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sexta-feira, setembro 01, 2006

Lenine em versão acústica

Lenine, Gabriel Pensador (esq.) e Paulo Moska




Adriana Crisanto

Gravado em junho deste ano no auditório Ibirapuera, em São Paulo, o show "Acústico MTV" do cantor e compositor pernambucano Lenine acaba de chegar as lojas de discos e nas carrocinhas piratas do país. O cantor vem acompanhado por seus habituais músicos: Júnior Tostoi (guitarra), Guila (baixo) e Pantico Rocha (bateria), além de Julieta Venegas, que cantou e tocou acordeon na canção Medo de Lenine em parceria com Pedro Guerra.
Participaram ainda o cantor e baixista de Camarões Richard Bona na música “A medida da paixão” dele e Dudu Falcão, o baterista Iggor Cavalera, em “Dois olhos negros”, o rapper de Brasília GOG na canção “A ponte” (Lula Queiroga), a harpista Cristina Braga em “Paciência” (parceria com Dudu Falcão). Com o chileno Vitor Astorga ele canta “O último pôs do sol”, um oboé magistral. Convidado ainda foi o mestro Ruriá Duprat que tocou piano e fez os arranjos de cordas e metais em várias músicas. “Todos os convidados foram pessoas com quem cruzei ao longo da minha carreira e sempre tive afinidade”, contou Lenine numa boa conversa por telefone, na última sexta-feira.
Em entrevista, na última sexta-feira, Lenine disse que este projeto musical com a MTV acabou sendo realizado em muito pouco tempo. “Não que tenha me rendido ao projeto MTV. O engraçado é que me renderam, pois eu estava em turnê e eles entraram em contato comigo. Foi tudo muito rápido. Eles tem uma equipe técnica de som, luz e imagem muito competente e isso contribuiu bastante”, comentou.
O disco foi lançado, mas o DVD sairá no final de setembro devido a reservas e direitos que precisam de autorização. O programa especial “Lenine acústico MTV” foi exibido no dia 27 de agosto e está sendo distribuído pela Sony BMG, e teve a direção de Romi Atarashi, cenário de Zé Carratu e desenho de luz de Marcos Olívio. Numa breve entrevista Lenine fala deste trabalho. Leia a entrevista:

Quando você andava pelos quintais da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte cantando e bebendo na fonte da música regional imaginava que seu trabalho pudesse ultrapassar tanto as fronteias?
Sem falsa modéstia eu imaginava sim. Porque eu sempre gostei de rock e sabia que precisava sair para alçar outros vôos e que tudo seria uma conseqüência se não deixasse morrer meu sonho.

Por que só agora você se rendeu ao Acústico da MTV?
Não me rendi. Me renderam (risos). Foi tudo muito rápido. Estava em turnê quando eles entraram em contato para realizar o projeto e fiquei surpreendido com o resultado final.

O que foi mais difícil neste trabalho fazer os arranjos mais lentos para uma versão acústica ou subir no palco e cantar?
Não digo que tenha sido mais difícil, mas sim diferente. Foi um projeto que nunca havia feito e também fazia tempo que não gravava nenhum trabalho autoral e tinha poucas canções para colocar num único trabalho acabei colocando neste trabalho. Além de que eu estava com saudade de fazer um trabalho com essa banda que me acompanha há quase dez anos, como o Pantico Rocha, Júnior Tostoi e Guila.

E como está o produção do disco da cantora Elba Ramalho?
Está caminhando. Nós paramos agora devido a minha agenda de shows e também a agenda da Elba que é super lotada. É um trabalho todo autoral e inédito da Elba que está sendo gravado em estúdios aqui em São Paulo e no Rio de Janeiro.

E a trilha do espetáculo do grupo Corpo quando sairá?
Esse sairá em 2007 com certeza e tem sido muito bom trabalhar com o grupo, pois eles me dão total e inteira liberdade para criar e isso é muito bom. Para você ter idéia quando eu perguntei a eles se tinham alguma idéia ou preferência a única coisa que eles disseram foi que eu ficasse livre para criar. Isso é muito gratificante e bom porque mostra que as pessoas confiam no seu trabalho ao mesmo tempo em que é uma responsabilidade muito grande.

Cantor, compositor, produtor e arranjador. Quais destas atividades você se identifica mais?
Tudo isso foi conseqüência de ser compositor. Foi compondo que passei a produzir, depois a cantar. Eu basicamente hoje componho mais para outros artistas do que para mim colocar em algum trabalho meu. Eu acredito que isso tudo foi decorrência.

Nas letras de suas canções você faz referência a Santa Ana, ao ocultismo, vampirismo, exoterismo, budismo, etc. Você tem uma preferência religiosa?
Olhe eu acho que sou um somatório de todas essas religiões. De cada uma eu vivencio um pouco. Eu sou filho de mãe católica com pai ateu. Só ai já explica tudo. Mas, eu acredito muito na presença do divino em minha vida e no que faço.

Você é da mesma geração de Pedro Osmar, Paulo Ró, Bráulio Tavares, Alex Madureira e tantos outros artista paraibanos...
Você sabe que tudo que faço em termos de composição e trabalho artístico eu sempre penso nesses caras com quem convivi boa parte da minha vida e tenho por eles um respeito enorme. Porque eles foram minha escola. Pedro é e sempre será um vanguardista. Quando estou trabalhando sempre penso se eles iriam gostar do que estou fazendo. É como se eu trabalhasse para eles sabe... é muito louco não é? Mas isso acontece devido ao respeito que tenho pelo trabalho deles.