Encurtador para Whatsapp

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Celly e sua paixão por Jesus


“Foi uma iluminação divina”. Está foi a frase usada pela arte-educadora, atriz, diretora e agora dramaturga Celly de Freitas autora do texto “Jesus, uma paixão”, a nova montagem teatral que será encenada na semana em que se celebra o mistério da crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
O texto concorreu ao edital de seleção da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) com outros três de autores locais. Em Jesus, uma paixão, a autora escreve sobre a presença da mulher na vida de Jesus em sua passagem pela terra na visão de quatro lavadeiras (Maria das Graças, Maria das Dores e Maria da Glória). As idéias para texto, de acordo com Celly de Freitas, surgiram após assistir a encenação da montagem “Cordel da Paixão de Deus”, que teve o texto assinado pelo dramaturgo Tarcísio Pereira, em que tinha como protagonistas principais quatro evangelistas homens.
Antes de escrever Celly de Freitas freqüentou, como aluna especial, aulas sobre “teoria do texto dramático” e “dramaturgia contemporânea de autoria feminina nordestina”, com a professora Sandra Luna, no curso de mestrado em Letras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “Isso me deu muita base para criação do texto”, acrescentou a autora.
O processo de pesquisa e construção do texto durou aproximadamente três meses. “Foi muito rápido. Quando dei por mim estava pronto”, comentou a dramaturga. A idéia de colocar as lavadeiras surgiu da necessidade de criar personagens, que além de serem femininos, teriam que trazer em sua concepção o viés popular a que se propõem as montagens teatrais da Funjope.
A primeira cena de “Jesus, uma paixão”, tem início com a entrada de um grupo de doze mulheres lavadeiras, cantando uma música e dirigindo-se ao rio onde costumam lavar as roupas para encenação da paixão de cristo que acontece na comunidade aonde moram Maria da Graças (que narra todas os milagres e benfeitorias), Maria das Dores (que relata a partir do sofrimento e das dores de Jesus) e Maria da Glória (contando às particularidades dos fatos que aconteceram depois que passa o sofrimento de Cristo).
O espetáculo ao mesmo tempo em que narra a história mais antiga do mundo traz para cena os conflitos sociais vividos pela mulher na antiguidade e nos dias atuais, como a violência e preconceito. Além de mostrar o olhar apaixonado das mulheres sobre Jesus na sua época e nos dias de hoje. “Por isso tem esse título: Jesus, uma Paixão. E também porque Jesus é um homem apaixonante”, acrescentou a autora.
O texto mostra as mulheres que acompanharam Jesus na sua jornada. Não só Maria, a mãe, mas também Maria Madalena, personagem que a autora dá bastante ênfase não só como uma mulher adúltera, como é retratada no livro sagrado dos católicos, a Bíblia, mas a mulher que se apaixonou por Jesus. E ainda a mulher dos grandes homens do império, a importância que elas tiveram na vida deles e como decidiram o destino e o rumo da história.

Sobre a autora

Celly de Freitas é natural da cidade de Cajazeiras, município que fica a cerca de 461 quilômetros da Capital, João Pessoa, no alto sertão da Paraíba. Cidade responsável por gerir uma leva grande de atores de teatro e cinema que hoje atuam com freqüência nos palcos de todo país.
Ela tem um currículo extenso. Além de farmacêutica e bioquímica, suas atividades profissionais cotidianas, se desdobra na atividade de ser mulher-mãe de três filhos, arte-educadora, atriz, diretora e agora mais do que nunca autora de textos para teatro.
Desde 1988 que escreve para o teatro infantil. A primeira montagem foi “As Aventuras de Peter Pan”, escrito por ela, Evaldo de Souza e Socorro Coutinho, com direção de Ednaldo do Egypto (2000) e encenado pela Companhia de Teatro Encena. Dois anos mais tarde escreveu “Quem tem medo do lobo mau”. Em 2004, escreveu “Amor em desatino”, um monólogo fruto da sua especialização em teatro, em que também atuou, e teve a direção do professor de teatro Paulo Vieira.
No ano de 2005 escreveu e dirigiu o espetáculo “O Reino do Chocolate” que concorreu aos editais de seleção dos fundos de cultura municipal para circular pelas escolas do município. É de sua autoria o texto do espetáculo “Os Três Mosqueteiros Atrapalhados”, uma adaptação da saga de Arturo, Dartan e Azamix, que além de atrapalhados servem ao reino do rei Arturo e ainda "Contadores de História” (2006). No ano passado Celly de Freitas foi contemplada no projeto “Novos Escritos da Paraíba”, também da Funjope, para publicação do livro “Teatro para crianças e jovens: Ler e/ou Encenar”, que contará com seus textos para o teatro infantil.
Adriana Crisanto
Publicado no caderno Show do Jornal O NORTE, em janeiro de 2007.
Foto de Helder Pinto