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segunda-feira, janeiro 16, 2006

O retorno da Cor do Som

Para o deleite de alguns poucos admiradores o grupo A Cor do Som está de volta. Isso mesmo. Para marcar o retorno, a banda se reúne nesta quarta-feira, 24 de agosto, para a gravação de um DVD e CD acústicos, no Canecão, no Rio de Janeiro. No último sábado (20) eles marcaram presença no programa do jornalista Serginho Groisman, da emissora Rede Globo de Televisão, onde tiraram todas as dúvidas quanto a sua volta.
Participam desta gravação como convidados Moraes Moreira, que deu o nome à banda, o filho Davi Morais e a cantora Ivete Sangallo. O cantor Caetano Veloso, autor da música Leãozinho, dedicada ao baixista da banda, Dadi Carvalho, está sendo cogitado para a apresentação, mas, segundo Armandinho, sua presença ainda não foi confirmada.

O show terá direção do performático Jorge Fernando, o cenário está a cargo de Zé Carrato, que entre outros trabalhos, assinou a cenografia do DVD do grupo Ira!. A formação da banda será a mesma desde o início, com Dadi Carvalho (baixo), Armandinho Macêdo (guitarras), Mú Carvalho (piano e teclado), Gustavo Schroeter (bateria), Ary Dias (percussão). Para este show a banda receberá o reforço de Jorginho Gomes, irmão de Pepeu Gomes, Marcos Nimrichter (acordeon).
Tanto o CD quanto DVD serão lançados ainda este ano pela gravadora Performance Be Records e distribuição feita pela Som Livre. Após a gravação a banda sairá em turnê pelo país. A primeira parada será no dia 3 de setembro no Olympia em São Paulo.
Após quase 13 anos está é primeira vez que a banda se reúne e decide voltar em grande estilo. O último trabalho da banda foi “A Cor do Som – Ao vivo no Circo”, gravado em 1996, no Circo Voador no Rio de Janeiro, uma espécie de prévia. Alguns anos se passaram e só agora eles decidiram retornar. Em sua última apresentação em João Pessoa, no Projeto Seis e Meia, o guitarrista Armando Macedo (Armandinho) não se revelava muito animado com o retorno, mas após turnê pela Europa com seu trabalho solo (Armandinho toca Tom Jobim) o guitarrista cogitou a possibilidade de retorno à banda.
Fãs de todo Brasil estão se mobilizando para o retorno da banda e estão indo quase que em comboio para o Rio de Janeiro assistir a este retorno inédito. A geração que acompanhou A Cor do Som ainda pegava carona na ideologia da década de 1960.
Admiradoras da banda desde quando surgiu a Relações Públicas Maria Helena Lopes, a fonoaudióloga Rosana Lourenço e Claudia Quintas estão de passagem comprada para Rio de Janeiro. Elas moram em Santos, litoral paulista, e comemoram o retorno da banda. Maria Helena Lopes acredita que à volta da Cor do Som, seja uma das melhores novidades no cenário musical atual. “Numa época onde as "eguinhas pocotós" proliferam, escutar música de verdade, é um bálsamo para qualquer ouvido, com um mínimo de sensibilidade”, comentou.

História da banda - O grupo surgiu no cenário artístico em 1977, criando uma linguagem instrumental pioneira, através da fusão de ritmos regionais brasileiros e rock. Até 1975, Dadi e Moraes Moreira faziam parte dos Novos Baianos. Com a dissolução do conjunto, Moraes iniciou sua carreira individual. Para acompanhá-lo em shows e na gravação de seu primeiro disco solo, convidou Dadi (baixo), Armandinho (guitarra baiana) e Gustavo Schroeter (bateria).
Os três instrumentistas atuaram durante dois anos com o cantor, até que decidiram partir para um trabalho próprio. Por sugestão de Caetano Veloso, adotaram o nome A Cor do Som, utilizado anteriormente quando Dadi tocava com Os Novos Baianos. Para completar a formação da banda, os músicos convidaram o tecladista Mú Carvalho, irmão de Dadi, que havia participado da gravação de uma das faixas do primeiro disco de Moraes. Com essa formação, o grupo se apresentou pela primeira vez no Festival Nacional do Choro em 1977, interpretando "Espírito infantil" (Mú Carvalho), classificada em 5º lugar.
A apresentação, introduzindo ousadamente instrumentos elétricos na interpretação tradicionalmente acústica do chorinho, despertou o interesse da imprensa e do público para o potencial e a criatividade que viriam a se tornar a marca registrada da banda. O grupo, acrescido do percussionista Ary Dias, foi contratado, em seguida, pela gravadora Warner, que lançou neste mesmo ano o LP "A Cor do Som", primeiro disco de sua carreira.
Em 1978, o conjunto foi convidado a se apresentar no Festival Internacional de Jazz de Montreux (Suíça), sendo a primeira banda brasileira a participar desse evento. A apresentação foi gravada ao vivo e gerou o LP "A Cor do Som, ao vivo, no Montreux Internacional Jazz Festival".
No ano seguinte, o grupo fez show no Parque do Ibirapuera (SP) para um público de 60.000 pessoas Também em 1979, gravou o LP "Frutificar", com destaque para "Beleza pura" (Caetano Veloso), "Abri a porta" (Gilberto Gil), "Swing menina", (Moraes Moreira e Mú Carvalho) e a faixa-título, instrumental de Mú Carvalho, entre outras.
Em 1980, lançou o LP "Transe total", que registrou a maior vendagem da carreira do grupo. No repertório, destaque para "Zanzibar" (Armandinho), "Palco" (Gilberto Gil) e "Semente do amor" (Mú Carvalho). Em 1981, gravou "Mudança de estação" e se apresentou em concerto no Baterry Park de Nova York.
Dividido com seu trabalho no Trio Elétrico de Dodô e Osmar, Armandinho desligou-se do conjunto no ano seguinte, sendo substituído pelo guitarrista Victor Biglione. Com a nova formação, a banda gravou os discos "Magia tropical" (1982) e "As quatro fases do amor" (1983).
No ano de 1984, o guitarrista desligou-se do conjunto e Dadi assumiu a guitarra na gravação do LP "Intuição", que contou com a participação especial de Egberto Gismonti e Túlio Mourão, além de Perinho Santana, que viria a compor a nova formação do conjunto. No ano seguinte, o grupo gravou o LP "O som da Cor", vindo a se dissolver em seguida. Em 1996, a banda se reuniu, com a formação original, e gravou o CD "A Cor do Som ao vivo no Circo", pelo qual recebeu, no ano seguinte, o Prêmio Sharp, na categoria Melhor Grupo Instrumental.

Discografia:

ü A Cor do Som (1977) Warner LP
ü A Cor do Som ao vivo no Montreux International Jazz Festival (1978) Warner LP, CD
ü Frutificar (1979) Warner LP, CD
ü Transe total (1980) Warner LP
ü Mudança de estação (1981) Warner LP
ü Magia tropical (1982) Warner LP
ü As quatro fases do amor (1983) Warner LP
ü Intuição (1984) Warner LP
ü O som da Cor (1985) Warner LP
ü Gosto do prazer (1987) RCA Victor LP, CD
ü A Cor do Som ao vivo no Circo (1996) Movieplay CD

Adriana Crisanto
adriana@jornalonorte.com.br
## Matéria publicada no dia 23 de agosto de 2005, no caderno Show do Jornal O Norte.