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"Movimentos do Discurso de José Lins do Rego" é o nome do mais novo trabalho acadêmico, em CD-Rom, de autoria da professora e escritora Sônia Maria van Dijck Lima, foi lançado em João Pessoa, quinta-feira, 11, às 19h00, no Parahyba Café da Usina Cultural da Saelpa.
O trabalho consiste na crítica genética da obra memoralística e autobiográfica, "Meus Verdes Anos", do paraibano José Lins do Rego, em que verifica a construção da linguagem popular regional, do narrador, narratário e das personagens femininas. No CD podem ser encontrados análises de fragmentos do discurso de "Meus VerdesAnos", fotos, capas das primeiras edições de "Menino de Engenho" e de "Meus Verdes Anos", e a bibliografia consultada.
Todo o estudo foi encampado pela Editora Universitária da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e tem como co-autoras às pesquisadoras Marilene Carlos do Vale Melo e Maria Lúcia de Souza Agra. A pesquisa científica teve apoio do projeto "Atelier José Lins do Rego" *, no período de 1988 a 2001. A trilha sonora é do grupo Quinteto Itacoatiara, com capa e etiqueta do CD compostas por Geraldo Profeta Lima.
Sônia Maria Van Dijck Lima é mestre em Letras pela UFPB, doutora em Letras (USP), com pós-doutorado em Letras e Literatura Brasileira (UNESP-Araraquara), professora de Literatura Brasileira da UFPB, pesquisadora de arquivos (história da literatura, crítica genética), além de contista e poeta bissexta.
Por que o manuscrito de José Lins do Rego e não um dos livros dele?
Porque para estudar a construção da linguagem você não estuda no livro onde ela está parada. Você só tem os movimentos dessa construção se estudar os originais, os rascunhos, os projetos de obra, etc.
Como surgiu a idéia de fazer um trabalho como este?
Sou pesquisadora de arquivo (história da literatura e crítica genética). E já havia estudado Hermilo Borba Filho, do ponto de vista da crítica genética. Como hoje estou trabalhando com Guimarães Rosa, "Sagarana", também como crítica genética. Um dos estudos possíveis sobre José Lins do Rego era o estudo dentro dessa abordagem que ninguém tinha feito. No caso de "Meus Verdes Anos" é o último livro da série de José Lins do Rego e é o documento disponível aqui na Paraíba, que foi depositado no Espaço Cultural. Havia o interesse de fazer um estudo que ainda não tivesse sido feito. Aliado à felicidade do documento original estar depositado na Paraíba, e à felicidade do fato de esse documento corresponder à última obra publicada em vida pelo autor. A primeira edição de "Meus Verdes Anos" é de 1956, e ele morreu em 1957. A segunda edição, quando saiu, ele havia falecido. Então, aconteceu uma série de coincidências felizes, digamos assim. Um autor que não havia sido estudado, do ponto de vista metodológico, e o documento para esse estudo estar depositado na Paraíba. Além de encontrar uma equipe de pesquisadores com interesse de aprender a trabalhar com essa metodologia.
O trabalho de pesquisa esteve todo ligado ao projeto "Atelier José Lins do Rego". Que projeto é esse?
O "Atelier"** foi um projeto de minha autoria e sob minha coordenação. Pertencia à minha linha de pesquisa na pós-graduação da UFPB. Seus objetivos estavam voltados para a arquivologia e para a crítica genética. Foi dentro desse projeto que o trabalho foi passado para CD Rom. Nós publicamos quatro catálogos. Fizemos uma exposição de documentos. Saíram livros publicados. Dissertações de mestrado. Trabalhos em Anais, capítulos de livros e, finalmente, a análise do documento de "Meus verdes anos", que, agora, publicamos no CD Rom.
Uma das personagens que você cita no manuscrito é a Safira, que teve uma função na formação do menino Dedé, mas que na publicação final ela recebeu outro nome. Como foi essa descoberta?
Safira é o nome encontrado no manuscrito, mas no texto final do livro, a mesma personagem passou a se chamar Pérola. A personagem aparece, no manuscrito, no fólio 209, e tem o nome de Safira. Permanece na aventura até o fólio 238, quando desaparece da vida de Dedé. Mas, no fólio 214, existe uma letra "P" rasurada, seguida, na linha, do nome Safira. A hipótese é que esse fólio marca a modificação do nome da personagem, que ficará conhecida com Pérola. As análises dessas modificações e seus significados estão no CD Rom.
Como se configura a linguagem de José Lins do Rego?
Em "Movimentos do Discurso de José Lins do Rego" mostramos que o autor, por exemplo, constrói, em várias ocasiões, uma linguagem popular regional como segundo movimento de escritura. Ou seja, o popular regional é uma construção proposital, de acordo com um projeto poético.
Que critérios metodológicos você utilizou nesta pesquisa?
O principal propósito foi verificar como se movimentou a linguagem em construção. Que movimentos o autor realizou na linguagem para construir um determinado discurso. A partir do texto referente, que foi a primeira edição de "Meus Verdes Anos", procuramos investigar no manuscrito as marcas dos movimentos escriturais do autor. Assim, analisamos rasuras, correções, modificações, considerando que o autor estava procurando a otimização do discurso. Procuramos reencontrar José Lins elaborando o texto que desejava entregar ao leitor.
O trabalho consiste na crítica genética da obra memoralística e autobiográfica, "Meus Verdes Anos", do paraibano José Lins do Rego, em que verifica a construção da linguagem popular regional, do narrador, narratário e das personagens femininas. No CD podem ser encontrados análises de fragmentos do discurso de "Meus VerdesAnos", fotos, capas das primeiras edições de "Menino de Engenho" e de "Meus Verdes Anos", e a bibliografia consultada.
Todo o estudo foi encampado pela Editora Universitária da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e tem como co-autoras às pesquisadoras Marilene Carlos do Vale Melo e Maria Lúcia de Souza Agra. A pesquisa científica teve apoio do projeto "Atelier José Lins do Rego" *, no período de 1988 a 2001. A trilha sonora é do grupo Quinteto Itacoatiara, com capa e etiqueta do CD compostas por Geraldo Profeta Lima.
Sônia Maria Van Dijck Lima é mestre em Letras pela UFPB, doutora em Letras (USP), com pós-doutorado em Letras e Literatura Brasileira (UNESP-Araraquara), professora de Literatura Brasileira da UFPB, pesquisadora de arquivos (história da literatura, crítica genética), além de contista e poeta bissexta.
Por que o manuscrito de José Lins do Rego e não um dos livros dele?
Porque para estudar a construção da linguagem você não estuda no livro onde ela está parada. Você só tem os movimentos dessa construção se estudar os originais, os rascunhos, os projetos de obra, etc.
Como surgiu a idéia de fazer um trabalho como este?
Sou pesquisadora de arquivo (história da literatura e crítica genética). E já havia estudado Hermilo Borba Filho, do ponto de vista da crítica genética. Como hoje estou trabalhando com Guimarães Rosa, "Sagarana", também como crítica genética. Um dos estudos possíveis sobre José Lins do Rego era o estudo dentro dessa abordagem que ninguém tinha feito. No caso de "Meus Verdes Anos" é o último livro da série de José Lins do Rego e é o documento disponível aqui na Paraíba, que foi depositado no Espaço Cultural. Havia o interesse de fazer um estudo que ainda não tivesse sido feito. Aliado à felicidade do documento original estar depositado na Paraíba, e à felicidade do fato de esse documento corresponder à última obra publicada em vida pelo autor. A primeira edição de "Meus Verdes Anos" é de 1956, e ele morreu em 1957. A segunda edição, quando saiu, ele havia falecido. Então, aconteceu uma série de coincidências felizes, digamos assim. Um autor que não havia sido estudado, do ponto de vista metodológico, e o documento para esse estudo estar depositado na Paraíba. Além de encontrar uma equipe de pesquisadores com interesse de aprender a trabalhar com essa metodologia.
O trabalho de pesquisa esteve todo ligado ao projeto "Atelier José Lins do Rego". Que projeto é esse?
O "Atelier"** foi um projeto de minha autoria e sob minha coordenação. Pertencia à minha linha de pesquisa na pós-graduação da UFPB. Seus objetivos estavam voltados para a arquivologia e para a crítica genética. Foi dentro desse projeto que o trabalho foi passado para CD Rom. Nós publicamos quatro catálogos. Fizemos uma exposição de documentos. Saíram livros publicados. Dissertações de mestrado. Trabalhos em Anais, capítulos de livros e, finalmente, a análise do documento de "Meus verdes anos", que, agora, publicamos no CD Rom.
Uma das personagens que você cita no manuscrito é a Safira, que teve uma função na formação do menino Dedé, mas que na publicação final ela recebeu outro nome. Como foi essa descoberta?
Safira é o nome encontrado no manuscrito, mas no texto final do livro, a mesma personagem passou a se chamar Pérola. A personagem aparece, no manuscrito, no fólio 209, e tem o nome de Safira. Permanece na aventura até o fólio 238, quando desaparece da vida de Dedé. Mas, no fólio 214, existe uma letra "P" rasurada, seguida, na linha, do nome Safira. A hipótese é que esse fólio marca a modificação do nome da personagem, que ficará conhecida com Pérola. As análises dessas modificações e seus significados estão no CD Rom.
Como se configura a linguagem de José Lins do Rego?
Em "Movimentos do Discurso de José Lins do Rego" mostramos que o autor, por exemplo, constrói, em várias ocasiões, uma linguagem popular regional como segundo movimento de escritura. Ou seja, o popular regional é uma construção proposital, de acordo com um projeto poético.
Que critérios metodológicos você utilizou nesta pesquisa?
O principal propósito foi verificar como se movimentou a linguagem em construção. Que movimentos o autor realizou na linguagem para construir um determinado discurso. A partir do texto referente, que foi a primeira edição de "Meus Verdes Anos", procuramos investigar no manuscrito as marcas dos movimentos escriturais do autor. Assim, analisamos rasuras, correções, modificações, considerando que o autor estava procurando a otimização do discurso. Procuramos reencontrar José Lins elaborando o texto que desejava entregar ao leitor.
Adriana Crisanto
adriana@jornalonorte.com.br
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