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quarta-feira, junho 28, 2006

Oscar Wilde

Foto: arquivo jornal

No dia 30 de novembro comemora-se o estranho “aniversário de morte” de um dos mais polêmicos escritores da literatura inglesa, o irlandês Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde. Vários eventos estão acontecendo no mundo deste o dia 16 de outubro, data do seu nascimento, para brindar a obra de um dos mais famosos poetas, romancistas e dramaturgos do século 19.
Nas prateleiras das livrarias da cidade já circula o livro “Contos Completos – Stories” (Landmark, 2004, 256p. R$ 30,40), uma edição bilíngüe comemorativa, com treze contos escritos por Wilde, no período de 1888 a 1891, publicado posteriormente em quatro edições. O que chama atenção nesta versão é que o texto em inglês vem ao lado da tradução original.
Entre os contos mais conhecidos de Oscar Wilde estão o clássico “O Fantasma de Canterville”, que foi encenado no teatro por várias companhias, “O Pescador e Sua Alma” e “O Crime de Lorde Arthur Savile”. Durante a leitura o que se pode observar é a rapidez dos diálogos que vão evoluindo texto a texto e atingindo um grau de intensidade dramática invejável. No conto “O Crime de Lorde Arthur Savile” deixa bem claro nas falas a representação cênica, com atores entrando e saído do palco.
Uma das marcas literárias de Wilde é que seus textos passeiam entre o conto e o ensaio, e ele o deixa muito claro, principalmente numa época em que a sociedade era mais moralista do que hoje e que ser homossexual era crime e dava cadeia. O senso de humor burlesco e a alegria do autor deixam marcas no conto “Fantasma de Canterville”. Com riqueza de detalhes ele valoriza o trabalho do artesão que ele admirava bastante em detrimento a coisa massificada, industrializada ricamente descrita nas características físicas dos personagens masculinos.
Um dos aspectos que chama atenção na escrita do livro é a substituição do travessão (bastante utilizado para marcar os diálogos na gramática de língua portuguesa-brasileira) pelas aspas (“..”). Com este livro o leitor tem nas mãos não apenas a biografia de Oscar Wilde mais a obra mesmo do autor.
Mas, o que muitos leitores gostam e querem saber é quem foi esse escritor tão polêmico e mal-dito? Oscar Wilde nasceu em Dublin, na Irlanda. É o autor do romance “O Retrato de Dorian Gray”, de 1890, considerado sua obra-prima. Wilde se destacou pelo seu envolvimento com o Movimento Estético – A arte pela Arte – e pela adoção peculiar na maneira de se vestir e agir. Destacou-se no teatro e, por meio de sua ironia e humor, seus jogos de palavras e subentendidos, criou um novo tipo de comédia.
Foi um aluno inteligente e de temperamento forte. Casou-se com Constance Lloyd, com quem teve dois filhos, Cyril e Vyvyan. Oscar Wilde era filho de um médico, Sir William Wilde, morto em 1876 e uma escritora, Jane Francesca Elgee, árdua defensora do movimento da Independência Irlandesa, fazendo com que desde criança Oscar Wilde estivesse rodeado pelos maiores intelectuais da época.
Criado no Protestantismo, Oscar Wilde foi um aluno brilhante, sobretudo nos estudos de obras clássicas gregas e seus conhecimentos nos idiomas. Estudou na Portora Royal School de Enniskillem, ganhou vários prêmios com destaque no Trinity College, em Dublin, e no Magdalen College, Oxford, onde ingressou em 1874. Em 1978, ganhou o prêmio Newdigate, com a clássico "Ravena".
No ano de 1895 foi preso, condenado a dois anos de trabalhos forçados por seu envolvimento com o Lord Alfred Douglas (ou Bosie, como era apelidado), pivô de todo seu drama amoroso. O pai de Lord Douglas, Marquês de Queensberry, sabendo do envolvimento do filho com o escritor, envia uma carta aonde o ofende e recrimina toda e qualquer relação que viesse a ter com o jovem Lord.
O escritor processa o Marquês por difamação. Mas, as provas concretas de sua conduta sexual aparecem e um novo processo instaurado contra ele. A mais contundente prova é uma carta enviada por Wilde para Lord, peça chave no julgamento. Em 11 de abril, é transferido da Prisão de Bow Street, onde estava encarcerado, para a de Holloway, como réu de crime inafiançável. Em 1985, a sentença é decretada: Oscar Wilde foi condenado por sua relação dúbia com o Lord e suas práticas homossexuais a dois anos de cárcere.
Foi libertado em 19 de maio de 1897 e transferiu-se para a França, onde adotou o pseudônimo de Sebastian Melmouth, usando esse nome inclusive para o seu registro no Hotel d´Alsace, onde passou o resto dos seus dias. Mesmo após sua libertação, continua a manter contato com Lord, mas, sua relação já não era mais tão íntima. O escritor vive isolado em hotéis baratos, destruindo-se através do absinto, cuja cor lhe rendeu frases célebres.Oscar Wilde morreu vitimado por uma meningite e com uma infecção no ouvido, "cholesteotoma" (doença muito comum antes do advento dos antibióticos) em um quarto barato do hotel de Paris, às 9h50, dia 30 de novembro de 1900. Morreu sozinho, mas, não desmoralizado, pois havia deixado insubstituível obra que ainda hoje é admirada devido a sua genialidade. Suas últimas palavras foram "Esse papel de parede é horrível! Alguém precisa trocá-lo!", referindo-se ao papel de parede do quarto de hotel onde se encontrava.
Curiosidades sobre Wilde
  • Na internet pipocam páginas inteiras falando sobre Wilde. As turbulências e confusões de sua vida são eternas, desde o seu nascimento. A data mais defendida seria 16 de outubro de 1854, mas, existem divergências.
  • Wilde era o prisioneiro C-33 do presídio de Reading. E está sepultado no cemitério Père Lachaise, o mais célebre de Paris, onde estão os túmulos de outras 105 grandes personalidades, como Balzac, Chopin, Alan Kardec, La Fontaine e Molière. Seu túmulo fica no número 83 da Avenue Carette, entre a Transversal 3 e a Avenue Circulaire.
  • Lord Douglas, ironicamente, arca com todas as despesas do funeral do escritor e depois disso, casa-se, porém, não foi feliz em sua nova união, separando-se mais tarde.
    "Neste mundo há somente duas tragédias. Uma é não conseguir o que se quer, a outra é conseguí-lo" Talvez seja esta a frase mais conhecida de Oscar Wilde.
Adriana Crisanto
**** Texto publicado em novembro de 2004 no caderno Show do Jornal O Norte.