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quinta-feira, setembro 28, 2006

Paulinho e Lessa em novo duo musical

Foto: Divulgação

Paulo Tapajós Gomes Filho além de cantor e compositor é produtor musical e arquiteto. Paulinho, como é conhecido no meio artístico, faz parte de um time de primeira linha de poetas da geração dos anos 60, 70 e 80, com centenas de músicas gravadas, diversos prêmios em Festivais, parceiros dos mais consagrados compositores e gravado pelos mais atuantes intérpretes da música brasileira.
É dono de uma poesia marcante e extremamente bela. Nasceu no Rio de Janeiro, em agosto de 1945. É filho do compositor, cantor e radialista Paulo Tapajós, com quem teve as primeiras noções de música, e de Norma Tapajós, e irmão do compositor Maurício Tapajós e da cantora Dorinha Tapajós. Durante sua infância, costumava freqüentar o auditório da Rádio Nacional, emissora da qual seu pai era diretor artístico. Cresceu em um ambiente musical, convivendo desde menino com vários artistas, como Emilinha Borba, Marlene e Radamés Gnatalli, que costumavam freqüentar a casa de seus pais. Na adolescência, estudou violão com Léo Soares e Arthur Verocai, que veio a ser seu primeiro parceiro.
Participou, em 1968, do "Música Nossa", projeto realizado com o objetivo de promover encontros entre compositores e cantores em espetáculos realizados no Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro. Nesse ano, teve pela primeira vez registrada uma música de sua autoria: "Madrugada" (com Arthur Verocai), incluída no LP "Música Nossa", em gravação de Magda. Entre 1968 e 1970, destacou-se como compositor premiado em diversos festivais de música, com destaque para sua participação no III Festival Internacional da Canção, no qual obteve o terceiro lugar, na fase nacional, com a canção “Andança” (com Edmundo Souto e Danilo Caymmi), hoje com quase 300 gravações, e no IV Festival Internacional da Canção, no qual obteve o primeiro lugar na fase nacional e o primeiro lugar na fase internacional, com “Cantiga por Luciana” (com Edmundo Souto), hoje com mais de 100 gravações. Recentemente Paulinho lançou o CD “Tantas Canções” com o parceiro Marcelo Lessa, em que faz outro passeio pela musica brasileira e alinha nove parcerias inéditas. Para falar um sobre o novo trabalho e os sucessos antigos Tapajós concedeu está entrevista que segue:

Quanto tempo você e Marcello Lessa são parceiros?
Nos conhecemos em 2000, no Vinicius Piano Bar, e passamos a trabalhar juntos logo depois.

Vocês nunca pensaram na possibilidade de registrar essa parceria em DVD?
Talvez um pouco mais pra frente.

A música popular da década de 1970 tinha um poder psicológico, social, político, espiritual e mágico muito grande. Na sua opinião o que aconteceu com a MPB que é produzida atualmente?
É evidente que os acontecimentos históricos, políticos e sociais vão se modificando. Mas, outros surgem e outras necessidades também. E hoje ainda se faz uma música de boa qualidade, voltada para esses aspectos, por parte de alguns de nossos criadores. O que leva a crer que nada exista neste sentido é o fato de que nada do que se faz de melhor qualidade chega ao grande público. Apenas porque, nem toda, mas a grande mídia, que é quem dita o consumo, está mais interessada, como todos sabem e afirmam, em obter faturamento rápido e não em divulgar a boa cultura, mas essa mantém sua sobrevivência em vários cantos do país, e é só procurá-la que há de se encontrar.

Suas canções e composições ao mesmo tempo em que traz uma sofisticação apresenta uma melodia simples. De onde vem esse maneirismo magistral?
Não saberia dizer com certeza. Fui criado dentro da Rádio Nacional, mas além daquele vasto repertório de canções brasileiras, sempre escutei de tudo o que havia em matéria de música popular e erudita.

Por que esse título “Par e Ímpar”? Foi difícil fazer a seleção de “Tantas Canções”?
Existe também a dualidade no nosso trabalho. E ela no final resulta numa soma. É o reflexo de uma “par-ceria” ou de uma “ímpar-ceria?”. Somos dois criando uma unicidade. Paulinho e Marcello? ou Marcello e Paulinho? Inicialmente foi Viola, Violão e no prosseguimento haverá outros títulos duplos.
Sim, em parte foi difícil, já que das canções inéditas em parceria com o Marcello, o material que ficou pronto até ali foi todo gravado. Mas para as minhas canções conhecidas, que procuramos regravar, sempre fica muito difícil a escolha, pois existe muito mais material do que espaço. E desta vez não ficou nenhum espaço para as canções inéditas com outros parceiros, que ficarão para outro projeto.

Você poderia contar para a nova geração a história da música “Cantiga para Luciana”?
Ela foi feita em maio de 1969 como um gesto de carinho e também homenagem à coragem do enfrentamento de uma gravidez complicada, principalmente naquele tempo, por parte nossa grande amiga Vânia Carvalho que é irmã da cantora Beth Carvalho. Ela havia escolhido esse nome Luciana, caso nascesse uma menina, por ser apaixonada por uma valsa de Tom e Vinicius feita para a filha de Vinicius. Quando ela foi feita, Vânia estava no início da gravidez, e não sabíamos se nasceria uma menina mesmo ou um menino, já que não havia ultra-sonografia na época. Posteriormente em junho, ela foi inscrita no festival Internacional da Canção, em 1969, enquanto viajamos para a Grécia com a Beth. Eu e o parceiro Edmundo, para participar do Festival Internacional de lá. Prosseguimos viajando e acompanhamos de longe os acontecimentos da classificação da música que seria apresentada no Maracanãzinho quando chegássemos. Ela seria defendida pela Evinha que era uma menininha de quinze anos, e estava saindo do Trio Esperança para iniciar carreira solo. Vânia fez uma cesariana no final do mês de julho daquele ano, e chegamos aqui no início de agosto, numa época em que não havia internet ou celular e as ligações telefônicas eram dificílimas de serem feitas de lá da Europa para cá. Chegamos ainda sem saber se havia nascido Luciana ou Ricardo. Eles também não queriam nos dizer, pois nos prepararam uma surpresa. O resto eu creio que todos já sabem. E para quem não sabe, para a nossa alegria, a música venceu o festival em setembro daquele mesmo ano, na parte Nacional pelo voto do público e pelo voto dos jurados, e logo depois em outubro representando Brasil, venceu também a parte internacional outra vez pelo voto do público e pelo voto dos jurados. A Luciana com três meses de idade assistiu no colo da Vânia a final do Festival.

Outra canção que marcou sua carreira foi “Sapato Velho” e que ganhou neste trabalho nova versão para violões. Como se dá essa “coisa” de ter três parceiros compondo uma única música?
Como eu trabalho mais como letrista, essa melodia foi feita pelo Cláudio Nucci e pelo Mu Carvalho, e eu coloquei a letra posteriormente, que é como eu costumo fazer na maior parte das vezes em que trabalho em parceria, seja com um ou dois parceiros... Embora eu atue também como melodista em muitas canções feitas em parceria, as letras sempre cabem a mim.

Você também escreve para o público infantil. Não é isso? Como andam as produções literárias? Você parou?
Andei afastado algum tempo, mas lancei no ano passado mais dois livros infantis, que são lendas amazônicas adaptadas em versos, e que contém vocabulário tupi. São elas, a do Uirapurú, e a da Vitória Régia. Elas têm além da função lúdica, o propósito de serem adotadas pelas escolas para divulgar os costumes e o idioma de nossos índios. Esse idioma embora tenha originado muitos de nossos vocábulos, caiu em desuso e hoje é completamente desconhecido pelas novas gerações.

Um de seus livros “Verde que te quero ver” foi para televisão, num musical que levou o mesmo nome. Hoje a televisão brasileira não mais faz essas produções. O que mudou? Os valores sociais? A economia?
Não creio. Penso que principalmente mudaram as pessoas responsáveis pela programação, que não tem os mesmos valores íntimos e interesses para realizarem estas produções, já que há investimentos altíssimos em outros produtos televisivos, e tanto o público infantil, como o público que consome música, continua sendo segmentos de grande retorno comercial.

Adriana Crisanto

adriana@jornalonorte.com.br

Paraibanos no Oscar


Foto: Divulgação - Atriz Zezita Matos (meio) no elenco do filme

O longa-metragem “Cinema, Aspirinas e Urubus”, dirigido pelo estreante pernambucano Marcelo Gomes, é um dos filmes que estão na lista dos indicados pelo Ministério da Cultura para disputar uma indicação ao Oscar 2006 de melhor produção em língua estrangeira.
"Cinema, Aspirinas e Urubus" conta a história de dois viajantes que, em 1942, introduzem o cinema em empobrecidos e pequenos municípios do nordeste brasileiro. Os dois empreendedores, um alemão que foge de seu país durante a II Guerra Mundial e um brasileiro que tenta fugir da seca que afeta o nordeste brasileiro, não só levam o cinema as pessoas que nunca tinham sonhado com a novidade, como também oferecem a seu público aspirinas, que apresentam como um remédio "milagroso".
Para surpresa de alguns estão em cena cinco paraibanos. Entre eles as atrizes Zezita Matos e Verônica Cavalcante, e os atores Nanego Lira, Mano Fialho, além da participação especial de Fernando Teixeira e Humberto, que apesar de terem gravado, não tiveram as cenas selecionadas, mas que aparecem nos créditos do filme.
A atriz Zezita Matos, que faz apenas uma ponta neste filme, desponta neste longa como uma senhora vendedora de galinhas, que pega carona no caminhão do vendedor de aspirina. Zezita diz que apesar de ter sido uma participação pequena ficou muito feliz com a sua atuação. “Foi uma surpresa para todos. E pelo Marcelo Gomes, que apesar de muito jovem é um diretor tranqüilo que merece chegar onde está chegando”, disse Zezita Matos que também faz outra participação no filme experimental “O Céu de Suelli”, onde interpreta a avó da personagem principal do filme.
Na opinião de Zezita Matos, um dos aspectos intrínsecos do filme é que ele apresenta para o público não apenas o nordeste sofrido da seca, mas aspectos que até então ninguém havia observado, como a fuga de estrangeiros para o nordeste do Brasil, uma vez que só se pensava que estes migravam apenas para o sul e sudeste do Brasil.
O júri, escolhido pelo próprio Ministério de Cultura, foi integrado por seis representantes do Governo e da indústria cinematográfica. O filme de Marcelo Gomes venceu o favorito em pesquisas realizadas por meios de comunicação. Os outros filmes que disputaram a candidatura brasileira ao Oscar foram: "Árido Movie", de Murilo Salles; "A Máquina", de João Falcão; "Bens Confiscados", de Carlos Reichenbach; e "Cafundó", de Paulo Betti e Clóvis Bueno.
Também se inscreveram na disputa "Depois daquele Baile", de Roberto Bontempo; "Doutores da Alegria", de Mara Mourão; "Estamira", de Marcos Prado; "Irma Vap - O Retorno", de Carla Camurati; "O Maior Amor do Mundo", de Cacá Diegues; "Tapete Vermelho", de Luiz Alberto Pereira; e "Vida de Menina", de Helena Solberg.
É neste cinema para sonhar e nesta aspira para dor que o cinema brasileiro persegue a estatueta que deverá ter sua solenidade de entrega direto de Beverly Hills, Califórnia. Na internet e nas agências de notícias já estão circulando o nome dos principais indicados para receber a estatueta mais cobiçada do mundo do cinema. Um dos filmes que lidera as indicações de melhor filme é "O Segredo de Brokeback Mountain" e ainda: Capote, Crash – No Limite, Boa Noite e Boa Sorte, Munique.
Na categoria de melhor ator estão concorrendo: Philipe Seymour Hoffman (Capote), Heath Ledger (O Segredo de Brokeback Mountain), David Strathairn (Boa Noite e Boa Sorte), Joaquin Phoenix (Johnny e June), Terrence Howard (Ritmo de um Sonho).
Concorrendo ao prêmio de melhor atriz estão na lista: Reese Witherspoon (Johnny e June), Judi Dench (Sr. Henderson Apresenta), Felicity Huffman (Transamerica), Charlize Theron (Terra Fria), Keira Knightley (Orgulho e Preconceito). Na categoria de melhor diretor concorrem: Ang Lee (O Segredo de Brokeback Mountain), George Clooney (Boa Noite e Boa Sorte), Steven Spielberg (Munique), Bennett Miller (Capote).
Entre os filmes estrangeiros estão: Paradise Now, Don't Tell, Joyeux Noël, Sophie Scholl: The Final Days, Tsotsi. Na categoria melhor documentário estão concorrendo: A Marcha dos Pingüins, Street Fight, Murderball, Enron: The Smartest Guys in the Room, Darwin's Nightmare e outras tantas categorias. A lista completa dos indicados pode ser acessada através do endereço eletrônico: http://br.yahoo.com/oscar/indicados.html.
Adriana Crisanto

Zefirina Bomba lança primeiro CD

Com um nome bastante esquisito, “Noisecoregroovecocoenvenenado”, escrito assim tudo junto, a banda paraibana Zefirina Bomba, lançou, no mês passado, pelo selo-gravadora Trama Virtual, seu primeiro trabalho autoral. A banda, que fixou residência na capital paulista, traz neste disco um trabalho bem diferente do que vinha produzindo na garagem de casa.
Gravado no melhor estilo nordestino de se fazer rock, os produtores e a divulgação reclamaram, que a mídia local nem deu tanto destaque assim ao trabalho da banda como a imprensa do sudeste. A Folha de São Paulo, diz a produção, deu metade de uma página ao grupo da Paraíba.
Todas as quinze letras são de autoria do fundador da banda, o guitarrista, Ilsom Barros, um pernambucano, que se sente mais paraibano do que qualquer nativo. A banda amadureceu bastante e deixou de lado o estilo meio “mangue beat de ser” do início para investir num som mais pesado e ligeiro, muito embora ainda apresente numa e outra música um timbre sutil e amaneirado de ritmos nordestinos.
Munido de um violão eletrificado com cordas de aço e as vezes cordas normais de um violão antigo e surrado Ilsom Barros tira solos pesados com toda distorção necessária para o estilo de som que tentam imprimir. As letras das músicas não parecem tolas, mas estão carregadas de uma poética de cordel, como na canção “Oportunidade” em que diz: “Seu doutor me dê uma chance. Pra eu mostrar minha força. Ajuda a vingar meu sustento. E se eu tiver uma oportunidade eu lhe provo que to disposto. Me ajuda a vencer meu sustento. E mostrar que eu sei”.
A atitude irreverente do rock e toda sua indignação vem estampada na décima faixa “Vá se Foder”. A música tem poucos minutos. Você não entende muita coisa, mas como diz o próprio guitarrista, no encarte do disco: “Mas quem se importa?”. É nesse fazer de coisas que o trabalho segue irreverente e tem chamado a atenção dos ouvidos mais aguçados e exigentes do sul e sudeste do país.
“Power-trio”, “banda pós-punk” são alguns dos adjetivos que estão qualificando o grupo paraibano. Quanto surgiu, fazia parte ainda da banda o baixista Edy Gonzaga (ex-Flávio C). Hoje o grupo é formado por dois nordestinos Ilsom Barros (violão eletrificado) e Guga (bateria), e um paulista Martim (baixo) que se encantou com o trabalho do grupo desde que os viu tocar pela primeira numa noite em São Paulo. Neste trabalho ninguém é melhor que ninguém. O baixo distorcido aparece forte e com destaque na faixa 14 (HC) e a bateria exibe todo o seu peso sincopado em músicas como “A-M-N”.
O nome da banda foi dado por Ilsom quando conheceu, na infância, uma velha lavadeira que trabalhava na casa de seus pais em João Pessoa e que ganhou o apelido de Bomba por causa do barulho que fazia ao bater com a roupa molhada na pedra à beira do rio. Ilsom integrou a banda Pau de Dá em Doido (pop-rock com forte acento regional). Depois que a banda acabou resolveu buscar novos parceiros e rever seus objetivos musicais. Guga foi um dos caras que topou juntar bateria e baixo a uma certa viola-guitarra inventada pelo próprio Ilson para formar o Zefirina Bomba, cuja relação com a velha lavadeira não está somente no nome, mas também no som que os três músicos perseguem: um rock direto, de impacto, feito com vigor, como a pancada da roupa molhada na pedra.
Para quem gosta de som pesado eis a dica: o disco “Noisecoregroovecocoenvenenado”da Zefirina Bomba. É peso do início ao fim. Os ouvidos descansam um pouco apenas na 15a faixa, “Enquanto Otacílio Batista Explicava”, em que rendem uma homenagem ao repentista pernambucano Otacílio Batista. O repentista, que estava radicado em João Pessoa há vários anos, faleceu em 5 de agosto de 2003. Foi autor de livros como: Poemas que o Povo Pede; Rir Até Cair de Costas; Poema e Canções; e Antologia Ilustrada dos Cantadores, este último com F. Linhares. Versos de Otacílio foram musicados pelo compositor Zé Ramalho, dando origem à canção “Mulher Nova Bonita e Carinhosa”, gravada inicialmente pela cantora Amelinha e depois pelo próprio Zé Ramalho. A canção foi tema de uma filme brasileiro sobre Lampião, o Rei do Cangaço. Em João Pessoa, o disco está sendo vendido na loja de discos “Música Urbana”, localizada no centro da cidade. Agora quem quiser escutar uma prova do trabalho da Zeferina pode acessar o site da Trama Virtual, através do endereço eletrônico: http://www.tramavirtual.com.br/zeferina. Lá o internauta vai encontrar também galeria de fotos, o premix do disco e algumas canções do primeiro CD-demo.
Adriana Crisanto
Serviço:
Banda Zefirina Bomba
Título: "Noisecoregroovecocoenvenenado"

quarta-feira, setembro 27, 2006

"Deputados, senadores e vereadores são o câncer da política do Brasil"



A voz de Jorge Vercilo irá ecoar pelo litoral paraibano nesta sexta-feira (22). O cantor se apresenta na casa de shows Forrock a partir das 22h00. Os ingressos estão a venda na bilheteria da casa ao preço individual de R$ 15,00. O camarote para 10 pessoas custa a bagatela de R$ 500,00. As mesas-camarote, aquelas que ficam no meio do salão, espremendo a multidão, custam R$ 200,00 e o camarote individual R$ 50,00.
No show de logo mais o cantor e interprete apresenta as canções do DVD ao vivo, gravado em abril deste ano no Canecão, Rio de Janeiro. O show, segundo Vercilo, é uma mutação do último disco da carreira “Signos de Ar” e outras canções que se tornou sucesso na voz do interprete.
Ontem Jorge Vercilo se apresentou em Campina Grande e também ontem, cumprindo uma lotada agenda de compromissos, concedeu entrevista coletiva a imprensa e aos fãs numa agência de propaganda da Capital. Nesta entrevista o artista fala principalmente sobre o novo trabalho, mas não deixa de questionar aspectos da política e de suas canções. Leia a entrevista:

Como foi para você gravar um DVD ao vivo?
Foi e está sendo surpreendente. Porque eu sempre relutei muito em gravar um DVD ao vivo. Sempre achei que um DVD ao vivo fosse um projeto e nunca fui motivado por projetos. Até porque essa cultura de regravação que as pessoas vinham e vem fazendo não me agradava muito. Era um tanto apelativo. Ultimamente a MPB tem fugido um pouco deste perfil e eu tenho achado legal. Mas está sendo ao mesmo tempo uma surpresa agradável, porque sempre achei que fosse me realizar como interprete e cantor no disco, gravando em estúdio, porque você tem a possibilidade de gravar a voz várias vezes no mesmo canal. Sempre fui muito crítico e achava que ao vivo não iria ficar bom tecnicamente. Acabou que gostei mais dessas músicas gravadas no ao vivo do que a gravação das mesmas no disco original. Talvez porque tenha observado meu amadurecimento na voz, enquanto timbre, nas músicas mais dançantes, como também nas músicas mais lentas com a voz mais emotiva.

Não te seduz a proposta do projeto MTV acústico por exemplo?
Não sei. Até porque a MTV nunca me tocou. Nunca estive presente dentro da MTV. Sou um completo desconhecido dentro do universo da MTV. Talvez porque a empresa tenha um perfil mais pop rock. Não sei o que acontece especificamente. Nunca tive essa expectativa.

Você deixou de colocar uma música em um de seus álbuns. Por quê? Não quis misturar as coisas por estarmos em ano eleitoral?
Em deixei duas músicas de fora. Uma com conteúdo político e outra romântica. A com conteúdo político é um rap chamado “A Cidade e seus Meninos”. E esse rap bate, mete o pau mesmo, em tudo quanto é político. Principalmente os deputados, senadores, vereadores que para mim são o câncer da política no Brasil. Esse congresso que não anda, onde você tem que pagar o mensalão para que o político compareça ao plenário e faça o trabalho dele. É tanto que acho ingenuidade ou hipocrisia as pessoas que se posicionam contra o governo Lula. Você não votar pelo governo que ele vem administrando é aceitável. Agora não votar por causa do mensalão é uma loucura. Até porque já é loucura pensar que algum político seja santo. Eu votei em Lula alguns anos. Hoje tenho dúvidas se voto nele ou no Cristovam Buarque, porque acho que ele traz uma proposta importante, embora a gente saiba que neste momento não tenha tanta chances de ser eleito.
Essa música tem um refrão que falava assim: “Será que a gente esquece de quem é estando no poder”. E tinha certeza que essa frase a oposição iria usar para atingir o Lula. Me senti mal ao pensar na possibilidade de que minha música acabasse virando “jingle” eleitoreiro para muito safado colocar no interior do Brasil rodando em carrinho. Eu achei que não era o momento. Neste momento eu chego a triste conclusão de que tanto faz o Serra, Lula, Alkimim ou Buarque. Porque o sistema está tão corrompido que não sabemos em que votar. Eu penso que cidadão nenhum chegando lá, querendo fazer um bom trabalho, consegue realizar alguma coisa. O que ainda tenho fé é na pressão do povo.

E a outra música?
A outra que acabou não entrando foi o soneto “Fidelidade” de Vinícius de Moraes. Aquele poema que o mais conhecido dele: “Que não seja eterno posto que é fama. Mais que seja infinito enquanto dure”. Esse poema ficou num estilo meio bossa nova com aquela vibe de Tom Jobim. Acabou entrando na novela Páginas da Vida. Só que a família do Vinicius de Moraes brecou. Eu também fiz isso sem pedir autorização a eles. É claro que na hora de registrar no DVD nós fomos pedir autorização e eles explicaram que não era nada relacionado a mim e a meu trabalho, mas que era uma regra. Chico Buarque ligou para mim família também porque ouviu e gostou. Ana Carolina também pediu para que liberassem. Manoel Carlos também ligou pedindo para liberar. Mas ninguém conseguiu liberação. Enfim, eu não concordo com o argumento deles, mas entendo e respeito.

Você tem uma música em parceria com o paraibano Bráulio Tavares. Que canção é essa?
Se chama “Olhos de Nunca Mais”. É uma balada do meu quatro disco “Elo”. Ela não entrou neste trabalho porque não se tornou uma música conhecida. Mas é uma das músicas que dá muito prazer de cantar. É uma música forte que eu chamo lado B. Para mim as perolas da MPB ainda estão escondidas no lado B. São as música que não foram trabalhadas ainda. Bráulio é um letrista incrível. Sou fã de várias músicas dele em parceria com Lenine. Conheci o Bráulio na casa de Elba e foi quando surgiu essa parceria.

E o que você tem a dizer da crítica?
Os críticos são os que menos entendem o que eu faço. A elite da imprensa que se autodenomina "formadores de opiniões" são os que menos entendem o que faço e o que muitos fazem. Caetano Veloso, por exemplo, não fala mais com a revista Veja. Fizerem outro dia uma matéria grotesca com Vanessa Mata outro dia. Logo ela que é uma cantora ótima. Uma menina talentosa que teve o mérito de compor uma música que se tornou sucesso nacional. Estourou e atingiu a todos. Por causa desse sucesso a imprensa elitizada começou a chamá-la de chata, porque estava tocando muito na rádio. As pessoas que entendem meu trabalho é o público mesmo.

Algumas pessoas dizem que seu timbre de voz se assemelha a do Djavan. Em 2000/2001, você respondeu a crítica dizendo para as pessoas lerem o release escrito pelo Ed Motta...
Não lembro do que falei mas, na verdade, a minha resposta continua sendo a mesma. No meu site, na internet, tem como você chegar lá. É aquela coisa. Vocês é quem decidem. Eu acho Djavan um dos caras mais bacanas do planeta. Assim como gosto muito de Steve Onder, hoje minha maior influência. Só que as pessoas não percebem outras coisas. Quando eu canto Fênix está lá o Milton Nascimento, Flávio Venturini, assim como está também o Jorge Vercilo. Então... é chato sim ser comparado. Porque as pessoas não falam da qualidade do meu trabalho? A imprensa, muitas vezes, usa o Djavan para me atingir, numa mediocridade muito grande. Tem tanta coisa para se falar sobre meu trabalho. Por que sempre trazer esse assunto a baila? Eu ganhei o prêmio Tim, as pessoas estão reconhecendo meu trabalho. Isso é importante.

Adriana Crisanto

Serviço:
Show: “Jorge Vercilo ao Vivo” – com participação das bandas Auto Pista e Raízes

Local: Forrock – Tel 3331-1210
Data: 22 de setembro de 2006 (sexta)
Horário: 22hs
Preços: Pista: R$ 15,00; Camarote (p/ 10 pessoas): R$ 500,00; Mesas-Camarote: R$ 200,00 e Camarote Individual: R$ 50,00
Vendas: Forrock: 3246-5858 e CCAA: 3226-1561.
Foto: Divulgação
Matéria publicada no jornal O Norte em setembro de 2006.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Saberes da Mundialização





Constantemente escutamos alguém falar sobre globalização. A palavra é utilizada para designar um processo típico da segunda metade do século XX que conduziu a crescente integração das economias e sociedades dos vários países, especialmente no que se refere à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros, e à difusão de informações e de culturas.
Dizer que a cultura está globalizada é dizer que ela ultrapassou as fronteiras do mercado local e conseguiu atingir outros nichos, outros países, mesmo que se afrontando. Mas, será mesmo que isso acontece? O que sabemos é que a disseminação da cultura globalizada tem influenciado os padrões de comportamento, provocando uma verdadeira ou falsa valorização da tradição e um fortalecimento dos regionalismos manifestos na identidade cultural. Nos últimos anos ela tem se fixado como uma construção social estabelecida e tem feito as pessoas se sentirem mais próximas, mas não semelhantes.
Vários autores escreveram sobre o assunto, a exemplo de Canclini, Castells, Featherstone, Giddens, Hall. Entre os sociólogos brasileiros estão Otávio Ianni (um dos maiores sociólogos brasileiro já falecido) e Renato Ortiz que evidenciam, em recentes estudos, que a atual fase da globalização vem provocando reações que buscam uma redescoberta das particularidades, das diferenças e dos localismos.
Para entender um pouco mais sobre este processo entrevistei o professor paulista Renato Ortiz, na tentativa de saber como se encontra hoje as discussões a respeito da globalização da cultura. Com um recente livro lançado pela Editora Brasiliense, intitulado “Mundialização, Saberes e Crenças”, o professor Ortiz comentou como surgiu seu interesse pelo tema, fala sobre a dificuldade das ciências sociais em abordar novas questões sobre a sociedade, faz algumas criticas ao monopólio da força da Organização das Nações Unidas (ONU), a institucionalização das pesquisas científicas e outros assuntos. Leia a entrevista:


Quando e como surgiu o seu interesse em estudar o processo de globalização da cultura?
Meu interesse pelo processo de globalização partiu inicialmente do Brasil. Eu havia terminado meu livro "A Moderna Tradição Brasileira", e no último capítulo, avancei a idéia de uma cultura "internacional popular". Ou seja, parecia-me impossível compreender um conjunto de aspectos da realidade brasileira limitando-se ao contorno de uma única nação. Isso levou-me a expandir minha compreensão sobre a modernidade, que agora adquiria uma dimensão mundial, e elaborar um projeto sistemático de estudo que redundou nos diversos livros que venho publicando desde então.

Quando o senhor e o professor Otávio Ianni começaram a discutir sobre globalização das sociedades e mundialização da cultura nas Ciências Sociais parecia que eram fenômenos distantes de nós humanos. Passado todo o impacto que os estudos provocaram na época, como é que o senhor observa nos dias atuais o processo da globalização e mundialização da cultura?
Comecei a trabalhar a problemática da globalização no final dos anos 80, e logo em seguida, Ianni também se interessou pelo tema. Sorte minha, nesses anos todos pudemos conversar e discutir sobre o mundo contemporâneo, suas transformações e dilemas. Ainda no início dos anos 90 iniciamos um seminário no Instituto de Estudos Avançados da USP, e ganhamos um interlocutor de peso, Milton Santos, que juntou-se à nós. Neste momento a problemática era ainda incipiente nas Ciências Sociais e muitos, sobretudo, à esquerda, acreditavam tratar de um simples fenômeno ideológico, carente de qualquer base material concreta. Digamos que de uma certa forma "nadamos contra a corrente".

As Ciências Sociais acordou de fato para a dimensão dessa realidade?
Sim e não. O sim pode ser avaliado no conjunto de reflexões que encontram-se materializadas em livros e artigos, e o digo, em escala mundial. O não, mostra quanto as Ciências Sociais têm dificuldade para abordar problemáticas novas, principalmente aquelas que implicam na renovação, pelo menos parcial, do quadro conceitual com o qual elas operam. O tema da globalização não é apenas um tema novo, ele requer a revisão de um conjunto de conceitos tradicionais da disciplina. Por exemplo: o Estado-nação. Não se trata de pensar o seu desaparecimento, isso é insensato, mas compreender criticamente, como as Ciências Sociais tomaram o Estado-nação como uma evidência para construir muitas de suas categorias de pensamento. Esta "evidência", hoje se esvaneceu.

Na sua opinião, como se encontra a pesquisa científica nas Ciências Sociais e Humanas?
No caso brasileiro é possível dizer que o desenvolvimento de um sistema de pós-graduação em escala nacional impulsionou a prática das Ciências Sociais de uma forma até então desconhecida. Ela se "rotiniza" (deixa de ser excepcional) e se institucionaliza permitindo que um conjunto de pesquisas possam ser realizadas. Possuímos hoje, devido à uma serie de estudos específicos, um conhecimento maior do que no passado a respeito de várias manifestações sociais. O desenvolvimento da Sociologia, Antropologia, Ciência Política, História, certamente contribuíram para isso. No entanto, as Ciências Sociais se especializaram demasiadamente. Perde-se assim uma visão de totalidade, que na prática, devido à uma certa taylorização do conhecimento, contenta-se com uma perspectiva parcial e fragmentária dos fenômenos sociais.

Durante a jornada multidisciplinar promovida pelo Departamento de Ciências Humanas da Unesp, em Bauru, no ano de 2002, numa de suas palestras, o senhor explicava que a globalização "não é um paradigma e nem era o fim da nação". Daria para o senhor explicar a diferença entre globalização e mundialização para os nossos leitores?
A globalização é um processo que define uma situação específica. Não se trata de um paradigma novo que substituiria um paradigma velho. Esta visão dualista nada traz de útil. Na situação de globalização o velho e o novo se manifestam, convivem, se complementam e entram em conflito. Neste sentido, não há porque imaginar o fim da nação. Como formação social ela permanece nesta situação, isto é, um contexto no qual suas forças e ambições são modificadas. Quanto à diferença conceitual que forjei entre mundialização e globalização, ela tem a intenção de distinguir diferentes níveis de um mesmo processo. A idéia de global refere-se à noção de unicidade: vivemos um único mercado global (o capitalismo) e um único sistema técnico. Mas não é possível dizer, vivemos uma única cultura global. Para exprimir esta diferença entre a dimensão econômica e tecnológica de um lado e a dimensão cultural de outra, preferi dizer: o processo de globalização tecnológica e econômica se associa ao da "mundialização" da cultura. Ou seja, existe um movimento de integração econômica, comunicacional, tecnológico em escala global, mas ele não configura "uma" cultura global, e sim um contexto no qual diversas culturas e concepções de mundo se afrontam. Dito de outra forma: a globalização não é sinônimo de homogeinização.

No meio de tantas guerras e distorções socais na sua opinião para que serve a construção dessa ordem internacional tão discutida pela Organização das Nações Unidas (ONU)?
Toda a discussão em torno da ONU diz respeito ao monopólio da força. Ou seja, quem possuiria a legitimidade de deflagrar conflitos armados em escala mundial. Há uma tensão entre a vontade do Estado-nação (por exemplo a invasão do Iraque pelos Estados Unidos) e uma instituição, constituída por vários estados-nação, cuja pretensão é arbitrar a ordem internacional. O problema é que a ONU é uma herança do início da guerra fria, ela privilegia os países que possuem o direito de veto e marginaliza os outros, inexistentes, do ponto de vista decisório,

Algumas pessoas falam bem da globalização/mundialização e outras mal de suas teorias. O que de bom e de ruim traz o processo de globalização/mundialização da cultura para sociedade?
Uma teoria não é nem boa nem má, a não ser do ponto de vista da compreensão dos fenômenos que procura explicar. A realidade é no entanto, outra coisa. No contexto da globalização existem certamente mais problemas do que virtudes. Ao se romper a ordem das coisas o mundo contemporâneo tem dificuldade em encontrar um caminho a ser trilhado. O futuro imaginado no projeto do Estado-nação, torna-se agora duvidoso. Neste sentido, vivemos uma era de maior incerteza e de pessimismo. Há ainda uma "ideologia da globalização" que se exprime particularmente nas propostas das grandes transnacionais, elas nos dizem que o mundo do mercado é o reino da felicidade e se esforçam em nos convencer de que tudo está bem.

A literatura da área mostra que o senhor é um dos poucos pesquisadores brasileiros que se dedica ao estudo e análises em torno de questões tais como modernidade e pós-modernidade, internacionalização, globalização e mundialização. Por que isso acontece?
Provavelmente porque acredito que não se possa mais explicar a realidade exclusivamente a partir de um ponto de vista nacional. As Ciências Sociais na América Latina têm uma obsessão pelo nacional, isso nos impede de pensar outras coisas.

Quais as conseqüências da globalização para as novas gerações?
É difícil de se avaliar. Elas certamente terão um horizonte de socialização mais amplo do que as gerações anteriores, imersas apenas nas realidade locais e nacionais. No entanto, elas terão também de enfrentar os problemas e os desafios que esta nova realidade impõem.

Quais as conseqüências da modernidade na produção cultural dos países de economia periférica?
Como podemos separar, de forma didática, as culturas "produzida pelas instituições governamentais" e a cultura que nasce e se recria nas feiras livres do interior deste imenso país.

Em pleno século XXI, as análises da Escola de Frankfurt ainda são válidas para separar as culturas erudita, popular de massa?
Os pensadores frankturtianos nos deixam um herança importante, a necessidade de pensarmos criticamente a sociedade e não nos conformarmos com as explicações correntes do senso comum e dos interesses particulares. Entretanto, é necessário compreender que este tipo de reflexão encontra-se vinculado à um contexto muito específico, a emergência da sociedade industrial de massa (particularmente nos Estados Unidos dos anos 40) que encontra-se hoje inteiramente modificado. A própria oposição entre cultura erudita e popular, dificilmente poderia ser trabalhada nos termos em que foi elaborada anteriormente.

O senhor considera que os intelectuais brasileiros estão afastados das manifestações de cultura popular?
A questão não é mais a distância entre intelectuais e cultura popular. O próprio conceito se transforma com o advento da modernidade industrial (trabalhei este aspecto em meu livro "A Moderna Tradição Brasileira") e a mundialização da cultura. A questão é saber de que cultura popular estamos falando.
Adriana Crisanto

sexta-feira, setembro 08, 2006

Terra da Gente Paraíba





A bordo de uma camionete blazer o fotógrafo Guy Joseph percorreu, por quase dois anos, o interior do Estado da Paraíba fotografando as belezas naturais, o povo e a cultura paraibana. A idéia, que começou solitária e informal, ganhou corpo, apoio da família, dos amigos e por fim das leis de incentivo cultural e transformou-se no projeto Expedição Terra da Gente Paraíba.
O projeto inicialmente resultou num sítio na internet e em seguida em um livro de fotografias que leva o mesmo nome “Terra da Gente Paraíba”, encartado pela Gráfica Santa Marta e que será lançado nesta quinta-feira (31), às 20h30, na Usina Cultural da Saelpa, localizada na Rua Juarez Távora, 243, no bairro de Tambiá. Paralelo lançamento haverá ainda exposição das fotos em painéis no local que poderá ser visitada de terça a sábado, das 14 às 20h00 até o dia 5 de setembro.
O livro foi impresso em off-set sobre papel couchê fosco e contém 280 fotos coloridas, com introdução e apresentação e depoimento do jornalista Petrônio Souto, Carlos Cordeiro de Mello (Rio de Janeiro), o escritor José Nêumanne Pinto, Evandro Nóbrega, Juca Pontes e do fotógrafo João Lobo, também responsável pela edição das fotografias.
De acordo com o fotógrafo Guy Joseph, o mais difícil foi fazer a triagem das fotos, do que poderia entrar e o que ficaria de fora desta edição. “Ficaram de fora quase dez mil fotografias. Tenho a convicção que não esgotei o assunto”, comentou o fotógrafo que disponibilizou o material que não entrou no álbum no endereço eletrônico http://www.terradagenteparaiba.com/. Lá o internauta vai encontrar um diário de bordo, uma galeria, o roteiro da viagem, flagrantes, méritos, central de notícias e um mural de recados.
Quem o ajudou na seleção das fotografias foi o também fotografo João Lobo. O critério usado para seleção foi o impacto. “Fosse do ponto de vista fotográfico, artístico, ou do próprio assunto abordado”, explicou.
Um dos momentos marcantes da expedição, segundo Guy, foi quando se perdeu dentro de um canavial. Por não conhecer a região, ficou rodando em círculos sem encontrar o caminho de volta. Foi quando resolveu adquirir um aparelho GPS que auxilia aventureiros a se orientar nas estradas e trilhas.
Os caminhos percorridos pelo fotógrafo foram muitos, não só na expedição mais em sua vida relacionada a fotografia. Guy Joseph contou que havia abandonado praticamente a fotografia quando sua irmã trouxe da França uma câmera digital de 1 mega pixes. Desde então não parou mais de fotografar e se apaixonar pela fotografia enquanto arte, principalmente a fotografia tradicional.
A fotografia de Guy Joseph, por vezes, ultrapassa os limites do registro meramente documental. As fotos desmascara o cotidiano, no que ele tem mais diário e verdadeiro, indo além da preocupação com a luz. Estabelecendo um olhar plural sobre a fotografia paraibana Guy diz que o Estado da Paraíba possui hoje excelentes profissionais e não deixa a desejar a nenhum outro país.

Sobre Guy

O paraibano Guy Joseph é fotógrafo profissional, designer gráfico e artista plástico. Começou a fotografar na década de 1960, com uma Pentax que era a sensação da época. Foi aluno de desenho e pintura do Departamento Cultural da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), entre os anos de 1963 a 1967. Realizou vários trabalhos com áudio visual. Residiu vários anos no Rio de Janeiro, onde fotografou vários momentos da cidade. Voltou para a Paraíba em 1970. Participou de diversas exposições coletivas na Paraíba e em Pernambuco.
Em 1966, participou do movimento Etapa-6 que reuniu artistas plásticos que faziam parte da vanguarda. Dois anos mais tarde lançou o álbum de serigrafia intitulado “América, América”. Participou a exposição coletiva em Connecticut (EUA). Em 1976, realiza exposição individual na Galeria da extinta Vasp, em São Paulo. Publicou o álbum “Paraíba Monumentos I”, editado com o apoio do governo do Estado.
No ano de 1985 sua agência de publicidade foi convidada para montar as comemorações do 4o Centenário de Fundação da Paraíba. Em parceria com o poeta Juca Pontes edita a Revista “Em Dia”, que tinha como publico-alvo as artes e a cultura da Paraíba.
Em 1999, é premiado em concurso para escolha da logomarca do projeto carnavalesco Folia de Rua. Três anos mais tarde, adotando a tecnologia digital, realiza a 1a Exposição Fotográfica denominada “Caras, Bocas e Purpurina” na Galeria Tomaz Santa Roza do Casarão dos Azulejos. Suas infogravuras, em 2003, foi selecionada para participar do XI Salão Municipal de Artes Plásticas da cidade de João Pessoa. Em novembro do mesmo ano participa da II Bienal da Gravura no IX Festival Nacional de Arte (Fenart). É membro do Clube da Gravura da Paraíba.
Adriana Crisanto

sexta-feira, setembro 01, 2006

Lenine em versão acústica

Lenine, Gabriel Pensador (esq.) e Paulo Moska




Adriana Crisanto

Gravado em junho deste ano no auditório Ibirapuera, em São Paulo, o show "Acústico MTV" do cantor e compositor pernambucano Lenine acaba de chegar as lojas de discos e nas carrocinhas piratas do país. O cantor vem acompanhado por seus habituais músicos: Júnior Tostoi (guitarra), Guila (baixo) e Pantico Rocha (bateria), além de Julieta Venegas, que cantou e tocou acordeon na canção Medo de Lenine em parceria com Pedro Guerra.
Participaram ainda o cantor e baixista de Camarões Richard Bona na música “A medida da paixão” dele e Dudu Falcão, o baterista Iggor Cavalera, em “Dois olhos negros”, o rapper de Brasília GOG na canção “A ponte” (Lula Queiroga), a harpista Cristina Braga em “Paciência” (parceria com Dudu Falcão). Com o chileno Vitor Astorga ele canta “O último pôs do sol”, um oboé magistral. Convidado ainda foi o mestro Ruriá Duprat que tocou piano e fez os arranjos de cordas e metais em várias músicas. “Todos os convidados foram pessoas com quem cruzei ao longo da minha carreira e sempre tive afinidade”, contou Lenine numa boa conversa por telefone, na última sexta-feira.
Em entrevista, na última sexta-feira, Lenine disse que este projeto musical com a MTV acabou sendo realizado em muito pouco tempo. “Não que tenha me rendido ao projeto MTV. O engraçado é que me renderam, pois eu estava em turnê e eles entraram em contato comigo. Foi tudo muito rápido. Eles tem uma equipe técnica de som, luz e imagem muito competente e isso contribuiu bastante”, comentou.
O disco foi lançado, mas o DVD sairá no final de setembro devido a reservas e direitos que precisam de autorização. O programa especial “Lenine acústico MTV” foi exibido no dia 27 de agosto e está sendo distribuído pela Sony BMG, e teve a direção de Romi Atarashi, cenário de Zé Carratu e desenho de luz de Marcos Olívio. Numa breve entrevista Lenine fala deste trabalho. Leia a entrevista:

Quando você andava pelos quintais da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte cantando e bebendo na fonte da música regional imaginava que seu trabalho pudesse ultrapassar tanto as fronteias?
Sem falsa modéstia eu imaginava sim. Porque eu sempre gostei de rock e sabia que precisava sair para alçar outros vôos e que tudo seria uma conseqüência se não deixasse morrer meu sonho.

Por que só agora você se rendeu ao Acústico da MTV?
Não me rendi. Me renderam (risos). Foi tudo muito rápido. Estava em turnê quando eles entraram em contato para realizar o projeto e fiquei surpreendido com o resultado final.

O que foi mais difícil neste trabalho fazer os arranjos mais lentos para uma versão acústica ou subir no palco e cantar?
Não digo que tenha sido mais difícil, mas sim diferente. Foi um projeto que nunca havia feito e também fazia tempo que não gravava nenhum trabalho autoral e tinha poucas canções para colocar num único trabalho acabei colocando neste trabalho. Além de que eu estava com saudade de fazer um trabalho com essa banda que me acompanha há quase dez anos, como o Pantico Rocha, Júnior Tostoi e Guila.

E como está o produção do disco da cantora Elba Ramalho?
Está caminhando. Nós paramos agora devido a minha agenda de shows e também a agenda da Elba que é super lotada. É um trabalho todo autoral e inédito da Elba que está sendo gravado em estúdios aqui em São Paulo e no Rio de Janeiro.

E a trilha do espetáculo do grupo Corpo quando sairá?
Esse sairá em 2007 com certeza e tem sido muito bom trabalhar com o grupo, pois eles me dão total e inteira liberdade para criar e isso é muito bom. Para você ter idéia quando eu perguntei a eles se tinham alguma idéia ou preferência a única coisa que eles disseram foi que eu ficasse livre para criar. Isso é muito gratificante e bom porque mostra que as pessoas confiam no seu trabalho ao mesmo tempo em que é uma responsabilidade muito grande.

Cantor, compositor, produtor e arranjador. Quais destas atividades você se identifica mais?
Tudo isso foi conseqüência de ser compositor. Foi compondo que passei a produzir, depois a cantar. Eu basicamente hoje componho mais para outros artistas do que para mim colocar em algum trabalho meu. Eu acredito que isso tudo foi decorrência.

Nas letras de suas canções você faz referência a Santa Ana, ao ocultismo, vampirismo, exoterismo, budismo, etc. Você tem uma preferência religiosa?
Olhe eu acho que sou um somatório de todas essas religiões. De cada uma eu vivencio um pouco. Eu sou filho de mãe católica com pai ateu. Só ai já explica tudo. Mas, eu acredito muito na presença do divino em minha vida e no que faço.

Você é da mesma geração de Pedro Osmar, Paulo Ró, Bráulio Tavares, Alex Madureira e tantos outros artista paraibanos...
Você sabe que tudo que faço em termos de composição e trabalho artístico eu sempre penso nesses caras com quem convivi boa parte da minha vida e tenho por eles um respeito enorme. Porque eles foram minha escola. Pedro é e sempre será um vanguardista. Quando estou trabalhando sempre penso se eles iriam gostar do que estou fazendo. É como se eu trabalhasse para eles sabe... é muito louco não é? Mas isso acontece devido ao respeito que tenho pelo trabalho deles.