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sexta-feira, julho 11, 2008

Cinco mais um e meio = Projeto Seis e Meia

O projeto Seis e Meia é um excelente iniciativa que foi ressuscitada pelo agora vereador Flávio Eduardo Maroja (Fuba) em João Pessoa e um empresário de Natal (RN) chamado William Collier que leva o mesmo show para as cidades de Campina Grande, Natal e Fortaleza (CE). Com o passar dos anos passou a ser apoiado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, através da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). Há cerca de 12 anos é apresentado no Teatro Alberto Maranhão, sempre as terças-feiras da semana e na Capital às quartas-feiras num shopping center da orla marítima.

Desde que surgiu o projeto Seis e Meia teve como proposta trazer novamente a cena cantores e compositores que fizeram sucesso nas décadas de 1970, 1980, 1990 e outras décadas, bem como revelar novos talentos musicais locais e nacionais, e ainda fazer com que o público paraibano tenha acesso à música de qualidade a um preço menor sendo cobrado na bilheteria, o que não tem acontecido.

É importante que se diga até mesmo para que o projeto melhore é que têm sido recorrentes os comentários no circulo cultural da cidade sobre o projeto Seis e Meia. A primeira observação, vinda daqueles que entendem de música e engenharia de som, é referente ao local onde os shows acontecem. De acordo com alguns músicos, a acústica é péssima e prejudica em quase 70% a proposta do show. Quem sobe no palco do Seis e Meia tem que ser realmente bom, pois vencer as barreiras acústicas do local não é para qualquer artista. E o que tem se visto e assistido nas últimas apresentações são artistas tocando e cantando um dobrado, principalmente os artistas locais.

Outra questão, que citei anteriormente, é quanto ao preço do ingresso. Fui estudante e convivo com estudantes que dizem ter enorme vontade de freqüentar os shows do Seis e Meia, mas que não tem condições de ir porque o local é longe e se tornou elitizado. Uma latinha de cerveja custa à bagatela de R$ 2,00 a água mineral o mesmo preço e o refrigerante em torno de R$ 3,00. Quando se vai a um show é comum que se consuma alguma coisa, nem que seja uma água mineral. O preço do ingresso para estudante custa R$ 8,00. O transporte de um estudante que mora em Mangabeira, por exemplo, é de R$ 4,00 (ida e volta), ou seja, de R$ 8,00 o show passa a custar R$ 12,00.

Uma das dificuldades em se comentar sobre estas questões na mídia impressa é que tudo que é escrito e falado pela crítica e não-critica é visto com maus olhos e apenas com o intuito de prejudicar o trabalho de quem faz cultura musical da cidade, quando na verdade não é. Acrescente-se a isso o fato de que a música e os eventos musicais não deveriam ser suportes de administrações públicas e nem políticas.

Lamente-se ou não a este fato, mas a repetição dos artistas é outra observação dos mais antenados. O cantor e compositor Tunai já veio ao Seis e Meia mais de três vezes, com também Osvaldo Montenegro, Belchior, Guilherme Arantes e agora mais recentemente Benito Di Paula. O show de Tunai é sempre o mesmo, não muda, não trás coisas novas. O público, mesmo os mais jovens, gosta de novidade, de escutar músicas e artistas que seus pais e amigos de seus pais falavam. É certo que a música no Brasil nunca foi o estético-contemplativo ou uma “música desinteressada” como dizia Mário de Andrade, mas o uso ritual mágico dos eventos é o que falta.

Que tipo de consumo se produz com estes shows (?) é outra pergunta que temos que fazer diante da massa sonora que é vinculada nas rádios brasileiras que transborda por todos os lados com o avanço da indústria cultural nos últimos anos e com a evolução tecnológica.

O projeto Seis e Meia talvez precise ser “alto-sustentável” para usar uma palavra da moda. Precisa fazer um “up-grade”, usando outro termo da informática e isso tem que ser rápido antes que caia no esquecimento e na mesmice. Pouco se luta por uma inclusão social da música para os jovens e adolescentes no Estado. Faltam às oficinas de música do Seis Meia, faltam os cantores e compositores dar palestra para estudantes e músico. Falta os artistas do Seis e Meia falarem com a imprensa sobre seus novos trabalhos, sobre música socialmente responsável. Ninguém agüenta mais escutar o vozeirão de Lobão sozinho numa multidão que não está nem ai para seus discursos.

“Todo dia ela faz tudo sempre igual” já dizia a canção transbordada pelo cotidiano. Não dá para viver mais de forma conservadora e nem muito menos com uma força protetora. Infelizmente “não dá mais entender essa força estranha” que o evento musical Seis e Meia tem se tornado.

E nesta quarta-feira (16), às 18h30, a atração é o cantor e compositor carioca Uray Veloso, popularmente conhecido por Benito Di Paula, autor de inúmeros sucessos ao longo de sua carreira como "Charlie Brown", "Vai Ficar Na Saudade", "Se Não For Amor", "Amigo Sol, Amiga Lua", "Mulher Brasileira". Os ingressos estão sendo vendidos ao preço de R$ 8,00 (estudante) e R$ 12,00 (inteira).

Serviço:
Projeto Seis e Meia
Atração: Benito Di Paula e Zé Trovão
Quarta-feira (16)
Hora: 18h30
Local: Mag Shopping – Praia de Manaíra
Foto: Autor desconhecido do Flick

Adriana Crisanto
Repórter
adriana@jornalonorte.com.br
adrianacrisanto@gmail.com