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terça-feira, novembro 28, 2006

Dadi Carvalho


O baixista Eduardo Magalhães de Carvalho, conhecido no meio artístico por Dadi, estará lançando no próximo ano seu primeiro disco solo pela gravadora Som Livre. O título, que ainda não foi divulgado pelo instrumentista,
terá participações de Marisa Monte, Rita Lee, Jorge Mautner, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso e outros.
Dadi também é baixista da banda A Cor do Som que junto com o seu irmão, o pianista Maurício Magalhães de Carvalho (Mú), incentivado pelo baiano Armando Macedo (guitarra), Gustavo Schroeter (bateria) e Ary Dias (percussão) retomaram as atividades do grupo e lançaram, em 2005, um DVD e CD acústico pela gravadora Performance Be Records, distribuído pela Som Livre, e que também planeja para 2007 um novo trabalho para trazer de volta a conjunção de boa música com excelente execução instrumental.
Na última passagem pelo Rio de Janeiro entrevistei o baixista Dadi Carvalho, em pleno Leblon, que falou sobre sua carreira musical, seu novo trabalho solo, a saída do guitarrista Armandinho da banda, os 30 anos da Cor do Som, sobre os Novos Baianos, o projeto Os Tribalistas dentre outros assuntos. Confira a entrevista:

Dadi você tocou com Barão Vermelho, Caetano Veloso e agora acompanha a cantora Marisa Monte. Como é que você agüenta?
É realmente cansativo. Mas, é que as coisas vão aparecendo. E também porque são trabalhos legais. A Marisa, por exemplo, é minha vizinha. Hoje é minha amiga e parceira. Tocamos quase todo dia. E para mim é super legal. Porque através dela acabei conhecendo mais de perto o trabalho do Arnaldo Antunes, que para mim é um poeta maravilhoso. As letras que ele escreve eu adoro. Compomos algumas músicas. Compus com a Marisa uma música que está neste novo trabalho dela.

E aquele seu disco solo que só tem no Japão?
Esse disco eu gravei, na verdade, por conta própria. Através da internet eu descobri esse selo no Japão. Mandei umas músicas para o dono do selo. Ele adorou. Daí, eu assinei um contrato de dois anos. Ele lançou o disco lá. Foi super legal. Vendeu quase duas mil cópias. Para mim foi uma surpresa e as pessoas também gostaram.

Esse disco não existe no Brasil não é?
Pois é. Mas, agora estou negociando com a gravadora Som Livre para editar algumas músicas desse disco e outras inéditas. Estou quase lá. Pode ser que em janeiro já esteja lançando ele aqui no Brasil. E já estou preparando outro também. Mas, esse daí, em janeiro, eu estarei lançando. Vou querer fazer uma divulgação legal, fazer show e tudo mais.

Como é que vai ficar então esse novo disco solo?
Tem umas coisinhas apenas para serem resolvidas, mas se Deus quiser vai sair em janeiro. O disco tem onze músicas. Uma instrumental. É um trabalho que me apresenta como compositor. Todas as composições são minhas em parceria com outros músicos. Tem seis músicas com letra de Arnaldo Antunes. Uma música em parceria com o Caetano Veloso, que a Rita canta comigo. Tem uma letra de Jorge Mautner e tem uma letra da Rita Lee, que ela me deu. É uma versão da letra de uma música dos Beatles. Eu coloquei a música. A canção fala de uma pessoa que está envelhecendo.

As tuas influências musicais continuam as mesmas do passado?
O tempo vai passando e cada coisa que você escuta vai somando. Mas, com certeza a base mesmo começou com a bossa nova. Quando eu era menino do lado da minha casa tinha um teatro (Santa Roza) que tinha shows. E meus primos tocavam. Tinham um trio de bossa nova instrumental. Isso fez com que eu fosse me interessando pela música. Eu assistia muitos ensaios neste teatro. Escutava muito Jorge Ben, aquele primeiro disco dele “samba esquema novo”. Até que apareceram os The Beatles, Stones, Erick Clapton, Jimi Hendrix, The Who e Kinks. E ai mexeu com tudo. A década de 1970 foi para mim muito forte musicalmente. Depois tive a sorte de tocar com os Novos Baianos. Eu tinha 18 anos. Era um trabalho que tinha uma influência muito grande de João Gilberto. Ficamos amigos do João. E ele me trouxe de volta para a música brasileira. Isso fez com que a gente escutasse Jacob do Bandolim, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e outros. Os Novos Baianos foi uma grande escola. Toquei cinco anos com eles. Gravei cinco discos. A primeira vez que entrei num estúdio para gravar foi com eles. Depois sai para tocar com Jorge Ben, que foi outra escola para mim. A música do Jorge é muito intuitiva. Deu certo comigo, porque eu também gosto de usar a intuição. A primeira vez que sai para tocar fora do país foi com ele. Fomos para Paris. Viajamos vários países do mundo fazendo shows. Foi na mesma época que estávamos começando com a Cor do Som. Então eu tocava com a Cor do Som, tocava com o Jorge e com Moraes Moreira. Tudo na mesma época. Os Mutantes também foi outra grande influência que tive. Quando os vi pela primeira vez aqui no Rio eu tinha 15 anos e pensei comigo: “É isso que quero fazer. Tocar e viver da minha música”.

Os Mutantes depois de vários anos voltou a ativa. Assim como Mutantes, os Novos Baianos podem voltar também?
Quanto aos Novos Baianos voltar eu não sei te dizer. Seria maravilhoso se retomasse. Eu daria a maior força para voltar. Mas, tem alguns problemas internos que precisam ser resolvidos.

Muitas pessoas não sabem que aquela canção “Leãozinho”, composta por Caetano Veloso, foi para te homenagear e dedicada a você. Como foi isso?
É verdade. Eu acho que isso foi em 1977 ou 79, num lembro direito. Foi quando Caetano estava gravando o disco “Bichos”. Eu estava ensaiando e começando a tocar com a Cor do Som. Fiquei muito amigo do Caetano logo que ele voltou de Londres. Ele foi assistir alguns shows de umas bandas que eu tocava. E ficamos amigos depressa. Porque ele é do signo de leão e eu também. Eu e a Leilinha sempre fomos fãs dele. Freqüentávamos a casa dele. Somos amigos também da Dedé, sua primeira mulher. Caetano sempre teve essa coisa de fazer música para homenagear pessoas. E foi assim comigo.

E como você ficou sabendo?
Um dia eu estava ensaiando com a Cor do Som, no estúdio da Polygram, na Barra da Tijuca. Ele estava gravando e chegou para mim e disse: “Hoje você não vai poder entrar no estúdio porque eu estou preparando uma surpresa para você”. Ele tava gravando justamente Leãozinho, que era só com violão, voz e assobio. Eu fico e sou super honrado de ter uma música composta por uma figura como Caetano Veloso, do qual também sou fã.

A Cor do Som vai fazer 30 anos. Que balanço que você faz desse tempo?
Que loucura hein... (risos). Eu faço um balanço positivo, de certa forma, porque influenciamos muita gente do rock, como os Paralamas, Barão Vermelho, Rita Lee. E todos falam que aprenderam com A Cor do Som. Porque a gente abriu um espaço. A mídia não estava preparada e voltada para escutar aquelas coisas que fazíamos na época. Logo depois veio o rock brasileiro. A mídia voltou o olhar para o rock nacional. A gente abriu o espaço para muita gente, mas não usufruímos desse espaço, nem financeiramente e nem artisticamente. Mas, tem muita gente que ainda gosta, comenta sobre o nosso trabalho. Outra coisa que pegou naquela época foram às letras das músicas. Quando começamos a cantar gravamos Beleza Pura, uma letra de Caetano, com uma música e uma letra maravilhosas. Nessa época estávamos instrumentalmente iguais às letras. Depois gravamos Abri a Porta, de Gilberto Gil, que tem uma letra simples, mas tem uma poesia linda também que diz: “o bom da vida vai prosseguir”. Depois a gente se perdeu um pouco nas letras. Mas, o balanço final acaba sendo sempre muito positivo. Precisávamos passar por isso para amadurecer.

Como vocês sentiram a saída do guitarrista Armandinho Macêdo?
Com certeza foi uma coisa que atrapalhou e marcou muito a todos da banda. Gravamos com o Armando quatro discos. Entrou Victor Biglione, também um super guitarrista, mas tinha outra cabeça. Victor tinha uma veia mais voltada para o jazz, que foi bom também para a banda, mas com o Armando existia uma química. Eu gosto muito dele. A gente se dá muito bem. Naquela época da saída dele à gente não soube organizar as coisas. Foi um certo tipo de despreparo mesmo. Não tínhamos também um empresário bom que soubesse conduzir essa crise. Estávamos, naquela época, crescendo muito. Era para gente ter dado uma parada. Esperado um pouco para fazer música. Ficado tocando apenas em casa. Ter ficado só compondo e escrevendo música para depois lançar um outro bom trabalho. Mas ai entrou naquela coisa do mercado da época que exigia que a banda lançasse um disco por ano. Isso desgastou e perdemos de dar continuidade a um trabalho bacana. O rock nacional entrando com força também. Isso meio que enfraqueceu a gente. Hoje o Armando é o maior incentivador da banda.

E como foi que você conheceu o Armandinho?
Eu o conheci quando tocava com os Novos Baianos. Fui para a Bahia e quando vi aquele trio elétrico e escutei-o tocando guitarra fiquei impressionado e pensei: “Quem é esse cara que toca assim desse jeito, com essa pegada”. Quando eu o conheci foi que fiquei mais intrigado ainda porque eu o achei uma pessoa muito bacana.

E o projeto Tribalistas? Como foi ter participado?
Foi outro projeto maravilhoso que adorei ter participado. Foi um disco gravado por nós cinco. Eu, Marisa, Arnaldo, Carlinhos Brown e César Mendes. Foi delicioso. Gravamos no estúdio da casa da Marisa. Gravávamos uma música por dia. A gente fazia uma base com três violões: Eu, Cesinha e a Marisa. Em cima dessa base íamos colorindo. Colocávamos baixo, bateria, guitarra, Brown colocava percussão. Eu adorei porque toquei vários instrumentos ao mesmo tempo. Foi um sucesso. Só na Itália vendeu 250 mil cópias.


Adriana Crisanto
adriana@jornalonorte.com.br

Publicado no caderno Show do Jornal O Norte em novembro de 2006.
Entrevista realizada no Leblon, Rio de Janeiro, outubro, 2006.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Paraibano arrebata prêmio no "IX Troféu São Paulo Capital Mundial de Gastronomia"


O professor paraibano e chef Carlos Manoel Ribeiro foi o primeiro colocado no “IX Troféu São Paulo Capital Mundial de Gastronomia”, prêmio instituído pela Câmara Municipal de São Paulo, em que elege os melhores trabalhos jornalísticos sobre a gastronomia na capital paulista.
O chef Carlos Ribeiro levou o primeiro prêmio especial de televisão com seu programa "Chef Itinerante", com a matéria sobre os "Chefs Especiais", projeto idealizado por Marcio Berti voltado para crianças portadoras de síndrome de Down. “Produzi essa reportagem antes mesmo da novela das 8 horas entrar no ar e abordar sobre os portadores da síndrome”, comentou feliz da vida o paraibano que foi professor do curso de comunicação social da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na década de 1990.
O programa vai ao ar pela Rede Mundial de Televisão (RedeTV). É um quadro dentro do Programa Vida Plena que é exibido nas quartas e sextas-feiras, a partir das 10h00, e que em João Pessoa pode ser visto através do canal de televisão a cabo Big TV. Carlos contou que no ano passado tentou concorrer ao prêmio, mas não aconteceu.
Uma das vencedora da noite também foi à revista "Prazeres da Mesa", premiada em várias categorias, inclusive de melhor revista de gastronomia. Na categoria reportagem o prêmio foi para a jornalista Helena Jacob da Destak.
Carlos Manoel Ribeiro é mestre e doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e professor dos cursos técnicos e de pós-graduação da Hotel São Paulo (Hotec). Lecionou em importantes instituições de ensino, a exemplo da Anhembi Morumbi, Faap e Senac. Atualmente dá aulas na Escola de Belas Artes lecionando na pós-graduação da Hotec e Viander Casa de Gastronomia, além de ser o chef da cozinha do restaurante Mamarana.
Foi professor visitante e palestrante da Universidade Sagrado Coração (Porto Rico), Escola de Hotelaria St. Paul de Mer (Barcelona), Universidade do México, Universidade de Sophia e Osaka. É autor da série de livros sobre gastronomia, editados pela Hotec, sobre a história e a cultura da gastronomia, o aspecto cultural da cozinha contemporânea, panificação, confeitaria, estrutura, funcionamento e higiene das cozinhas.
Em João Pessoa, sua cidade natal, implantou o cardápio do Restaurante Tamarindus, ministrou aulas no curso de gastronomia e nutrição da Faculdade de Ciências Médicas.
Adriana Crisanto
Repórter
Fotos: arquivo do autor.
Mais informações na página:
Matéria publicada no jornal O Norte em novembro

Dia do Músico e da Música


Na quarta-feira, dia 22 de novembro, comemorou-se em todo país o Dia do Músico. Passa ano e entra ano e a reclamação dos músicos ainda são as mesmas, ou seja, falta de espaço para se apresentar, cachês baixos, casas noturnas explorando artistas, além da competitividade entre os companheiros de profissão. São fatores que fazem com que muita gente boa se perca nesta dura caminhada. Sem falar no esquema da indústria fonográfica brasileira principal obstáculo na carreira do músico e nas rádios que só tocam o que elas querem.
O presidente da Associação dos Músicos da Paraíba (AMP), o guitarrista, Eduardo Montenegro, diz que as reclamações continuam as mesmas desde 1960, tanto dos músicos da área erudita, quanto os profissionais que atuam na música popular. Muito pouco se conquistou nesse tempo devido à falta de organização da própria categoria.
A AMP mesmo, disse Eduardo, no ano passado, nesta mesma data, promoveu uma missa e realizou shows na cidade em favor da categoria, mas poucos foram os colegas que participaram efetivamente das comemorações. A entidade começou a funcionar 2003 após um racha que foi parar na justiça com os membros da atual diretora da Ordem dos Músicos do Brasil – Conselho Regional da Paraíba (OMB/PB) sob a acusação de que a OMB estava agindo de forma irregular, com poderes de polícia, mandando parar a apresentação e exigindo a carteira de músico.
O músico Radegundis Feitosa, trombonista da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB), é um dos poucos que diverge da maioria. Na opinião dele a situação do músico brasileiro melhorou se compararmos com o que existia há 10 anos atrás. De acordo com o instrumentista, a situação é melhor principalmente para aqueles que foram em busca da profissionalização e para aqueles que tocam em bandas de forró que se venderam fácil.
O que fazer para dar maior credibilidade ao músico brasileiro e melhorar a situação poucos sabem dizer com certeza, mas todos são unânimes em afirmar que a legislação (decreto lei 3.857) que regulamenta a profissão precisa ser atualizada, pois ela foi escrita no dia 12 de dezembro e nunca foi modificada.
O contrabaxista Adriano Ismael, músico free-lance, com formação acadêmica na área, diz que o que atrapalha a profissão do músico hoje é sem dúvida a não qualificação profissional. “Isso faz com que o cachê nas apresentações diminua em decorrência do cachê menor oferecido pelo músico não qualificado”, comentou Ismael que além das apresentações com o grupo Nossa Voz e com a OSPB trabalha com técnico no Estúdio SG, em João Pessoa.

Campanha para o músico brasileiro

Este ano a Associação Brasileira da Música (Amemúsica), sediada em São Paulo, lança nesta quarta-feira uma campanha publicitária para homenagear o músico brasileiro. A campanha vai ser divulgada em outdoors, painéis do metrô, trens e ônibus da capital paulista.
O senador Eduardo Suplicy (pai do cantor Supla) e o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo FC, são os primeiros nomes confirmados para a campanha. As atrizes Malu Mader e Regina Duarte, além do ministro Gilberto Gil, também devem confirmar suas participações ainda nesta semana.
A campanha traz as fotos das celebridades com a frase "Dá pra imaginar a vida sem eles?" e o selo da Abemúsica homenageando o Dia do Músico. "Ainda estamos longe do que gostaríamos de fazer enquanto Associação para comemorar este dia, mas certamente este é o começo de muitas outras ações que estaremos desenvolvendo com o intuito de ajudar no crescimento do mercado da música no Brasil", disse Synésio Batista da Costa, presidente da Abemúsica, em nota sobre a campanha.

Comemorações na Paraíba

Em João Pessoa, o Dia do Músico, será marcado por um dia inteiro de atividades na Praça Antenor Navarro, no Centro Histórico da Capital. Entre as atividades, acontecerão workshops de instrumentos (contrabaixo, guitarra, bateria, percussão e piano popular), ministrados pelos músicos Sérgio Gallo, Léo Meira, Beto Preah, Chiquinho Mino e Helinho Medeiros.
Na programação, que tem início às 17h30, com a mostra de vídeos de música, com a exibição dos DVDs “Danado de Bom”, um especial de Luis Gonzaga; ‘Obrigado, gente!’, de João Bosco; ‘Seu Jorge e Ana Carolina’; ‘Toca Brasil – Itaú Cultural’, de Escurinho; Vídeo Documentário do ‘Jaguaribe Carne’; ‘Paraíba do Forró’; ‘Lenine in Cité’; ‘Cátia de França’; ‘Musiclube 2006’ e ‘Cinema Falado’, de Caetano Veloso.
A partir das 21h00, no mesmo local, haverá uma coletiva de música, mostrando o resultado das oficinas dos instrumentos, que aconteceram ao longo deste dia, em seguida tem ‘Free Jazz’ com apresentações livres com os artistas presentes.
Pode participar o músico arranjador, intérprete, regente e compositor, podendo enveredar pela música popular ou erudita, em atividades culturais e recreativas, em pesquisa e desenvolvimento ou na edição, impressão e reprodução de gravações. A categoria profissional, em sua grande maioria, trabalha por contra própria, mas existem ainda, os que trabalham no ensino e os que são vinculados a corpos musicais estaduais ou municipais.

Dia do Músico e da Música

O dia do músico e também o dia da música. A palavra, de acordo com a definição do Dicionário Aurélio significa: "arte ou ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido". A palavra de origem grega deriva de "arte das musas" em uma referência à mitologia grega, marca fundamental da cultura da Antigüidade ocidental.
Há quem acredite que as origens da música podem ser encontradas nos períodos anteriores da história do homem, ou seja, na Pré-história. De fato, tal suposição paira no reino das hipóteses, visto que os "homens das cavernas" não deixaram qualquer vestígio arqueológico a respeito da compreensão ou diferenciação dos sons.
É possível que os homens pré-históricos tenham produzido um tipo de música com caráter religioso, mágico, quase ritualístico, batendo mãos e pés, de modo ritmado, reverenciando seus deuses ou buscando proteção para a caçada ou para a guerra. No mesmo período, os homens passaram a bater na madeira, produzindo um som ritmado, surgindo assim o primeiro instrumento de percussão.
A história da humanidade é extremamente longa e mapear sua produção musical seria um trabalho demasiadamente grande e com lacunas tão explícitas que certamente viríamos a omitir dados de extrema importância.

Adriana Crisanto
Repórter
Matéria publicada no jornal O Norte em novembro de 2006.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Beto Brito "Imbolador"


A literatura de cordel e a música em um único produto artístico-cultural. É assim “Imbolê – Cordel e som na caixa” que Beto Brito lança nesta quarta-feira (15), a partir das 21h00, no Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural José Lins do Rego, em Tambauzinho. Os ingressos estão sendo vendidos ao preço de R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (estudante).
Como diz a jornalista Ruth Avelino: “Pense num disco bom! Não dá nem pra explicar”. O disco foi gravado no Special Stúdio no Rio de Janeiro e contou com a participação especial de Zé Ramalho, com produção que leva assinatura do guitarrista pernambucano Robertinho do Recife.
O disco vem acompanhado de doze folhetos de cordel assinados pelo também poeta popular Beto Brito, em que traça o perfil social do povo do nordeste e remete a fatos que acontecem no cotidiano da cultura nordestina. É ouvir e ler se divertindo ao mesmo tempo. A produção é uma mistura de ritmos e sons brasileiros e nordestinos que parece mais uma vez marcar as produções musicais do país no início deste século.
Mesmo em meio a discussões partidárias sobre a política cultural local ele se lança por inteiro e com afinco neste trabalho. Beto Brito talvez tenha sido um dos únicos artistas regionais a se preocupar com a produção de sua obra. As apresentações são ricas em cenário e ele não está nem um pouco preocupado com o conservadorismo da cultura nordestina. O disco, por sua vez, é percussivo, marcante, contemporâneo com guitarras distorcidas, raps, violas, rabecas, zambumbas e grooves eletrônicos.
Ele mistura e prova mais uma vez que ninguém está de fora do processo globalização muito menos a cultura nordestina que ainda insiste em se conservar dentro de uma redoma de vidro. Preservar sim, conservar intocada não, pois a cultura é também democrata e feita para todos.
As canções, em sua maioria, leva a sua assinatura, exceto “Zé Limeiriano” (faixa 5) em parceria com Orlando Tejo e “Dureza” (faixa 6) que teve como parceiros Gerino e Pedro Tavares. “Dureza é falta de fé, dureza é não ter o perdão, dureza é viver de salário, ser analfabeto e otário, dureza é o fim do amor, dureza é não ter coração”, diz a canção. E é nesta dureza da vida que segue seu trabalho, muitas vezes criticado, algumas vezes “arreliado” com as injustiças.
Cantor, compositor, rabequeiro e cordelista Beto Brito começou a fazer música ainda criança, por influência do pai que era tocador de sanfona de oito baixos. Teve ainda a influência de cantadores de feiras de sua cidade natal. No ano de 1983, mudou-se para a cidade de João Pessoa, a fim de dar seguimento a sua carreira artística.
Beto Brito começou a carreira apresentando-se em festas e outros eventos na cidade de João Pessoa. Participou de diversos festivais nacionais e internacionais e teve sua música "Pandeiro Sideral" incluída em uma coletânea em Portugal. Beto é também cordelista e publicou, entre outros, os cordéis: "O dia que lampião chorou", "O Prefeito Analfabeto", "Sabedoria Popular" e "Mei-de-feira Mei-de-vida".
Na opinião do crítico e pesquisador Roberto Moura, o compositor Beto Brito é um nordestino rabequeiro, cordelista com suingue e balanço irresistíveis. “Seus CDs soam como um Alceu Valença jamais aculturado, mas sintonizado com as coisas do mundo. Os discos fluem, fácil. O sul-maravilha (ave, Henfil) precisa conhecê-lo mais", comentou.
No currículo conta ainda participações em eventos como Projeto Seis e Meia, e das festas de São João em Campina Grande, Caruaru e Recife. Além do Festival de Inverno de Domingos Martins (ES), São João no Parque (PB), Fenart (PB), Forró do Ball Room (RJ), Os Encontros Fnac (RJ/SP), Centro em Cena (PB) e Festival do Pau da Bandeira (CE).
No ano de 1997, lançou de forma independente o disco "Visões". No ano seguinte, também de forma independente, lançou o disco "A cara do Brasil". Em 2000, lançou o CD "Doidinho por forró", também em gravação independente.
Em 2002, lançou o CD "Pandeiro sideral", com destaque para as músicas "Canoa boa não vira à toa" e "Pra lavar a alma", de sua autoria, além da música título que foi incluída em Portugal, na coletânea "Brazil lounge". Em 2003, apresentou-se com Dominguinhos no Projeto Seis e Meia, no Cine Bangüê do Espaço Cultural, em João Pessoa.
No ano seguinte dividiu palco com Joquinha Gonzaga e Os Três do Nordeste, durante a Festa de São João de Campina Grande. Nesse ano, apresentou-se na Lona Cultural Elza Osborne em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, primeiro com Marinês e depois com Moraes Moreira.
Apresentou-se também no Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga, na famosa Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Nessa ocasião, além de show solo, dividiu palco com Marinês e sua gente, cantando e tocando rabeca. Apresentou-se ainda em show de forró no Marco Zero, bairro de Recife juntamente com Oswaldinho do Arcodeon, Glorinha Gadêlha, Marinês e sua Gente, Sivuca e Savinho do Acordeon.
Ainda em 2004, lançou o CD "Mei de feira", que consolidou seu trabalho, abrindo espaço para convites para apresentações pelo Brasil e no exterior. Nesse disco destacam-se as faixas "Xote mei-de-feira", "Coco na beira-mar", "Trem do forró", "Xô aperreio", "Quebra tudo", "Balaio" e "Deus nunca tarda", todas em parceria com Pedro Tavares.
Com os CDs "Pandeiro sideral" e "Mei de feira", seu trabalho recebeu elogios de diversos críticos e reportagens das revistas MTV e Bravo. Em 2005, entre outros shows, apresentou o espetáculo "Mei de feira" na Casa de Cultura Lúcio Lins, em João Pessoa.

Adriana Crisanto


Serviço:
Beto Brito - Imbolê – Cordel e som na caixa

Quarta-feira (15)
Hora: 21h00
Local: Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural José Lins do Rego
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (estudante).
Matéria publicada no jornal O Norte em novembro de 2006.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Tim Festival 2006



Novo local, quatro espaços climatizados para apresentações, novas bandas, uma multidão, muitos artistas e a cerveja sendo vendida a R$ 5 foram às marcas registradas na edição deste ano do TIM Festival que aconteceu neste último final de semana na Marina da Glória, no Estado do Rio de Janeiro.
O primeiro dia do Festival foi aberto às 20h20, na Tenda Tim Club, por Ivan Lins, que fez um tributo ao produtor Paulinho Albuquerque, um dos curadores do evento que faleceu em junho deste ano. Logo em seguida se apresentou Jenniffer Sanon, que só fez completar o show anterior e não trouxe nada de diferente do que os ouvidos dos jazzistas brasileiros estão acostumados a escutar. Neste palco o melhor mesmo foi o show da orquestra Maria Schneider que finalizou o show com uma canja de Ivan Lins.
Nos palcos Tim Stage e Tim Lab o público sofreu com o atraso das apresentações, o que para o carioca é absolutamente normal tendo em vista a grandeza do evento. O primeiro grande atraso foi da cantora Céu que começou sua apresentação a meia noite, uma hora depois do previsto no palco do Tim Lab. Outro atraso aconteceu no espaço Tim Stage com o show do duo eletrônico francês Daft Punk, um dos mais esperados da noite que teve seus ingressos esgotados.
O show do Daft Punk foi uma das apresentações mais colorida, lisérgica, hipnotizante, brilhante, vibrante e impressionante que assisti este ano. Eles começaram o show com as cinco notas do filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, tocadas para avisar que estavam chegando de outro planeta. E pareciam mesmo de outro mundo, pois vieram vestidos como robôs com capacetes e jaquetas de couro dentro de uma pirâmide, munidos de um incrível jogo de luzes e projeções.
Os robóticos Daft Punk tocaram músicas que já fazem parte da história da música eletrônica, a exemplo de: “Da Funk”, “Harder Faster Better Stronger” e “One More Time”. A mistura, como não poderia deixar de ser, levou a platéia, jovem em sua maioria, ao delírio, e cativou os mais descolados.
O cantor Lulu Santos, que estava no espaço, não cansou de dizer que nunca havia escutado coisa tão mais alta e vibrante. Na opinião do crítico de música Tom Leão do Globo o Daft Punk é a versão mais completa e bem acabada de um novo esquema de show desenvolvido pela geração eletrônica dos anos 90.
Outro show bastante esperado da noite foi do neohippie americano Devendra Banhart, que aconteceu no espaço Tim Lab. Mas o rapaz mandou muita gente embora mais cedo, pois iniciou a apresentação com rocks pouco criativos. Na metade da apresentação as composições melhoraram um pouco e animou o público que restava na tenda.
Com longos cabelos e um visual messiânico o Devandra veste roupas, segundo ele, preferidas da mãe ou das namoradas. Aos 25 anos, nascido no Texas, filho de uma Venezuelana, o cantor ressuscitou o folk americano e misturá-lo ao rock. Autor dos celebrados discos “Niño Rojo” (2003) e Cripple Crow (2005) o Devendra acredita que tudo no mundo pode ser harmônico. Fã incondicional Caetano Veloso, que estava nos três dias do Festival, terminou o show com uma canção em inglês do baiano “Lost in the Paradise”.
Patti Smith, Yeah Yeah Yeahs, Bonde do Rolê e Thievery Corporation foram às atrações mais esperadas do segundo dia do festival. A vocalista Karen do grupo suou e berrou muito no palco do Tim Stage dentro de um figurino colorido. Até o microfone ela quebrou e no final ficou rindo. No Tim Lab a noite foi comandada inicialmente pelos curitibanos do Bonde Role que misturou o batidão do funk com o humor das letras como na música “James Bond”, em que questiona sobre a masculinidade do agente secreto mais famoso do cinema americano.
Para um dos curadores do evento, Hermano Vianna, a reação do público é o melhor retorno. E foi o que a roqueira Patti Smith mostrou no sábado, véspera do segundo turno das eleições para presidente. O show de Patti Smith foi, na minha modesta opinião, e sem sombra de dúvidas, o melhor do Festival.
A senhora Smith entrou no palco sem alarde e à medida que tinha contato e resposta da platéia a roqueira se soltava. Entre uma cusparada e outra desfilou clássicos como: “Because the Night” e “Glória”, na qual dedicou aos civis mortos por governos irresponsáveis e aconselhou ao público brasileiro a votar com o coração, lembrando que o “governo trabalha para vocês e vocês para ele”. “Usem suas vozes”, dizia Patti.
A cantora na vitalidade de seus 59 anos mostrou-se entusiasmada com o Brasil e ora empunhando um violão, ora uma guitarra, da qual arrancou aos solavancos as cordas, agradou em cheio o público presente ao cantar seus antigos sucessos, a exemplo de Redondo Beach, Pissing in River. Um dos momentos do show foi quando dedicou a música “Southern Cross” aos homens, mulheres e crianças que morrerem quando seus países foram invadidos por outros governos.
No domingo as atrações foram o italiano Stefano Bollani, Herbie Hancock, Beastie Boys e o mano Caetano Veloso que apresentou para a platéia do Tim Festival seu mais recente trabalho “Cê” que foi pouco citado pela imprensa carioca. Ao lado de uma banda bastante jovem, o guitarrista Pedro Sá, que o conheceu ainda pequeno, Marcelo (bateria) e Ricardo (teclado), Caetano debulhou seu repertório de Cê.
E por incrível que pareça “Cê” agradou ao público que foi a loucura a cada pulinho dado no palco pelo baiano preferido dos cariocas. Com uma platéia bastante jovem o músico optou por cantar, no “bis”, canções como Black or White”. Ao lado de Paulinha e outros amigos Caetano Veloso foi a figura mais fácil de ser encontrada circulando nos quatro dias do Festival na Marina da Glória.
Enfim, shows que nunca teria a oportunidade de ver senão fossem festivais com este, que ao mesmo são duramente atacados revelam surpresas. Apresentações que infelizmente não chega na nossa Paraíba.

Adriana Crisanto

adriana@jornalonorte.com.br

Fotos: divulgação

Matéria publicada no jornal O Norte dia 2 de novembro de 2006.

Escultor de quadrinhos



Ele nunca freqüentou escola de arte, nem fez curso de designer, mas desenha, pinta e faz esculturas como se tivesse freqüentado a mais conceituada escola de arte do país. O nome dele é Zenilton Gomes Albuquerque, mais conhecido por Chico, um escultor autodidata especializado em esculturas de personagens em quadrinhos, comics e super heróis.
Chico é praticamente desconhecido dos paraibanos. Apenas profissionais e interessados na área de esculturas em quadrinhos já ouviram falar dele, mesmo assim muito vagamente. Ele tem sido requisitado principalmente pelos amantes dos quadrinhos e HQ´s para transformar os personagens de quadrinhos em belíssimas estátuas que agrada crianças e adultos.
A modelagem das peças é feita toda em arame, durepox e tinta plástica (brilhante e fosca). A riqueza de detalhes impressiona, os traços são precisos, os cortes feitos nas peças são exatos. Chico foi descoberto por Ana Karina, uma estudante que conheceu o trabalho dele através do seu professor de violão e logo que viu ficou encantada com a qualidade das esculturas e resolveu divulgar o trabalho de Chico na internet, através do website de relacionamentos Orkut, deixando “scarps” e convidando as pessoas para visitar a página do artista. O retorno foi imediato. Várias pessoas começaram a ligar e fazer encomendas. Foi assim que eu também o descobri e convidei-o para visitar a redação do jornal O NORTE para a matéria.
Ao chegar com suas peças à redação parou para admirar o trabalho dele. Chico começou a esculpir ainda criança com massinhas de modelar fornecida pela avó quando morava no bairro da Torre. “Eu via os desenhos na televisão. Queria fazer e fazia. Só que as massinhas não duravam muito. Ao completar 17 anos eu descobri o durepox e comecei a fazer e dar de presente para as pessoas. Nunca tive coragem de divulgar e fazer exposição”, relatou o artista dono de uma timidez contagiante.
Em menos de 20 dias exposto na internet a comunidade de amigos e pessoas interessadas pelo trabalho de Chico chegou a 800 pessoas, que tanto entram para elogiar como fazem pedido das esculturas do artista. Ele já tem encomenda para São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
As esculturas variam de tamanho e peso. “O que você imaginar ele produz. Tanto em desenho como escultura. Para ele não tem grau de dificuldade”, interveio a esposa Joseane Gomes, que o ajuda sempre que pode com os trabalhos do marido.
Para ganhar o pão de cada dia Chico revende seus produtos para algumas lojas da cidade, são souvenir com temas sobre a cidade de João Pessoa. Mas é na série de reprodução dos personagens de quadrinhos que ele surpreende. Outras esculturas estão sendo produzidas como um Incrível Hulk de 40 centímetros. A previsão é de que até o final do ano novos personagens sejam produzidos, a exemplo de Tom e Jerry, Tutubarão, Scoobi-Doo, Supergirl, Mulher-Gato, Hera Venenosa e tantas outras.
No ano passado ele produziu um boneco com a caricatura do senador eleito Cícero Lucena. “Mas eu acredito que ele nem sabe quem foi que produziu, pois eu entreguei a uma pessoa para entregá-lo”, comentou. Os trabalhos de Chico podem ser encomendados através do telefone: 8825.1954 ou com a amiga Ana Karina pelo fone: 3255.0068 ou 9924.5573.

Adriana Crisanto

adriana@jornalonorte.com.br

Foto: Ovídeo Carvalho

Matéria publicada no jornal O Norte.