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Instrumentista apresenta novas composições e explora a voz em quatro gravações, num disco mais despojado de sua carreira
Adriana Crisanto
adriana@jornalonorte.com.br
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Foi a partir de uma palavra dita por seu filho mais novo Giulian que o agora cantor e instrumentista Washington Espínola extraiu o título de seu mais novo CD, G.R.U.E que estará lançando nesta sexta-feira (28), a partir das 20h, no Parahyba Café (Usina Cultural da Saelpa). Na quinta-feira (27) o guitarrista se apresenta com o gaitista Roberto Lira, num duo em que misturam música brasileira com canções do disco em que produziram em parceria.
Com uma sonoridade que explora desta vez a voz em contraponto com a grandiosidade instrumental que caracteriza a maioria de seus trabalhos, Washington Espínola apresenta um disco repleto de nuances, num álbum mais confessional de sua trajetória. “Sempre tive uma resistência muito grande a minha voz, por isso nunca cantei, mas agora resolvi colocar essa novidade”, comentou.
Como tem sido comum nos seus trabalhos, Washington Espínola apresenta um punhado de canções novas, são 18 ao total. Um dos músicos mais atuantes de sua geração ele nunca se acomodou e sempre tocou na mesma nota para defender a sua música autoral, provando aos mais descrentes que é possível viver de música instrumental, não dentro do Brasil, mas fora dele.
Mas, ele não vive de glórias, embora as tenha em quantidade que bastaria para mantê-lo entre os grandes compositores brasileiros. Washington Espínola mantém seu repertório sempre renovado, sempre arquitetando e alçando vôos como se fosse um principiante.
G.R.U.E traz 18 composições de sua autoria das quais quatro ele as canta junto com vocal de base suave de Remy Sepetoski, Martha Przekaza, Ariane Orlandi e Thaddeus Nsumpi. “Colégio Pio X” é a música que compôs para homenagear e lembrar sua adolescência no Marista Pio X, onde estudou na década de 1970. Em seguida, na faixa 13, a canção “Saudade” germina significados complementares de um artista que morre de saudade de sua terra natal. É assim também na faixa seguinte “De Kampioen” (parte III) e “Traveling” que vem uma emenda na outra.
Nos três últimos trabalhos Washington Espínola sai do básico: guitarra, baixo e bateria para incluir outros instrumentos, como o piano, acordeon e o violino, abrindo o leque para uma música mais universal, ou como dizem os europeus, a World Music. “Venho a cada trabalho experimentando novos instrumentos e o piano é um deles”, comentou o musicista.
Além do piano e voz juntos em algumas faixas, G.R.U.E conta com a participação de excelente músicos, a exemplo de Julian Azkoul (violino), Sébastian Dutruel (baixo), Kess Engelbarts (acordeon), Julien Gahwiler (baixo), Roman Hranitzky (guitarra acústica), Jean Pierre Lehmann, Maico Pagnano (vocal), Michelangelo Pagnano (guitarra elétrica), Eric Perret (saxfone e piano).
Para o músico é sempre muito bom retornar a Paraíba para visitar os familiares, rever os amigos. Há dois que o guitarrista não vinha em João Pessoa, devido, sobretudo a sua agenda de shows e apresentações em países vizinhos, a exemplo da França, Holanda, Amsterdam e Itália.
No show de sexta-feira (28), o músico se apresenta com Sérgio Gallo (baixo), Chiquinho Mino (bateria), Igor (teclado) e Stephan (sax). Antes de embarca para Genebra, onde hoje está radicado, faz outras apresentações com a banda Molho Inglês, que executa as canções dos Beatles, ao lado de Marcelo Jurema (bateria), José Crisólogo (baixo) e Abelardo Jurema (vocal e base) no dancing bar Musique em data a ser confirmada.
Vida e música
Para quem ainda não o conhece Washington Espínola é natural de João Pessoa. Começou a tocar guitarra aos 14 anos por influência do amigo e primo Júnior Espínola, também guitarrista. No ano de 1983, fundou a banda Prisma com Sérgio Gallo (baixo) e Glauco Andrezza (percussão). Nesse mesmo ano, começou a tocar no bar Vale do Timbó. Além de trabalhar em bares à noite, tocou também nos carnavais da cidade, em cima do trio elétrico Os Morcegos. O seu primeiro show solo foi no Teatro Paulo Pontes do Espaço José Lins do Rego.
No ano de 1986, fundou, com Stênio (baixo) e Luiz Carlos (bateria), o Washington Espínola Trio, com o qual acompanhou vários artistas, como Lis, Madruga, Sérgio Túlio, Tadeu Mathias, Gracinha Telles, Capilé, Diana Miranda e a banda Limusine 58, entre outros. O trio teve outra formação, com Chiquinho (baixo) e Léo (bateria). Tocou com vários artistas, a exemplo do cantor Emílio Santiago, Renata Arruda, Rosinha de Valença, Arnaud Rodrigues e outros.
Participou de vários projetos e festivais de música na Paraíba, como “Projeto Pinxinguinha”, “Projeto Boca da Noite”, “Projeto Pôr-do-Sol”, “Projeto Terça no Arena”, “Projeto Glória Vasconcelos”, “Festival de Arte de Areia”, “Festival de Inverno de Campina Grande”, “Festival de Música Instrumental da Paraíba” (MIP), “Festival de Música do Liceu Paraibano”, “Festival de Rock de Serra Branca”, “Fest Mar” e “Festival de Música do Colégio Pio X”, entre outros, e em festivais nacionais, como “Festival Banespa”, em São Paulo, e “Festival Nacional de Artes” (FENART).
Em 1992, participou da gravação da “Coletânea Aquarius vol. II”, com sua música “Fase III”. O LP foi produzido por Dércio Alcântara e dirigido por Lis. No ano seguinte, 1993, lançou seu primeiro disco “Manaíra”, contendo oito músicas de sua autoria. Gravou o CD “Quintal de Infância”, contendo 12 composições próprias, sendo três regravações, “Manaíra”, “Bluesão” e “À La Francesa”. No ano de 1995, gravou o CD “Contemporâneo” (Estúdio SG), registrando 15 músicas instrumentais, dentre as quais sua composição “Funk II”. O disco contém texto de apresentação de Herbert Viana. Em 1996, lançou, em dueto com o gaitista Roberto Lyra, o CD “Afinidades”, assinando também a direção musical e alguns arranjos.
Ao comemorar 10 anos de carreira, gravou, em 1996, o CD “10”, lançado no ano seguinte. Em seguida, viajou para Genebra, na Suíça, para atuar na banda da cantora paraibana Diana Miranda, radicada na Europa. Participou do “Festival de Mains” (Alemanha) e do “Festival Off de Montreux” (França). Tocou também na Áustria (Viena), Inglaterra, Itália (Moncalvi e Sicília) e Portugal (na “Expo 98” e no “Festival do Porto”). Formou, nessa época, um grupo com o baterista israelense Rony Man, o baixista italiano Enzo Criscuolo e o tecladista suíço Nicolat Currat, trabalho registrado no CD “Caliel”, lançado em 1998.
No mesmo ano, gravou, na Suíça, o CD “Sy’s Theme”, que teve a participação do baterista Nelson Ned Júnior, do guitarrista austríaco Roman Hranitzky, dos tecladistas italianos Nicolat Currat e Antônio Di Leo, e dos percussionistas Patrick Merz e Maico Pagano, além dos paraibanos Sérgio Gallo (baixo) e Paulinho de Tarso (percussão). Fez show de lançamento do disco em João Pessoa, em 1999, no bar Parahyba Café. Constam do repertório do CD suas composições “Sy’s Theme”, “Barrocos”, “Choro” e “Jonction”, entre outras. Nesse mesmo ano, gravou o CD “The 5th Change”. Em 2000, lançou o CD “Virgo”.
Serviço:
Lançamento: G.R.U.E. – Washington Espínola
Sexta-feira (28)
Hora: 21h
Local: Parahyba Café – Usina Cultural da Saelpa – Tambiá
Maiores Informações:
www. wespinola.comEmail: wespinola@mail.com