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terça-feira, janeiro 22, 2008

Canhoto da Paraíba respira sem ajuda de aparelhos


O violonista Francisco Soares de Araújo, o Canhoto da Paraíba, foi internado na última quinta-feira (17) com problemas respiratórios. De acordo com boletim assinado pelo médico Lauro Brandão do Hospital Prontolinda, em Olinda (PE), o estado de saúde dele é estável e já respira sem ajuda de aparelhos, está consciente e conversando.

O boletim diz ainda que o músico mantém níveis pressóricos dentro dos parâmetros normais, sem uso de medicação para mantê-la. Os aparelhos que ajudavam Canhoto a respirar foram retirados por volta do 12h30, mas ele continua com o suporte de oxigênio por máscara.

Uma das frases ditas pelo músico foi a de que estaria se sentindo melhor e que gostaria de ficar mais tempo sentado no leito. O médico informou que Canhoto continua internado na UTI por seu quadro ainda merecer cuidados intensivos. Canhoto chegou ao hospital Prontolinda, em Olinda (região metropolitana de Recife) na última quinta com insuficiência respiratória aguda.

Canhoto da Paraíba é um dos mais surpreendentes expoentes da música chorosa brasileira. Seus choros têm um sotaque nordestino delicioso. Seu estilo de tocar é único. Como era obrigado a compartilhar o instrumento com os irmãos, não podia inverter as cordas, o que o fez tocar em um instrumento afinado para destros. O pai não conseguia ensinar-lhe: "Meu filho, tem jeito não. Pra lhe ensinar tem que botá de cabeça pra baixo ou diante de um espelho". Teve que aprender tudo sozinho.

Contam as biografias sobre o músico que em 1959, uma legendária excursão de músicos nordestinos viajou dias de jipe com destino à casa de Jacob do Bandolim no bairro de Jacarepaguá no Rio de Janeiro, onde aconteciam os maiores saraus da época. Reza a lenda, que no primeiro sarau em que se apresentaram para a nata dos músicos brasileiros, Radamés Ganttali ficou tão impressinado que gritou um palavrão e jogou seu copo de cerveja no teto. Para recordar o momento, Jacob nunca limpou a mancha no teto. Considerando o temperamento explosivo de Radamés e Canhoto, a história até é factível, pena que parece que é falsa. Histórias saborosas assim todo mundo deveria acreditar. O fato é que esta reunião foi tão impactante, que um moleque que a assistiu, filho de um dos músicos participantes, resolveu por causa disso aprender música. Hoje ele é conhecido como Paulinho da Viola.

Canhoto da Paraíba reside em Recife, desde 1958. Gravou seu primeiro estando com a carreira já consolidada. O segundo disco, intitulado “Único Amor” foi gravado na Rozenblit. O disco foi relançado em CD, com apoio de João Florentino, dono da rede de lojas Aky Discos e do selo Polysom.

O músico gravou apenas mais dois discos de carreira, ambos antológicos. Em 1977, Paulinho da Viola produziu para a Discos Marcus Pereira o "Com mais de Mil". Esse disco já foi lançado em CD, mas os babacas da EMI trataram de tirar de catálogo quando compraram o acervo da Copacabana. Pela finada Caju Music gravou em 1993, seu último disco, "Pisando em Brasa", com as participações especiais de Rafael Rabello e Paulinho da Viola. Ainda pode-se encontrar este disco em CD pela Kuarup. Em 1998, Canhoto sofre uma isquemia cerebral e ficou com o lado esquerdo do corpo paralisado, impossibilitando-o de tocar.



Adriana Crisanto
Repórter
adriana@jornalonorte.com.br
adrianacrisanto@gmail.com
Foto: Banco da Imagem e do Som