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quinta-feira, novembro 20, 2008

Paraibano vai ao "Fim do Mundo"



“Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo do interior”. Este trecho da canção de autoria do ceraense Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes (popularmente conhecido por Belchior) inspirou outro nordestino, também de nome Antônio, natural de João Pessoa (PB), a percorrer várias regiões da América Latina a bordo de um Fiat Uno Mile Way, um carro fora de estrada, leve, compacto e econômico projetado para este tipo de aventura.

O nosso Antônio tem como sobrenome “Carlos Buriti”, é professor de física mecânica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus 2, no município de Campina Grande, onde reside atualmente com a família. A aventura teve início em João Pessoa, passou em Belo Horizonte (BH), Foz do Iguaçu, a 4.000 quilômetros da Paraíba, e privilegiou toda a região Patagônica, que incluiu a Província de Mendoza, a 189 quilômetros do imponente Aconcágua, com seus 7.000 metros na cordilheira mais extensa do planeta, até o extremo sul, explorando, principalmente, as cercanias, a Terra do Fogo, Capital Ushuaia, conhecida também por “Fim do Mundo”.

Duas rotas importantes foram utilizadas em quase todo o trajeto: a Ruta Nacional 40, conhecida como a Ruta Mágica, isto porque conduz o viajante aos lugares mais lindos do planeta, como é o caso da cordilheira, dos bosques, das florestas pré-andinas, dos lagos mais altos e profundos do planeta, chegando a ter mais de 900 metros de profundidade, dos cumes nevados, das geleiras, das estradas mágicas de rípio. “Um encanto a parte”, comentou Antônio Carlos.

As variações climáticas foram muitas. “Isso tudo em apenas 3700 quilômetros de norte a sul, em linha reta, e a Ruta Nacional 3, que liga Ushuaia (Bahia de Lapataia) à Buenos Aires em apenas 3080 quilômetros. Os 3.500 quilômetros foram percorridos só na Argentina em apenas 28 dias”, acrescentou.

As experiências também foram as mais variadas possíveis. Em cada lugar um povo, uma cultura e novas descobertas. A Patagônia é uma região natural no extremo sul do continente americano que abarca a parte sul do Chile e da Argentina, incluindo os chamados Andes Patagônicos. A região é assim chamada pelo fato de que os nativos possuíam pés grandes (patagão significa pé grande).

A região do extremo sul do continente americano, conhecida pelos locais como Região de Magalhães, compreende o sul da Argentina e o sul do Chile. A região mais meridional do continente é conhecida como Terra do Fogo (Tierra del Fuego). Nessa região está localizada a cidade mais austral do planeta, Ushuaia.

A Patagônia é uma região marcada pelos ventos que ocorrem em grande parte do ano. Dessa região é que partem as famosas excursões para a Antártica. Além de leões-marinhos, nessa região existe uma grande concentração de pingüins.

Além da Patagônia, o professor Antônio Carlos, atravessou o deserto, a Cordilheira dos Andes, alcançando altitudes de 4.500 metros, estrada de gelo, percorreu ainda 2.300 quilômetros de estradas de rip, pedras arredondadas, além treckings e caminhadas realizada em algumas áreas.

De acordo com Antônio Carlos Buriti para um carro popular recém-nascido, com apenas três quilômetros de uso, não é nada fácil. “Afinal, ele não é nenhum super moderno Boeing MD-11”, brincou. Isso corresponde à meia volta em torno da linha do equador e mais 2.180 quilômetros ou 55% do perímetro do planeta água que é de apenas 40.000 quilômetros.

Em dezembro de 2007 e fevereiro de 2008 Antônio Carlos Buriti foi ao Chile, Paraguai, Uruguai e Argentina. Um dos locais que mais chamou sua atenção foi o deserto do Atacama, localizado na região norte do Chile. Com cerca de 200 quilômetros de extensão, é considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo, pois chove muito pouco na região, em conseqüência das correntes marítimas do Pacífico não conseguirem passar para o deserto, por causa de sua altitude. Assim, quando se evaporam, as nuvens úmidas descarregam seu conteúdo antes de chegar ao deserto, podendo deixá-lo durante épocas sem chuva. Isso o torna de aridez incrível.

“O deserto do Atacama não tem nada de deserto. Você só ver caminhões e mais caminhões extraindo minério”, disse Antônio Carlos. As temperaturas no deserto variam entre 0ºC à noite e 40ºC durante o dia. Em função destas condições existem poucas cidades e vilas no deserto; uma delas, muito conhecida, é San Pedro do Atacama ou São Pedro do Atacama, que tem pouco mais de 3 000 habitantes e está a 2 400 metros de altitude. Por ser bem isolada é considerada um oásis no meio do deserto e o principal ponto de encontro de viajantes do mundo inteiro, mochileiros, fotógrafos, astrônomos, cientistas, pesquisadores, motociclistas e aventureiros.

Apesar de pequena e isolada no coração do deserto mais árido do mundo, San Pedro possui uma vida agitada, mesmo depois da meia noite, os bares e restaurantes ficam lotados com pessoas conversando e planejando o dia seguinte.

Para registrar a aventura Antônio Carlos está em processo de elaboração de um livro com textos e fotografias sobre a aventura, que deverá ser lançado no próximo ano. O retorno a cidade de João Pessoa incluiu a costa leste do oceano Atlântico.

E como diz na canção de Belchior “nada é secreto, nada é tão misterioso..." ele confidenciou que agora em dezembro até fevereiro de 2009 planeja uma nova aventura que deverá incluir o Rally Paris/Dakar, mas antes vai passar para a Fiat Capital as condições do carro. Resta-nos agora dizer: “Buena suerte y hasta pronto Antonio!”

Adriana Crisanto
Repórter
adrianacrisanto.pb@diariosassociados.com.br
adrianacrisanto@gmail.com
Fotos: Antônio Buriti