelizmente “não dá mais entender essa força estranha” que o evento musical Seis e Meia tem se tornado.

E nesta quarta-feira (16), às 18h30, a atração é o cantor e compositor carioca Uray Veloso, popularmente conhecido por Benito Di Paula, autor de inúmeros sucessos ao longo de sua carreira como "Charlie Brown", "Vai Ficar Na Saudade", "Se Não For Amor", "Amigo Sol, Amiga Lua", "Mulher Brasileira". Os ingressos estão sendo vendidos ao preço de R$ 8,00 (estudante) e R$ 12,00 (inteira).

Serviço:
Projeto Seis e Meia
Atração: Benito Di Paula e Zé Trovão
Quarta-feira (16)
Hora: 18h30
Local: Mag Shopping – Praia de Manaíra
Foto: Autor desconhecido do Flick

Adriana Crisanto
Repórter
adriana@jornalonorte.com.br
adrianacrisanto@gmail.com

Fepac abre inscrições

No período de 15 de julho a 10 de setembro começam as inscrições para “VI Festival Paraibano de Coros” (Fepac). As inscrições serão realizadas no Departamento de Divisão de Arte Cultura do Espaço Cultural ou na Empresa Coteminas S.A em João Pessoa. O festival será realizado de 29 de outubro a 1º de novembro. O evento está previsto e pautado para acontecer no Cine Bangüê do Espaço Cultural José Lins do Rego, localizado no bairro de Tambauzinho.


O Fepac é um dos muitos eventos que estão inseridos no calendário cultural de evento da Paraíba e já está sendo considerado pela critica especializada como o maior evento de Canto Coral do Estado. “O Fepac se consolidou como um evento de porte nacional, devido à grande procura de grupos de outros Estados”, disse o professor, maestro e organizador do evento Eduardo Nóbrega.

De acordo com Eduardo Nóbrega, a prioridade é reunir o maior número de corais da Paraíba para difundir o canto coral do Estado e dar oportunidade para grupos do interior mostrar seus trabalhos. Para solicitar a ficha de inscrição o interessado poderá entrar em contato através do email: maestro.edu@hotmail.com. Maiores informações pelo fone (83) 32219479 ou ainda pelo e-mail monicanobrega1@hotmail.com.

Adriana Crisanto
Repórter
adriana@jornalonorte.com.br
adrianacrisanto@gmail.com
Fotos: Divulgação

quarta-feira, julho 09, 2008

Alô Teresinha!


O ator Alessandro Tchê, que atua na Companhia Paraibana de Comédia, foi convidado para viver o personagem José Abelardo Barbosa de Medeiros, Chacrinha, (1917-1988), no programa especial “Por toda a minha vida”, que homenageará o comunicador e apresentador de auditório pernambucano Chacrinha, que este ano completa 20 anos de falecimento. O especial vai ao ar em agosto e tem a direção de Pedro Vasconcelos, redação de George Moura e Maria Camargo. Além de Tchê estão no elenco Hélio Venier (Chacrinha na fase adulta) e outros.

As gravações externas aconteceram na Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro e as internas no Estúdio A, Núcleo Ricardo Waddington do Centro de Produção da Rede Globo, Projac, em Jacarepaguá, no período de 28 de maio até o dia 15 de junho.

Alessandro Tchê interpretará o Chacrinha na fase jovem dos 19 aos 45 anos de idade. Ele é filho de pais portugueses. O codinome “Tchê” veio de seu pai e pelo fato de ter residido no Rio Grande do Sul. Só que Tchê é natural de Osasco, cidade localizada na região metropolitana da capital paulista. Residiu em Atalaia Velha (SE) e chegou em João Pessoa (PB) no ano de 1982.

Foi vocacionado e aspirante ao seminário católico. “Meu sonho era ser padre”, disse com extremo bom humor e respeito. Começou no teatro no ano 1986. O primeiro espetáculo que encenou foi “Auto da Cobiça” do dramaturgo Altimar Pimentel, já falecido. Fez escola no teatro infantil com Geraldo Jorge e Tadeu Patrício, e profissionalizou-se na Companhia Paraibana de Comédia, com o ator e diretor Edílson Alves, em que se destacou com um comediante nato, onde atua até hoje.

Uma de suas grandes participações como ator na Companhia destacou-se em “As Velhas” e “As Coroas”. Nesta última peça interpretou a personagem Dona Socorro. Alessandro Tchê também trabalhou nos Diários Associados, TV O NORTE, animando o programa do apresentador Sales Dantas e participou de várias esquetes teatrais na antiga 103 FM atual Rádio Clube FM. Em suas muitas participações e atuações interpretou José Américo de Almeida no espetáculo “Cifrado 110”, dirigido por Tarcísio Pereira e texto de Carmem Miranda. No cinema ele fez parte do elenco do filme “A Saga do Padre Ibiapina” e “O Sonho de Inacim”, ambos de Elizer Filho.

O ator acredita que foi descoberto no teste de seleção para a minissérie “A Pedra do Reino” pela produção da emissora. “Só me dei conta que era realmente parecido com o Chacrinha quando vi a foto na sala de maquiagem do Projac. Quando vi disse a mim mesmo: Sou eu! Eu vou fazer o teste mas sou eu gente, não tem para onde”, acrescentou.

Outros convites para participações e atuações estão a caminho. “Mas, no momento não posso revelar”, disse Tchê. O ator, que hoje tem residência fixa na Paraíba, não teve nenhum contato com a família do Chacrinha. No período em esteve no Rio de Janeiro para gravação do especial o ator teve 10 dias de aula de postura e preparação vocal. “Quando a gente recebe um convite desses é como se tivéssemos ganhado na loteria”, brincou. É sem dúvida um prêmio maravilhoso, além de ser uma grande responsabilidade para um ator que teve suas bases teatrais construídas no teatro paraibano e agora atua na televisão com enorme desenvoltura. Isso só vem confirmar que a Paraíba tem uma grande escola de atores e o que o teatro, que este ano recebeu uma das menores cotas de incentivos culturais, é outra área da cultura, aliada a música, que merece e precisa de mais atenção por parte daqueles que fazem as políticas públicas de cultura do país.

O programa especial sobre o Chacrinha será composto por depoimentos de familiares e amigos, dramatização e trechos dos programas de auditório. O especial é baseado em fatos reais sobre a vida e carreira do apresentador, destaca os momentos mais importantes da trajetória do velho guerreiro, que aos 10 anos de idade, mudou-se com a família para Campina Grande (PB). Aos 17 anos estudou em Recife (PE), onde cursou Medicina (1936) e no terceiro ano teve o seu primeiro contato com o rádio ao proferir uma palestra sobre alcoolismo.

Aberlardo Barbosa, criador de vários bordões para televisão, interrompeu os estudos e foi para o Rio de Janeiro, onde se tornou locutor na Rádio Tupi. Em 1943, lançou na Rádio Fluminense um programa de músicas de Carnaval chamado Rei Momo na Chacrinha, que fez muito sucesso. Passou então a ser conhecido como Abelardo Chacrinha Barbosa. Na década de 1950 comandou o programa Cassino do Chacrinha, no qual lançou vários sucessos da música brasileira como Estúpido Cupido de Celly Campelo e Coração de Luto, do artista gaúcho Teixeirinha.

Na televisão Chacrinha estreou, no ano de 1956, como programa Rancho Alegre, na extinta TV Tupi, no qual começou a fazer também a Discoteca do Chacrinha. Em seguida foi para a TV Rio e, em 1970, foi contratado pela Rede Globo. Chegou a fazer dois programas semanais: A Buzina do Chacrinha (no qual apresentava calouros, distribuía abacaxis e perguntava "-Vai para o trono, ou não vai?") e Discoteca do Chacrinha. Dois anos depois voltou para a Tupi. Em 1978 transferiu-se para a TV Bandeirantes e, em 1982, retornou a Globo, onde ocorreu a fusão de seus dois programas num só, o Cassino do Chacrinha, que fez grande sucesso nas tardes de sábado.

Todos os anos Chacrinha lançava em seu programa uma marchinha para o Carnaval. Conhecido como Velho Guerreiro, em 1987 foi homenageado pela Escola de Samba carioca Império Serrano com o enredo "Com a boca no mundo - Quem não se comunica se trumbica", foi à única vez que desfilou numa escola de samba, surgiu no último carro alegórico, que reproduzia o cenário de seu programa, rodeado de chacretes, de Russo (seu assistente de palco) e Elke Maravilha.

No ano de 1988, já doente, foi substituído em alguns programas por Paulo Silvino. Ao voltar à cena, no mês de junho, comandou a atração com João Kléber, até que pudesse se sentir forte novamente. José Abelardo Barbosa de Medeiros faleceu aos 70 anos, no Rio de Janeiro, vitimado por infarto fulminante do coração.

Adriana Crisanto
Repórter
adriana@jornalonorte.com.br
adrianacrisanto@gmail.com
Fotos: Divulgação da Cia Paraibana de Comédia