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domingo, abril 21, 2024

De João Pessoa para Syracuse: Maestros paraibanos encantam Nova York com música coral

            

Os maestros Eduardo Nóbrega e Yuri Ribeiro estiverem neste mês de abril levando o canto coral paraibano para as terras do tio Sam. Eles participaram de um concerto com o grupo Samba Laranja e o estudantes de canto da Universidade de Syracuse, no Estado norte-americano de Nova York. Também proferiram palestras sobre o canto de coros no Nordeste e a formação de coros nas escolas de ensino médio.

            Como senão bastasse os maestros foram convidados para participar do Worldstrides Festival, na Riverside Church, sob regência do maestro Peppie Calvar, que aconteceu no Setnor Showcase no Carnegie Hall, na cidade de Nova York. O coro de Concerto (Setnor AUD), da regente Wendy Moy conheceram de perto o forró, xote, xaxado e música popular brasileira.

            O professor e maestro Eduardo Nóbrega disse que foi uma experiência incrível participar desse intercâmbio. “Ao mesmo tempo que estamos aprendendo com uma cultura totalmente diferente da nossa vivenciando outras dinâmicas”, ressaltou o maestro. Já o maestro Yuri Ribeiro disse que essa foi uma das melhores experiências viveu. “Mostrar um pouco do que fazemos nas escolas fundamentais me deixa muito feliz”, contou Yuri, o qual é tecladista, ex-aluno de piano da UFPB e regente do Coral e Orquestra Armorial da Escola Marista Pio X, em João Pessoa.

            E outras articulações estão sendo planejadas, como a vinda do maestro e professor Jonh Warren à Paraíba para ministrar workshops e reger o Coral Gazzi de Sá no Fepac e outros compromissos.

 

Breve história do Canto Coral na Paraíba

 

            O Canto Coral no Estado da Paraíba é uma expressão artística rica e diversificada, e reflete hoje a profunda herança cultural do Estado. Em João Pessoa, a história do canto coral é bem antiga e para muitos se confunde com a própria história do canto Orfeônico de Gazzi de Sá e sua esposa Ambrosina Soares de Sá, conhecida como Dona Santinha, que vieram do Rio de Janeiro criaram um curso de música denominado Curso de Piano Soares de Sá. Gazzi era uma espécie de braço direito de Villa Lobos estava sempre por perto nas apresentações e confraternizações.

            Na década de 1950 chega em João Pessoa o maestro Pedro Santos, que foi o fundador do Coral Universitário da UFPB. Em visita ao site da Pró-Reitoria de Extensão Cultural (PRAC), o grupo foi criado em 1961 e denominado Gazzi de Sá a partir de 1983, e está diretamente ligado à Coordenação de Extensão Cultural (COEX) da PRAC.

Sobre o maestro Pedro Santos, que também regia Coral Madrigal, tive a honra de conhecê-lo na minha adolescência. Além de seu fundador, o Coral Universitário foi dirigido sucessivamente pelos maestros Arlindo Teixeira, Clovis Pereira, José Alberto Kaplan, Eli-Eri Moura, Antônio Carlos Batista Pinto Coelho (Tom K), Carlos Anísio. Atualmente, está sob a regência do maestro Eduardo Nóbrega, que busca a integração entre a música e o teatro, que teve por muitos anos como coordenador musical Tom K (falecido em outubro de 2023) e direção cênica de Eleonora Montenegro, todos professores do Departamento de Educação Musical da UFPB.

Outro importante expoente para a prática vocal em João Pessoa é o Coral do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ) que, conforme informações divulgadas no site desta instituição, foi fundado em maio do ano de 2001, numa iniciativa do Reitor Marcos Augusto Trindade. O grupo é formado por alunos de vários cursos desta instituição universitária e por membros do corpo docente. O coral tem se apresentado em diversos eventos, como encontros e festivais de coros estaduais e também de cunho nacional.

            Atualmente, o Coral Gazzi Sá tem dado exemplo da importância de prática coral na cidade é o Festival Paraibano de Coros (FEPAC), o qual se repete desde o ano de 2002, sob a coordenação do professor Eduardo Nóbrega. O evento é realizado pelo Governo do Estado, em parceria com a UFPB e empresas da iniciativa privada. Conforme informações obtidas no site do governo estadual, no ano de 2012 o festival foi realizado no período de 19 a 22 de setembro e reuniu 45 corais, de oito Estados e do Distrito Federal. Deste total, 18 corais pertenciam à Paraíba, sendo, em sua grande maioria, sediados na cidade de João Pessoa.

 

 

terça-feira, abril 09, 2024

Laboratório Muderno retorna aos palcos da música independente paraibana

       Após uma parada momentânea a banda Laboratório Muderno retorna a cena musical independente de João Pessoa nesta sexta-feira (12) no Parahybar, localizado no bairro do Castelo Branco. Os ingressos estão disponíveis no Sympla, com preços acessíveis, prometendo um espetáculo acessível e imperdível para todos os amantes da música.

            A banda surgiu em 2013, entre os guetos musicais da Universidade Federal da Paraíba e do centro de João Pessoa. O primeiro encontro aconteceu em uma jam sessions no beco da Cacharia Philipéia, um local conhecido pelos encontros após o "Sabadinho Bom". Semente germinada, a banda rapidamente se tornou sinônimo de inovação e diversidade musical na cena independente da cidade.

            Com um repertório que passeia por Rock, Samba-rock, Funk/Soul e Brega/Rock, a banda construiu uma identidade única, embalada pelas diversas influências de seus membros. Geanne Lima, com sua voz marcante, Kaio Cajon na bateria pulsante, Danilo no baixo groovado e Fabiano Silva com riffs de guitarra que capturam a essência do rock clássico, formam o núcleo criativo que impulsiona o grupo.

            Apesar da pausa em 2018 e dos desafios impostos pela pandemia de Covid-19, em 2020, que adiou o tão esperado retorno da banda, 2024 marca uma nova fase para a Laboratório Muderno. Este ano, eles retomam os palcos não apenas com o vigor de antes, mas com novas composições e releituras audaciosas que prometem renovar e energizar o cenário musical.

            O repertório atual inclui homenagens a ícones da música brasileira como Tim Maia, Roberto Carlos e Jorge Ben, além de interpretações emocionantes de sucessos de Raça Negra, Marília Mendonça, Maysa e Diana. Essas releituras demonstram não só a versatilidade da banda, mas também uma profunda reverência pela rica história musical do Brasil.

            A volta da Laboratório Muderno não é apenas um evento musical; é um reavivamento da paixão e do compromisso com a música independente brasileira. Com os olhos no futuro e o coração nas raízes do passado, a banda está pronta para escrever o próximo capítulo da sua jornada extraordinária. Prepare-se para uma noite de celebração e renascimento musical no coração de João Pessoa!

 

Entre ruídos e harmonias


       A música independente no Brasil, como um reflexo da evolução artística e da transformação tecnológica, passou por várias metamorfoses ao longo das décadas. Cada período histórico trouxe suas características distintas, moldadas por contextos sociais e avanços tecnológicos. Ao comparar a música independente brasileira contemporânea com as de décadas anteriores, observamos tanto continuidades quanto rupturas significativas.

            A autonomia que se tem hoje em termos tecnológicos mudou bastante. Até os anos 90 e início dos 2000, produzir música de maneira independente era uma tarefa árdua e dispendiosa. O acesso a estúdios de gravação era limitado e caro, o que restringia a produção musical a quem pudesse arcar com tais custos ou tivesse acesso a esses espaços por conexões na indústria.

            Hoje com a tecnologia digital, a barreira do acesso à produção musical foi reduzindo. Softwares de produção musical, gravação em casa e plataformas de distribuição digital permitem que praticamente qualquer um com um computador e uma conexão à internet produza e divulgue sua música. Isso democratizou a música independente, expandindo o que é possível dentro desse espaço. Mas, mesmo com esse aparato todo as dificuldades ainda continuam.

Nas décadas de 1980 e 1990, a música independente brasileira estava fortemente ancorada no rock e suas vertentes, com bandas como Os Mutantes e Titãs dominando o cenário. Havia uma forte influência dos movimentos globais de rock, punk e metal. A diversificação de estilos é uma das marcas da música independente moderna. Além do rock, gêneros como hip-hop, funk, música eletrônica, e até sertanejo (vixi...) e forró ganharam espaço no cenário independente. Essa mistura de gêneros reflete a globalização cultural e a facilidade de acesso a diferentes tipos de música através da internet.

A distribuição de música independente era predominantemente física, por meio de vinis, fitas cassete e CDs, vendidos em shows, por correio ou em lojas especializadas. Isso limitava o alcance das produções a nichos específicos e geograficamente restritos. Hoje as plataformas de streaming e redes sociais revolucionaram a maneira como a música é distribuída e consumida. Artistas podem alcançar ouvintes em todo o mundo com apenas alguns cliques, e a descoberta de novos talentos é facilitada por algoritmos que sugerem música com base nas preferências do usuário. Isso ampliou enormemente o alcance potencial dos artistas independentes.

Mudou ou ficou “muderna” a relação com o público que antes tendia a ser intermediada por gravadoras, mesmo no cenário independente, com artistas dependendo de performances ao vivo e cobertura da mídia especializada para ganhar visibilidade. A interação direta nas redes sociais transformou essa dinâmica, permitindo aos artistas construir e manter uma base de fãs de maneira mais direta e pessoal. Isso não apenas facilita a formação de uma comunidade leal ao redor do artista, mas também permite que o público tenha um papel mais ativo no suporte à carreira do artista por meio de crowdfunding e outras formas de apoio direto.

A música independente brasileira de hoje beneficia-se das tecnologias digitais, tanto na produção quanto na distribuição. Isso possibilitou uma diversificação sem precedentes de estilos e uma democratização do acesso ao mercado musical. Entretanto, essa facilidade também trouxe desafios, como a saturação do mercado e a dificuldade em se destacar em um mar de novos artistas. Comparativamente, a música independente de décadas passadas tinha desafios logísticos e financeiros maiores, mas enfrentava menos competição. Em cada era, os artistas independentes continuam a desafiar os limites do mercado musical, adaptando-se e respondendo às mudanças do seu tempo.

Texto: Adriana Crisanto Monteiro

Fotos: Marcelo Rodrigo