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quinta-feira, julho 05, 2007

Há 100 anos nascia Frida Kahlo


Hoje, dia 6 de julho de 2007, é comemorado o centenário de nascimento de Frida Kahlo, uma das grandes artistas plásticas do século 20. Para falar sobre ela conversei com a atriz e escritora paraibana, Petra Ramalho, que interpretou Frida no teatro, um espetáculo produzido por ela e Natanel Duarte, baseado em um texto do também artista plástico W.J. Solha, que consiste num resumo da vida de Frida e, segundo atriz, estava preparado para ser encenado pela atriz Eliane Jardine.
Após muitas pesquisas sobre a vida e obra, a montagem foi encenada em João Pessoa pela primeira vez em 2004, ano em que se comemorava o aniversário de morte de Frida. Desde então Petra não parou de admirar o trabalho de Magdalena Carmen Frieda Kahlo Calderón e realizar atividades artísticas sobre a artista.
Frida nasceu em Coyacán, México, no dia 6 de julho de 1907. Mais tarde, mudou a grafia de seu nome para "Frida". Em 1913, sofreu um ataque de poliomielite, que lhe afetou permanentemente o uso da perna direita. Ingressou, aos quinze anos, na Escola Preparatória Nacional. No dia 17 de setembro de 1925, sofreu um grave acidente de ônibus e, durante a convalescença, começou a pintar. Casou-se, em 1929, com o também artista plástico Diego Rivera. De 1 a 15 de novembro de 1938, Frida Kahlo realizou sua primeira exposição individual, em Nova York.
Petra comenta que Frida passou muito tempo no ostracismo e só após o filme de Julie Taymor tornou-se mundialmente reconhecida. Frida era filha de um fotógrafo judeu-alemão e uma mestiça mexicana. A poliomielite deixou uma lesão em seu pé direito e com isso, ganhou um apelido "Peg-leg Frida". A partir disso ela começa a usar calças, depois, longas e exóticas saias, que vieram a ser uma de suas marcas registradas.

Frida foi uma mulher politizada. Em 1928, entrou para o partido comunista mexicano. Foi quando conheceu o muralista Diego Rivera, com quem se casou no ano seguinte. Sob a influência da obra do marido, adotou o emprego de zonas de cor amplas e simples num estilo propositalmente reconhecido como ingênuo. Procurou na sua arte afirmar a identidade nacional mexicana, por isto adotava com muita freqüência temas do folclore e da arte popular do México.
“Muitos críticos da obra dela diziam que era egocêntrica, que só pintava a vida dela. Mas, pintando ela própria ela pintava o entorno. Não a vejo como egoísta puramente, pois falando dela, ela remetia aos problemas da relação do México com os Estados Unidos e outros assuntos”, analisou Petra Ramalho.
Frida Khalo aprendeu a técnica da gravura com Fernando Fernandez. Em 1938, André Breton, qualificou sua obra de surrealista em um ensaio que escreveu para a exposição de Kahlo na galeria Julien Levy de Nova York. Anos mais tarde ela mesma declarou: "Acreditavam que eu era surrealista, mas não o era. Nunca pintei meus sonhos. Pintei minha própria realidade".
E que realidade. Frida amargou muito com os relacionamentos extra-conjugais do marido, seu grande amor e reconhecido mulherengo. No entanto Frida Kahlo, também viveu romances paralelos com mulheres e homens, o mais famoso com o revolucionário russo León Trotski. Apesar das traições do marido, a maior dor de Frida foi à impossibilidade de ter filhos, o que ficou claro em muitos dos seus quadros.
Existe uma identificação muito grande das mulheres com Frida. Essa identidade, de acordo com Petra, talvez seja pela história da vida dela. “Eu comparo a vida difícil de Frida com a vida de nossa Anayde Beiriz, que se tivesse nascido em outro local teria uma repercussão maior do que tem no Brasil. Porque Anayde era uma mulher tão politizada como foi Frida”, comentou Petra.
Frida ainda teve que superar a morte da mãe, mais um aborto e algumas crises no seu casamento com Diego Rivera, que a traía com a sua irmã mais nova, Cristina. Em 1939, parte sozinha para Nova York, onde faz a sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy, que é um sucesso. Em seguida, segue para Paris, onde é hospitalizada com uma infecção renal, mas também entra no mundo da vanguarda artística dos surrealistas. Conheceu Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O museu do Louvre adquiriu um dos seus auto-retratos. No mesmo ano, divorciou-se de Diego Rivera, com quem volta a casar-se um ano depois. Em 1942 começa a dar aulas de arte numa escola recém aberta na Cidade do México.
Ela pintou até à sua morte, que chegou na madrugada de 13 de Julho de 1954. A mexicana sofredora, tinha 47 anos e causa oficial da morte foi uma embolia pulmonar, no entanto a última anotação no seu diário permite aventar a hipótese de suicídio: "Espero alegre a minha partida e espero não retornar nunca mais."

Livro sobre Centenário de Frida

Para comemorar o centenário de Frida, a Editora José Olympio, lançou a quarta edição das “Cartas Apaixonadas de Frida Kahlo” (Editora José Olympio 160 págs., R$ 30,00). O livro traz cartas compiladas e representam uma profusão de informações sobre a vida conturbada e trágica dessa grande pintora mexicana.
Nas 80 cartas Frida revela um humor negro, uma impressionante intensidade e um genuíno calor humano. Ela escrevia, de acordo com a organizadora do livro, Martha Zamora, com franqueza e sem reservas, empregando todo o vocabulário de que dispunha para externar suas idéias e emoções.
"Seus escritos revelam sua precocidade, a intensidade de seus afetos e seu persistente sofrimento físico: retiram os véus de sua personalidade de um modo que seria impossível a qualquer biografia", comenta Zamora.

Objetos de Frida encontrados no México

Mais de cinqüenta anos após a morte da pintora mexicana foram encontrados numa caixa de papelão na casa em que ela morou com seu marido, o muralista Diego Riviera, na Cidade do México com algumas de suas roupas, fotografias e jóias. Em reportagem da Folha de São Paulo, a coordenadora do Casa Museu Frida Kahlo, Hilda Trujillo, disse que os objetos foram achados em outubro, mas estavam sendo restaurados.
A descoberta aconteceu após um projeto de dois anos para a reforma do lugar. Ainda não há dados precisos sobre a história dos objetos, mas se presume que os vestidos são os mesmos usados por Frida em seus auto-retratos.

Curiosidades
A cantora Madonna emprestou dois quadros de sua coleção particular ao museu de arte moderna britânico Tate Modern, que vai abrigar uma exposição de trabalhos da pintora mexicana Frida Kahlo.
As pinturas intituladas "Auto-Retrato com Macaco" e "Meu Nascimento", descritas por Madonna como dois de seus quadros preferidos, vão ser exibidos na galeria de Londres a partir do dia 9 de junho. Eles estarão entre os itens que farão parte da primeira grande exibição de Kahlo no Reino Unido em mais de 20 anos.


Adriana Crisanto
Repórter
Foto de Petra: Ovídeo Carvalho
*Matéria publicada no caderno Show do Jornal O Norte